Capítulo 66

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    A cozinha ficou em repleto silêncio, apenas era ouvido o ruído distante da televisão, que continuou ligada em algum programa. Até o Teb ficou em silêncio, com exceção do som das suas patas quando pulou do chão para o banco, e depois para o colo da criança.

    — Arthur, e você? — Se apresenta fazendo carinho no gato. Sua voz é calma e seu olhar sustenta o do Rígel.

    — Você...? — Rígel desce a mão, mas continua com uma postura retraída. Suas sobrancelhas se juntam como se tentasse lembrar. — Você é tão...parecido. Onde mora?

    — Na última rua do bairro. — Olho para o pequeno. Me surpreende que ele tenha vindo até aqui. É longe. — Só não sei o nome.

    — Quantos anos tem?

    — Tenho 10. - Olha só, acertei.

    — Onde nasceu? 

    — Rígel, isso é uma entrevista? — Interfiro dando uma risada leve para descontrair esse clima pesado. Me aproximo de Thur e toco seu ombro. — Já está tarde, quer que eu lhe acompanhe até em casa?

    — Não precisa não, Bellatrix.

    — É perigoso, não tem problema. Quer lavar as mãos antes?

    — Eu sou o perigo, eu sou Hulk. — Diz brincalhão. — Quero sim, mas acho que devia ter lavado antes de tocar no Teb.
 
    — Tudo bem, ele se limpa. — Asseguro e como se entendesse, Teb desce do colo dele e se senta um pouco afastado, começando a se lamber em seguida. — Viu? Vamos, eu levo você. — Em resposta ele balança a cabeça e segura meus ombros. Assim que o coloco no chão, pareço o surpreender quando seguro sua mão para andarmos. Mas ele não solta, apenas me olha e continua a andar.

      Quando passo por Rígel, ele não me encara. Seu olhar se mantém fixo no garoto ao meu lado.

     Repito o que fiz antes do filme, ajudando o pequeno a limpar as mãos e até um pouco da boca. Quando voltamos pra cozinha, Rígel está arrumando o que comprou, colocando maçãs e bananas na fruteira em cima da bancada. Ele para o que está fazendo e nos encara.

    — Quer uma fruta, Arthur? — Pergunta encarando o garoto que ainda segura minha mão.

    — Posso? — Thur pergunta me olhando.

    — Você quer? — Retruco e ele responde positivamente com a cabeça. — Então aceite.

     Sua pequena mão se solta da minha e, em passos tranquilos, ele se aproxima do Rígel, que pega uma maçã do cesto e se abaixa, ficando na altura do garoto.

    — Aqui. — Diz segurando a fruta redonda e muito vermelha.
 
      Thur estica sua mão e pega a fruta, enquanto Rígel deita a cabeça para um lado, olhando o garoto.

    — Obrigado senhor.

    — Me chame só de Rígel.
  
    —  Beleza, obrigado Rígel.

     Quando ouço a primeira mordida sendo dada, mesmo não vendo sua feição, seus ombros levantam um pouco.

    — Isso é muito bom!

    — Nunca comeu maçã, Arthur?

    — Não, mas é gostoso.

    — Quer uma banana também?

    — Quero!...por favor. — Completa e depois se vira para trás e me olha com um sorriso.

      Me aproximo e afago sua cabeça, sob o olhar atento do Rígel. O pequeno esboça um sorriso grande ao pegar a banana. Não perde tempo e já descasca, levando à boca. Acabo sorrindo com sua felicidade.

Cinturão de Órion (COMPLETO/REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora