Capítulo 56

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    — Morango? — Betel pergunta confuso assim que vê o conteúdo. As frutas dentro da pequena caixinha, são redondas e de um vermelho tão forte, que me dão água na boca. Os pontinhos brancos de sementes, são o toque final nessa obra de arte. — Pensei que seriam chocolates. — Completa ranzinza.

      Já Saiph nem sai da cozinha tamanho o seu nível de desinteresse.

    — Lê em voz alta. — Rígel pede com um sorriso largo.

    — "Não se renda diante das dificuldades. Todos temos dias ruins. Respire fundo e siga em frente, não está sozinha, independente do que acontecer." — Leio com calma e acabo soltando um sorriso. — "Ps, cuide da sua saúde".

    — Profundo e sombrio. — Betel comenta calmo indo até a cozinha.

    — Sombrio? — Repito confusa.

    — Claro, você não sabe quem é, nunca viu a pessoa de perto, e essa mensagem, junto com os morangos, deixa óbvio que quem enviou sabe do seu estado. — Explica pegando uma bacia para colocar os...espinafres.

    — Nem faça essa careta, vai comer tudo, Bellatrix. — Saiph avisa e só agora percebo que está sentado no balcão me olhando.

    — Não fiz careta nenhuma. — Digo emburrada e ouço o desaforado rir. — E Betel, se a pessoa está tão perto é melhor ainda, me sinto uma detetive.

    — Mas é uma civil, Ella. — Rígel retruca colocando uma mão no meu ombro, para em seguida depositar um beijo na minha cabeça. — Então precisa ter cuidado.

    — Cuidado, cuidado. — Repito suspirando. Quando se afasta, o sigo até a cozinha com a curiosidade impregnada na minha expressão. — O que estão fazendo?

    — Pensei em fazer um Ratatouille — Rígel responde voltando pra pia, onde lava algumas berinjelas. — Já comeu?

    — Eu nem sabia que existia de verdade. — Comento olhando por cima do seu ombro. — Pegou do filme??

    — Enquanto pesquisava algumas receitas com bastante legumes, me deparei com ela. — Justifica despreocupado, começando a cortar a berinjela. Por fora tão preta e limpa, que parece brilhar, já por dentro fica evidente a diferença de cor a medida que separa as fatias. Como consegue cortar tão fininho, sem deixar tudo disforme??

    — Mas ela não é só legumes? — Questiono torcendo o nariz.

    — Tudo que você precisa agora. — Retruca não dando a minima, para a minha fome por carne. — Como acompanhamento, um purê de batatas...isso claro, se os dois deixarem as batatas inteiras. — Completa virando um pouco a cabeça para encará-los.

    — Os dois?? — Betel repete apontando pra si mesmo, depois para o Saiph. — Ele que não sabe o que significa descascar.

    — Eu?? — O loiro retruca rindo alto. — Eu sei o significado, Betel.

    — Des-cas-car. Repete comigo. É tirar a casca. Só a casca e, não metade da batata! — Provoca com calma encarando-o, ao cuidar do que sobrou das batatas.

    — E isso ai? A batata está se tornando um amendoim na sua mão! — Saiph retruca descendo da bancada e indo até o irmão ruim de corte.

    — Ela era pequena! — Betel se defende, mas é visível que a batata era três vezes maior do que está.

    — Dá aqui. — O loiro intervém pegando a faca da mão do Betel e começa a descascar outra.

      Eu imaginava que na cozinha era um desastre, desde pequena tentando fazer algo gostoso ou que não ficasse torrado. Mas vendo eles, tenho certeza que não sou tão ruim assim.

Cinturão de Órion (COMPLETO/REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora