• dias ruins •

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Eu não queria que aquilo tivesse acontecido. Não queria ter visto o coração da minha mãe se partir e ela ter que catar cada pedacinho apenas por conta de uma rola murcha. Não queria ter visto a inspiração do meu irmão mais velho indo embora e o deixando solitário.

Não queria. Mas vi. Mas aconteceu.

Hoje se completam dois anos que meu pai foi embora, deixando pra gente - sua até então família - uma pilha de dívidas com um agiota idiota que até hoje eu morro de vontade de dar uma surra.

Não é o sentimento de saudade que vêm quando eu penso nisso. Mas o de raiva. O de rancor e mágoa. Eu acho que nunca odiei alguém como odeio ele, e isso é nítido apenas no modo que fico quando alguém menciona algo sobre ele.

Em meio aos meus devaneios, não escuto a porta do meu quarto ser aberta, e muito menos o peso novo que se faz presente na minha cama. Sobressalto quando um braço prende minha cintura e me puxa pra trás. Respiro aliviada quando reconheço o cheiro.

— Como entrou? - pergunto baixinho, deitando em seu peito, sem olhá-lo. — Me lembro de ter trancado a porta.

— Eu bati acho que uma cinco vezes e você não abriu, por isso resolvi entrar por minha conta mesmo. - dá de ombros, nos balançando suavemente, sem desgrudar seu peitoral de minhas costas.

— Você arrombou a porta do meu quarto? - questiono risonha, meio incrédula. Esse cara é inacreditável.

— Prefiro chamar de interrupção não definitiva. - franzo o cenho em confusão.

— Isso não fez o mínimo sentido.

— Ah foda-se. - rio, negando com a cabeça. — Você tá distraída.

— Tô.

— Quer conversar sobre isso? - suspiro, fechando os olhos.

— Eu te contei sobre o meu pai?

— Só que ele foi embora.

— Ele abandonou a gente. Eu, minha mãe e meus irmãos. E, ainda por cima, deixou um monte de dívidas para pagarmos para um agiota. - suspiro, sentindo ele prender meu corpo mais forte. — Tenho pensado nisso.

— Por que? - o rosto colado ao lado do meu.

— Porque hoje se completa 2 anos que ele foi embora. - sinto seu dedo limpar uma lágrima que escorre.

— Você tá chorando amor. - sussurra mansamente.

— Eu odeio ele.

Ficamos em silêncio por um tempo, com ele me balançando e deixando beijinhos em meu ombro, me confortando.

— O que eu posso fazer pra melhorar o seu dia? - sorrio, limpando o rastro já seco de lágrimas do rosto. Me viro pra olhá-lo.

— Assiste Brooklyn Nine-Nine comigo. - ele sorri, me puxando e me dando um selinho.

— Assisto.

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beso 💋

𝐁𝐀𝐊𝐔𝐆𝐎 𝐊𝐀𝐓𝐒𝐔𝐊𝐈, 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐧𝐚𝐦𝐨𝐫𝐚𝐝𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora