Capítulo 49

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    — Anjos também tem heranças. — Justifica calmo. Procuro sem deixar óbvio, qualquer sinal do quão terrível possa ser a verdade. Porém, nada encontro. Sua postura é a de alguém acostumado a situações assim, estar sendo pressionado a agir com rápidez. — Não é Rígel?

    — Claro, herança de família, Betel é muito carinhoso. — Concorda rindo sem graça. Meu pequeno Rígel desvia o olhar, sem vontade alguma de mentir pra mim.

    — Como todos os anjos, uma manteiga derretida. — O loiro completa dando um soco leve no ombro dele.

    — Assim como você irmão! — Betel retruibui o soco.

    — Ah, garanto que você é mais, já passou do ponto de manteiga, virou leite.

    — Vai começar... — Rígel comenta baixo e quando vê que estou olhando pra ele, pisca pra mim.

    — Acredito comigo, que isso é elogio de invejoso. — O moreno retruca virando o olho. O gesto mesmo sendo feito por pura impaciência, me faz pensar em outras situações.

    — Inveja de você? Eu? — Saiph repete teatral colocando a mão no peito. — Não tenho inveja do seu anel de pombo.

    — É uma Fênix. — O irmão corrige balançando a cabeça.

    — É um pássaro do mesmo jeito, espeto de churrasco. — Saiph retruca debochado usando um apelido novo. Eles são criativos.

    — Espeto de churrasco? — Me arrisco ao repetir, afinal, fiquei curiosa.

    — Magro igual um espeto, falta só a carne. — Explica me encarando sereno, tendo um brilho brincalhão na sua íris azul. — Não é Betel?

       Me sinto assistindo um filme, a pipoca é substituída por sorvete.

    — Quer um pouco? — Ofereço para o Rígel uma colher enquanto ouvimos os dois trocarem farpas.

    — Adoraria. — Responde educado, pega o meu pulso e aproxima seu rosto, leva sua boca até a colher cheia de chocolate, sem quebrar nem por um segundo o contato visual. Fico quase hipnotizada olhando seus lábios.

      Sinto uma mão na minha coxa, e mesmo sem ver, sei que é o Betel, pela sensação inconfundível dos anéis em seus dedos.

    — Precisa aprender um pouco mais sobre a Fauna da Terra, cabeça de girassol. — O moreno provoca olhando para o Saiph, sua mão toca minha coxa direita, no meio, alisando com o dedo indicador. Quase igual o que Rígel fez, e mesmo sendo um toque diferente, a reação do meu corpo é a mesma.

      Rígel dá um sorriso de canto e se aproxima do meu ouvido.

    — O toque dele te excita tanto quanto o meu? — Pergunta com a voz rouca e baixa o suficiente para que só eu ouça.

     Sinto meu rosto ficar ainda mais vermelho e um arrepio descer pelo meu corpo. Ele sabe que o Betel está me tocando?

     A mão esquerda do Rígel começa a tocar meu joelho e subir devagar, me causando surpresa e ainda mais prazer.

      Eu não sei o que fazer.

      Tenho vontade de me contorcer nesse maldito sofá acolchoado e sentir as mãos deles em outro lugar. Ao mesmo tempo, quero perguntar que porra eles pensam que estão fazendo, mas não confio em como minha voz vai sair agora.

    — Tem uma professora ótima aqui, certo Bellatrix? — Saiph questiona chamando minha atenção e eu quase pulo do sofá com a surpresa.

       Olho um pouco perdida e tento buscar na memória sobre o que falaram. As mãos continuam me tocando. Chamaria isso de tortura se não fosse tão prazeroso.

Cinturão de Órion (COMPLETO/REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora