Capítulo 108

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   - Cheguei crianças, comprei uma roupa pra quando Bellatrix receber alta.

    - Isso é bom Saiph, mas ela acordou por poucos minutos e isso foi de manhã. - A voz do Rígel está muito perto, como se estivesse do meu lado, e tenho certeza disso quando sinto o toque dos seus dedos na minha mão.

    - Sim, mas foi o suficiente pra sair da UTI.

    - Só vou ficar tranquilo quando os novos exames que o Heitor fez, não indicarem nenhuma sequela. - Betel murmura de algum canto da sala.

     Não digo nada, continuo com os olhos fechados.

     Aprecio a voz de cada um deles, é como uma música para os meus ouvidos, ou ligar a luz quando você precisa ir no banheiro de noite e só vê um corredor escuro.

      Quando acordei de manhã, a primeira imagem que vi foi a cara peluda do Teb me encarando, os olhos amarelos brilhando. Se havia alguma dúvida de que tudo que passei foi um sonho sem nenhuma lembrança real, sumiu quando o encarei de volta, algo nele me dizia que tudo não passou da mais pura realidade.

     Depois disso, ouvi um praguejar alto e impactado do Betel, o moreno arregalou os olhos e levantou em um pulo chamando por um médico.
    E eu? Tirei o respirador da cara, pronta pra dizer seu nome, mas como se não bastasse o tanto que fiquei inerte, acabei apagando de novo.

    - Larga de frescura porra. - Ai está, o inconfundível tom impaciente do loiro. - Ela abriu os olhos, isso pra mim já foi tudo. Agora vejam isso. - Uso essa deixa pra abrir os olhos. Pisco algumas vezes, focando primeiro na luz forte do teto, me lembrando o quão branco um hospital consegue ser. Logo depois, arrumo a cabeça de uma forma que eu consiga vê-los, sem chamar tanta atenção.

      Betel está em pé nos pés da cama, os braços cruzados e uma expressão carregada, deixando nítido que não descansa há um bom tempo. Já Saiph está de frente pra ele, meu sorriso começa a nascer quando vejo o que ele segura na frente do corpo.
     O tecido parece leve e com detalhes em renda nas alças e nas pontas, o vestido branco que ele orgulhosamente exibe grudado na frente do corpo, o deixa um pouco fofo.

    - Fica bem em você irmão, não é reclamando não, mas suas pernas se comparam às de um poodle mal tosado, fora que você não tem um pingo de classe pra usar isso. - O tom de voz do Betel pinga sarcasmo.

    - Não é pra mim animal. E quem disse que eu não tenho classe?

    - Sabe andar de salto?

    - Não.

    - Viu?

    - Que merda de raciocínio é esse? Um salto não vai me tornar uma dama da sociedade, eu tenho modos.

    - E acha que ter modos vai te tornar uma?

    - Seria uma rainha melhor que você. - Ralha e estica o vestido. - Olha o material disso cara, parece seda, imagina uma cueca disso?

      Ao ver ambos assim de perfil, posso notar as mudanças de cada detalhe em suas expressões, e a saudade que senti do rosto deles, não se pode colocar em palavras. Parece que estou sonhando, mas desse sonho não pretendo acordar.

     Sinto um aperto na minha mão, quando viro a cabeça pro lado, vejo o sorriso largo e feliz do Rígel, que me encara com um olhar de tirar o fôlego. Como se pra ele, tudo o que mais importasse agora nesse exato momento...fosse eu.

    Retribuo seu sorriso, e ele alarga ainda mais o seu. Levanta minha mão aos poucos, levando o dorso até a boca pra depositar um beijo demorado. Esse gesto aqueceu meu coração e arrepiou meu corpo. Pelo jeito ficar inconsciente não me tirou a libido.

Cinturão de Órion (COMPLETO/REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora