Capítulo 123

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4 dias depois.

Betel ON

    - Senhor, eles chegaram, já os direcionei para a sala de reunião coloquial. Devo convocar mais alguém?

    - Não. Vieram todos os 3?
 
    - Sim, senhor.

    - Ótimo. - Rodo a caneta no dedo, depositando o objeto ao lado da pilha de papéis, que consegui atualizar em um tempo recorde. É fato, que se você trabalha com algo em mente, se torna ainda mais efetivo. - Anuncie minha entrada, já estou indo.

    - Sim, senhor. Com licença.

        Levanto da cadeira, levando junto o sobretudo castanho, um presente que tia Freda me deu há dois dias, antes de sairmos da sua casa. Precisei adiantar nossa ida para meu castelo no campo, pois vai ser preciso tomar ainda mais cuidado com a gravidez da Ella, já que passou por aquele portal.
    Se eu soubesse antes, nunca teria voltado, pelo menos até acompanhar de perto todos os nove meses da gestação.

      Tento conter o sorriso ao andar pelos corredores, ciente dos olhares de respeito na minha direção.

      Queria estar em casa, brincando com minha namorada e meus filhos, pois mesmo que o outro não tenha nascido, não consigo evitar as conversas retóricas com a barriga - ainda sem tamanho - dela.

      Respiro fundo, sentindo o cansaço de enfrentar essa reunião, antes mesmo de começar.

    - Príncipe Betel Von Müjer! - O homem avisa com seriedade para que todos na sala ouçam. Me aproximo da mesa, que olhando agora depois de ler tantos livros da Terra, pode ser comparada com a Távola Redonda.

    O significado é o mesmo, uma mesa longa e circular, evitando ter uma ponta, para que todos conversem de igual pra igual. Uma tática útil pra evitar o nervosismo dos novatos em alguma apresentação, ou visita. Mas péssima, quando sua intenção é a de intimidar.

     Claro que essa não é a minha vontade, por mais que acabe deixando aparentar no tom de voz e palavras. Afinal, eu planejei essa reunião com o intuito de paz, porém não me vejo obrigado a gostar desses homens.

     - Com licença! - O mesmo avisa, se retirando em seguida. Na sala ficam apenas os três anciãos e dois guardas reais, ambos atrás de mim.

     - Senhores. - Cumprimento e estico a mão, permitindo que se sentem após levantarem em respeito. Pelo menos isso eles aprenderam. Tiro o sobretudo, o deixando no encosto da cadeira antes de me sentar.

     - Devo admitir, príncipe. - O mais novo dos três começa, seu bigode de esquilo se mexe à medida que vai falando. - Tem coragem de nos chamar aqui depois do que fez ao nosso rei.

     - Não diria coragem. - Corrijo, me encostando na cadeira. Logo de cara seu tom de voz não me agradou nem um pouco, pessoas como ele são antipáticas ao ponto de exalar isso com um olhar só. - E sim profissionalismo. Creio que já devam imaginar o porquê dessa convocação.

    - Nos prender nessa sala com alguma magia satânica, até nossa morte? - O mais alto e careca brinca, uma piada que só ele e o barba de esquilo vêem graça.

    - Isso seria um ato bárbaro. - Suspiro. Todas as alianças que criei ou fortaleci até agora, foram usando um equilíbrio entre o casual e polido. Entretanto, essa em questão pretendo manter o mais profissional possível. - E Fênix preza pela atuação mais justa possível.

     - Está nos chamando de criminosos? - Quase ia o chamando de esquilo, porém me esforço pra lembrar seu nome.

     - Caro Silon, essa conclusão tirou por conta própria, mas não disse na intenção de ofender. - Em outras palavras, isso é uma forma educada de dizer: "Se a carapuça serviu". - O pergaminho na frente de cada um, tem por escrito todas as condições. - O único a de fato abrir com interesse é o mais velho, que se não me engano se chama Kappa, e até agora não pronunciou uma palavra sequer.

Cinturão de Órion (COMPLETO/REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora