• pressentimento de mãe •

6.3K 524 626
                                    

— Devil, tudo certo na área sul? - reprimo o revirar de olhos quando ouço a voz de Enjibosta pela escuta. É inevitável, eu não gosto do cara.

— Sim, nenhuma movimentação suspeita. - olho ao redor, encarando os becos e ruas mais estreitas com olhos de gavião. — Na verdade é até estranho. Essa área é a que mais dá problema...

— Continua a patrulha. Se vir algo suspeito me contate. - e depois disso não ouvi mais a voz dele.

— Se vir algo suspeito me contate. - gonguei sua frase, imitando baixinho. Respirei fundo, resolvendo sair das ruas e ir para um lugar mais alto. Pulo de prédio em prédio, parando em um relativamente alto e olhando pra baixo, em busca de qualquer atividade criminosa. — Hoje tá tão quieto. Nem mesmo teve assalto. - murmuro pra mim mesma.

Despreocupadamente pego meu celular, reconhecendo o número da minha mãe brilhando no ecrã.

— Oi filha. - sorrio ao ouvir sua voz.

— Oi mãe, tá bem? - ando na beirada do prédio, observando atentamente lá embaixo.

— Tô, mas liguei pra saber se você está bem. - estranhei o tom da sua voz.

— Como assim? Claro que eu estou bem mãe.

— Tem certeza filha? - parecendo mais preocupada do que antes.

— Tenho mãe, por que? Aconteceu alguma coisa? Você tá estranha. - ouço ela suspirar.

— Desde manhã eu tô sentindo uma sensação esquisita no peito. - sua voz falha. — E só consigo pensar em você filha, tô preocupada.

— Mãe, fica tranquila. Se for pra alguma coisa acontecer, vai acontecer.

— Nossa, me ajudou muito S/N. - rio, visualizando bonitinho ela revirando os olhos pra mim.

— Ué, queria que eu dissesse o que? É verdade, a gente não tem controle sobre essas coisas.

— Eu sei mas...só toma cuidado tá? Você sabe que quando eu pressinto algo, coisas acontecem.

— Ok mãe, eu vou tomar cuidado, prometo. - me despeço, desligando o celular. Percebo a presença atrás de mim tarde demais, e por um momento, me pergunto se era sobre isso que minha mãe se referia quando disse estar pressentindo coisas.

— Bom dia querida. - me viro depressa, mas no momento em que olho em seus olhos, sinto uma pancada em minha nuca. — Bons sonhos. - e apago.

~~~

Acordo no meio do caminho, com meu corpo balançando e um saco preto na cabeça. Reviro os olhos. Que clichê.

Reprimo o resmungo por não querer que eles notem que eu já estou acordada, mas minha cabeça lateja para um santo caralho. Uh, certeza que tive uma concussão.

— Até que foi bem fácil pegar ela. - ouço a voz de um deles. Noto pela diferença de calor e as sombras através do saco, são três homens. O quarto provavelmente está dirigindo. — Depois de ouvir o chefe falar tudo aquilo dela, esperava mais.

Claro, porque é muito fácil prever um ataque surpresa.

—Tsc, não subestime ela. Sabe que se não a tivéssemos surpreendido você provavelmente estaria morto agora. - disse outro, aquele que mantinha minhas mãos quietas, mesmo que eu estivesse algemada.

Ah, mas você pode ter certeza disso.

— Acha que ele deixaria a gente brincar com ela um pouco? - sinto nojo ao ouvir as seguintes palavras. — É um desperdício não usar esse corpinho. - estremeço ao sentir o toque gelado do que acho ser uma lâmina em meu braço, descendo até alcançar minha bunda.

𝐁𝐀𝐊𝐔𝐆𝐎 𝐊𝐀𝐓𝐒𝐔𝐊𝐈, 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐧𝐚𝐦𝐨𝐫𝐚𝐝𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora