Cinturão de Órion (COMPLETO/REVISÃO)

Capítulo 44

Saiph ON

      Qual o problema deles?

      Saio da casa da Bellatrix, na intenção de evitar que Rígel cause uma explosão ali, e claro, por ter odiado essa acusação patética.
       Entro no carro e rodo a chave, acelerando e saindo rápido da frente daquela casa.

      Agora eles vão pensar que tudo de negativo que envolve ela, é minha culpa?? Mas que porra! Aquela mulher não é um pedaço de vidro, para que eu quebre com tanta facilidade assim!
 
      Tento buscar na memória cada palavra que eu disse enquanto estive ali e nada, absolutamente nada, nada que possa tê-la machucado. E eu nem pensaria em fazer propositalmente, gostei da sua companhia. Não faria algo de ruim para estragar o momento.

      Com o pé no acelerador, consigo passar sem problemas pelo sinal amarelo. Não sei o porquê exato, mas quero me afastar o máximo que posso. E mesmo já estando até em outro bairro e provavelmente ganhando algumas multas por excesso de velocidade, ainda não me sinto satisfeito. Inferno.

×

       Assim que chego no hotel, paro o carro e desço, sentindo o meu humor dez vezes pior do que normalmente é. Passo pela recepção e alcanço minha sala, alguns andares acima.
      A planta desse hotel era um desastre, o pouco que pude fazer ainda não me satisfez por completo. Um lugar pequeno, com uma vista menor ainda, contendo apenas prédios e comércio. Como esses humanos suportam uma vida dessas?

    — Posso entrar? — A voz fina soa pela sala. Como a reconheço de primeira, não me dou ao trabalho de olhar, ou serei taxado como um "homem mal, que faz mulheres chorarem."

   — Já entrou.

    — Algum problema? Parece estressado—

    — Nenhum que seja da sua conta. — Suspiro. — Deseja algo?

    — Quer uma massagem? — Vanessa sugere, com uma voz alegre demais para os meus ouvidos.

    — Não. — Me limito sério, sem olhar no seu rosto enquanto ligo o laptop. Estou farto do dia de hoje, só preciso ficar sentando aqui e olhar para essa tela brilhante, gastando a saúde dos meus olhos.  — Algo marcado pra hoje?

    — Nada de grande importância, tudo já foi resolvido de tarde, na reunião depois do almoço. — Explica se aproximando da minha mesa, me fazendo ouvir o som repetido dos seus saltos.

      Por que será que a garota começou a chorar?

      Assim que me virei e vi seu rosto molhado por lágrimas, minha primeira vontade foi de abraçar seu corpo pequeno e tentar ajudar de alguma forma.
   
     O que é idiota, um abraço não tem tanto poder assim.

     Quando Rígel me culpou, uma raiva cresceu tanto por ele, quanto por quem a fez chorar. Ou seja, no caso eu. Mas pensando agora, eu não tive culpa. Eu sou inocente, certo?

       Afasto meu corpo da mesa, soltando um suspiro alto, seria magnífico se meus temores fossem embora junto com o ar.
      Passo ambas as mãos no rosto, terminando em minha barba, que não aparo a mais de uma semana. Não está enorme, mas se comparado a dos meus irmãos, sim.
      E só então, depois de abrir os olhos, percebo que a Vanessa continua ali, parada me olhando feito uma alma penada. Eu mereço.

    — Pode sair. — Aviso apontando, com a cabeça, na direção da porta.

    — Tem certeza? — Rebate devagar e melosa, dando a volta na mesa até parar do meu lado. — Posso lhe ajudar a desestressar.