Capítulo 109

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    - Essa cadeira de rodas me deixou tão invisível assim, Bellatrix?

    - Este...van?

    - Só estou sentado aqui, pois sua prima insistiu, a Rot claro. - Resmunga e começa apoiar a mão no braço da cadeira. Só noto que parei de respirar, quando o ar solta todo de uma vez.

     Não sei em que momento Arthur me soltou, não gravei nada, nem sequer pensei em falar algo. Saí da cama em um pulo, foda-se o frio que senti nos pés e até nas pernas, por conta da roupa do hospital. Quase nos levo ao chão quando passo as mãos nas costas dele, fincando meus dedos na blusa de lã azul que usa.

      A última vez que chorei desse jeito, foi quando tive certeza que esse homem na minha frente tinha sido levado ao céu, de uma forma cruel.
    
      Mas ele não morreu. Não morreu. Estevan não morreu. Meu tio está vivo! Não é um espírito, não é. Eu sinto seu corpo, sua mão retribuindo o abraço, seu cheiro, o perfume que tanto me lembra o campo.

     Viro a cabeça, sentindo o nariz entupido e os olhos ardendo, mas um sorriso brota nos meus lábios assim que ouço e sinto o que pretendia.

    Tum. Tum. Tum.

    Céus, me sinto uma criança! Agora sim estou sorrindo, porra, eu estou é rindo! Meu Deus! Ele está vivo. Está bem aqui, não foi explodido! Arthemis não tirou ele de mim!

    - Você está vivo. - Sussurro descendo as mãos pra enlaçar na sua cintura. - Você está vivo. - Repito e começo a rir, ouvindo seu riso curto também. - Não é um sonho! - Exaspero e levanto a cabeça. Puta que pariu. Não, pera, se eu xingar isso, estaria xingando minha vó? Puta que pariu, sim! Não, não. Quer saber? Não importa. Porra, isso não importa! Ele está vivo! - Você está aqui. - Digo o óbvio e ele segura meu rosto com ambas as mãos, limpando as lágrimas. Fecho os olhos com o gesto. - Não está morto.

    - Como eu poderia? - Retruca com carinho, a voz carregada. Fito seu rosto, os pequenos e brilhantes olhos que pensei que nunca mais veria. - Sou sua família, disse que estaria aqui por você, lembra?

    - Sim. - Pigarreio, sem ousar soltá-lo. - Eu lembro sim.

    - Nunca duvide disso, Bella. - Sorri largo, alisando minha bochecha.

    - Mas como...? Eu vi o galpão explodir! Não sobrou nada, Arthemis disse que matou você!

    - Arthemis é um belo mentiroso, pequena. A única coisa boa que ele fez para o mundo, foi Arthur. - Sorri, olhando sobre o meu ombro. Repito seu ato, vendo Thur sentado nos olhando, as duas pernas balançando sem tocar no chão. - Foi graças a esse anjinho que estou aqui.

    - O quê...? Como?! - Troco o olhar entre os dois, que sorriem um pro outro. O que aconteceu?!

    - No meio da explosão, juro que pensei ser o fim, Bella. E eu estava até aceitando isso, pois sabia que você estava rodeada de pessoas que a amam, e cuidaria bem das suas primas. - Estevan começa a falar e me forço a acompanhar, ciente do tremor de emoção nas mãos. Ele está vivo, e isso ainda parece entrar na minha cabeça. - Mas aquele pequeno ali, agora seu filho. - Completa sorrindo carinhoso pra mim. - Me salvou.

    - Como??

    - Meu pai tinha me dado um vidrinho com um pouco de poder, que eu achei ser aquele que roubou do Saiph, eu já tinha me escondido antes pra ver como ele usa. - Dá de ombros, fitando meu rosto com segurança. Esse garoto me dá orgulho. - Então na luta, eu vi o tio Estevan mal, aquela coisa roxa ajudando ele tava quebrando. Então eu abri o vidrinho e saiu um negócio branco.

    - Mas o poder do Saiph é azul... - Comento fitando meu tio.

    - Ai eu descobri que não era do pernudo.

Cinturão de Órion (COMPLETO/REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora