Cinturão de Órion (COMPLETO/REVISÃO)

Capítulo 87

Betel ON

    - Me atrasei? - Questiono assim que me sento em sua frente.

    Resolvi marcar em um restaurante mais afastado do centro, assim corremos menos riscos de sermos vistos por uma certa estrelinha do Arthemis.

    - Tudo bem, mas já pedi meu prato, estava com fome. - Avisa levando a boca outro pedaço de uma carne avermelhada demais.

    - Tudo bem. - Chamo o garçom. - O mesmo prato que ela, mas quero a carne bem passada. - Peço e ele se afasta com um aceno.

    - Não gosta de mal passada?

    - Se precisar escolher, prefiro comer uma comida que não esteja crua. - Arregaço as mangas da blusa e apoio os braços na mesa. - Como anda o que eu pedi?

    - Lembrando que você pediu ontem. - Rebate. Ergo uma sobrancelha impaciente. - Fiz o que pude, senti uma vibração e algumas imagens nevoadas.

    - Nevoadas?

    - Você também conhece a magia, Betel, sabe que não é tudo claro.

    - O quanto você sabe de mim?

    - O suficiente para querer ajudá-los. - Solta misteriosa. Fito seus olhos cinzas, que exalam experiência. - Seus irmãos. - Explica. - Enfim, o tal cara, entregou sim o livro para uma vidente, senti a vibração. Mas ela está morta.

    - E ele?

    - Vivo, e aqui.

    - Na Terra?

    - Sim, precisamente aqui mesmo em Dublin. - Para e solta um sorriso. - Você é tão rodeado de coincidências.

    - Por que diz isso?

    Antes que responda, o garçom volta e deposita um prato de carne com batatas e salada. Agradeço e quando ele já está fora de vista, espero a resposta da vidente.

    - A energia dele, parece se misturar com a da Bellatrix.

      Paro o movimento que estava fazendo com a faca na carne, para encará-la em surpresa sincera.

    - Eu nunca lhe falei da Bellatrix.

    - Não precisa. Eu sei. - Dá de ombros. - Conheci ela no banheiro da delegacia aliás, parecia bem...decepcionada?

    - Isso foi...domingo. - Solto em afirmação.

    - Sim, sim, se lembra, não? - Riu. - A decepção era com você, não era? Cá entre nós Betel, você gosta da garota, então por quê age igual a um bundão?

    - O que mais você viu dele? - Minha resposta ganhou um suspiro impaciente dela, que mesmo sendo nova, em torno de uns 30 anos, me encara como se eu fosse uma criança.

    - Estevan o nome, certo? - Aceno com a cabeça, já que me ocupo do meu jantar. Talvez eu chegue um pouco atrasado para a apresentação do Rígel. - Ele também busca o livro, eu acho.

    - Acha? - Repito com um riso curto.

    - Acho, como disse Betel, não tenho tudo claro. É como um rádio, nem todas as estações pegam.

    - Preciso que pegue, vidas dependem disso.

    - E? - Retruca e limpa a boca com o guardanapo. - Quem era aquele outro com você na delegacia?

    - Como é?

    - Um bonitão, mais baixo e bem sorridente. - Pondera. - Bem bonitão mesmo, mais que você.