Capítulo 120

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      - Assumo que fiquei com medo, e ainda ficarei se for mais uma vez. - Rio, acariciando sem medo a crina do animal, após sua demonstração de gentileza em se abaixar para que eu descesse. - Mas foi uma experiência incrível, mesmo sentindo que iria colocar pra fora tudo o que comi na Terra. Obrigada pela carona garotão. - Ouço seu relinchar baixo, e assisto fascinada a ave de quatro patas alçar vôo, sumindo no céu escuro. - Agora é a hora.

      Sinto um arrepio pelo corpo quando um vento frio parece atravessar o tecido da minha roupa, me lembrando mais uma vez o quão certa foi minha escolha por uma boa e velha calça batida.

     Conforto, antes do decoro!

      Tenho um sobressalto ao ouvir um som alto e fino de risada atrás de mim, arrisco uma olhada e não vejo nada, porém ouço novamente e encaro o chão.

      Dois seres menores que as minhas pernas andam lado a lado, animados como se estivessem cantando. Mesmo com a pouca luz vinda por entre os troncos, noto que cada um veste uma roupa com estilo parecido, porém de cores diferentes.

     Calça preta e o outro cinza, blusa verde e o outro laranja, tendo como único adereço o chapéu fino e vermelho em suas cabeças, me lembrando os duendes que nos filmes ajudam o Papai Noel.

     Será que...não, não, ou sim??

    ‐ Deixa só, se a gente voltar e aquele feioso estiver perambulando a mina eu vou acabar com ele!
 
    - Calma Morag! Ouviu o chefe, é pra esperar que ele resolve.

    - Como calma?! Eu preciso trabalhar!

     Viro a cabeça com rapidez, ciente de que estava os encarando demais. E tem como não fazer isso?! São...eu nem sei o que eles são, mas tem um tamanho tão miúdo, mesmo o laranja estando visivelmente irritado é impossível não achá-lo, no mínimo, fofo.

     - Eu também! Mas ouça iss-

     - O quê?

     - Ela ali, nunca vi antes.

     - Estamos no meio da mata, no breu, é um gênio por me reconhecer!

     - Não Morag! Eu acho que...ei, você! - Continuo andando entre as árvores, já que pelo tal lugar ser cheio de cavalos esperando seus donos saírem, o pouso ali ficaria complicado,  então o Pégaso desceu em um local mais aberto. - Você! Espere aí!

     - Gobe, você parece um louco, vai cair se correr, olha suas pernas!

     - O que têm minhas pernas?
 
     - São menores que um palito de dente, e olha que eu não uso um. - Sua risada ecoa, mas logo em seguida ouço um tapa. - Você me bateu!

     - Bati. Olha.

     - Me bateu de novo!

     Cesso meus passos quando o barulho dos dois se atracando chama minha atenção, olho pra trás quase rindo da cena, já que ambos estão de pernas pro ar feito tartarugas, se virando para estapear a cara do outro.
     Isso são duendes?? Custo a acreditar!

     - Ei! - Solto, me arrependendo assim que digo, mas não posso evitar, odeio ver brigas, por menores que sejam. Literalmente. - Ei! - Me aproximo rápida, segurando o ombro do ser de roupa verde. - Parem com isso!

     - Oh! Você parou! - Seu olhar violeta brilhante, se foca em meu rosto com um sorriso orgulhoso nos lábios. Ver essa cor de olhar é...novo, sem querer acabo sentando na grama. - Sempre funciona, vem Morag. - Completa e estica a mão para o...amigo? Acho que sim, já que estão ambos sorridentes.

Cinturão de Órion (COMPLETO/REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora