CAPÍTULO ONZE

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LEONARDO

Acordo no outro dia com uma dor de cabeça horrível, meus olhos arderam quando eu os abri e minha única vontade era de não levantar da cama.

Não sei como vim parar no meu quarto na casa que divido com os meninos, na verdade não lembro de muita coisa de ontem à noite. A única coisa que lembro é de ter bebido bastante e ter ficado muito, muito bêbado.

Algumas lembranças vêm à mente, mas nada tão interessante, mas sinto que aconteceu algo que não estou lembrando. Sabe quando você sente que fez algo, mas não lembra o que? Vocês já ficaram bêbedos a esse ponto? Ou simplesmente esqueceram de algo?

Só me lembro de ter dançando bastante também junto com os meninos. Coço os olhos e busco forças dentro de mim para levantar da cama. Cara, estou com uma puta ressaca.

Ainda meio grogue vou até o banheiro, assim que entro vejo meu reflexo no espelho e eu estava destruído. Rosto amassado, cabelos arrepiados, olhos inchados e com gosto ruim na boca.

Fico me olhando no espelho, sabe quando você simplesmente para e fica pensando em nada, tipo sua mente viaja e você fica parado olhando para o nada.

Escovo os dentes e logo depois tomo banho gelado para afastar um pouco a dor de cabeça e a ressaca. Foi uma luta para eu entrar embaixo do chuveiro porque eu não gosto muito de água gelada. Mas sabia que era preciso.

Deixo a água molhar meu corpo e levar aquela sensação de ressaca e cansaço. Estava tudo muito bom e relaxante, mas eu precisava saber o que aconteceu ontem à noite e saber principalmente como cheguei em casa.

Saio do banheiro com a toalha branca enrolada na cintura e coloco uma roupa confortável para usar. Já que estou em casa, não preciso me vestir tão bem, então uma calça moletom e uma camiseta estava ótimo.

Depois de arrumado saio para ver se os meninos já estão acordados, mas me decepciona ao ver que não. Já eram quase duas da tarde. Os únicos que estavam na casa acordados eram Íris, Elton e a Thaís.

– Bom dia Íris. – Falo com a voz meio rouca devido a... Bem, vocês sabem. Ela estava na cozinha preparando o café da tarde porque o da manhã já passou a muito tempo.

– Oi Léo, nem sabia que você tinha voltado. Como você está? – Pergunta me olhando com um sorriso. Uma pena eu não gostar de café porque ele é ótimo para tirar ressaca.

– Voltei ontem, estou com uma ressaca do cacete e uma dor de cabeça horrível. Tem remédio? – Falo me sentando no balcão e Irene me olha pensativa.

– Tem dentro da minha bolsa. Termina isso aqui que vou lá pegar pra você. – Ela fala me indicando o passador de café. Desço do balcão e pego o passador de café da mão dela, só de sentir o cheiro dessa coisa me dar um embrulho no estômago.

Do nada me dar uma vontade de vomitar e eu não consigo segurar, tudo isso por causa do excesso de bebida no organismo. Nunca bebam tanto, é horrível no outro dia. Íris vendo o que iria acontecer foi rápida o suficiente e pegou o passador de café da minha mão.

Corri para a pia e vomitei todo o líquido que me fez ficar nessa situação, o gosto de vômito é horrível demais. Vomito tanto que minha barriga chega a doer de tanto esforço que faço para colocar tudo aquilo para fora.

Íris passa a mão na minha costa em sentido contrário, minha garganta parecia queimar e Íris fazia careta ao meu lado. Pelo amor de Deus, isso literalmente acaba com uma pessoa. Minhas forças pareciam ter sumido enquanto mais uma onda de vômito me atinge.

– Nossa Léo, tem certeza que tá bem? – Íris pergunta ligando a torneira para limpar a pia.

– Tô, só é por causa da bebida. – Falo com a voz ainda mais rouca do que estava. Íris estala a língua entre os dentes.

– Fica aqui que já volto com o remédio para você. – Fala saindo da cozinha, não sei onde ela foi. Mas naquele momento só queria que aquele enjoo passasse logo. Vomitar é umas das piores sensações que já senti na vida.

Limpo meus olhos que estão cheios de lágrimas devido ao vômito. Logo outra onda de ânsia me faz curvar o corpo e vomitar mais líquido. Gente, não lembro de ter tomado tanto líquido assim ontem à noite. Eu nunca mais vou beber tanto.

Íris volta apressada para a cozinha trazendo consigo um comprido na mão, Íris sempre tão bem preparada para qualquer coisa. Eu a admiro muito.

– Aqui, toma Léo. – Fala me entregando o comprimido que sem pensar duas vezes coloco na boca e aproveito que a torneira da ligada e faço uma concha com a mão e levo água até minha boca.

Minha boca estava com gosto horrível e minha garganta parecia uma lixa de tão áspera que estava.

– Obrigado tia Íris. – Falo pegando água e jogando no rosto. Aproveito para limpar um pouco a boca também.

– De nada, o que você fez pra estar assim? – Ela me pergunta de cenho franzido e eu a olho meio de lado.

– Talvez, só talvez, eu tenha bebido demais ontem. – Falo e ela nega com a cabeça.

– Imagino o quanto seja esse talvez. – Fala me fazendo rir. Parece que a vontade de vomitar passou, também se não passasse com o tanto que vomitei não pararia nunca.

– Vou escovar os dentes para tirar esse gosto ruim da boca. – Falo indo até as escadas, Íris fala um simples "Vai lá." Subo as escadas rapidamente para tirar urgentemente esse gosto de vômito da boca, que coisa ruim da . Passo pela Dani que estava mexendo algo no PC e a cumprimento, ela me cumprimenta de volta.

Quando entro no corredor dos quartos, vejo que Renato vem saindo do quarto dele. Ele está de cabeça baixa e quando me olha trava no lugar. Não sei porquê de sua atitude, mas ele me olhou com tanto receio e medo que até engoliu em seco. Franzi o cenho para a atitude dele.

Renato estava usando as roupas da sua loja online e estava lindo, como sempre. Seus olhos estão levemente inchados e seus lábios mais rosados que o normal.

Meu coração acelera como nunca antes, sinto um nervosismo, mas não sei o porquê. Renato me olha de cima a baixo e seu olhar transmitia medo e insegurança. O porquê eu não sabia.

Lembra que falei que sentia que tinha feito algo, mas não lembrava? Então, quando olhei para os olhos daquele moreno que tanto amo, algumas lembranças voltaram. Vocês já tiveram isso? De lembrar de algo só olhando para a pessoa?

Eu fiquei desesperado na hora, lembrei de um cara querendo me roubar um beijo e Renato me puxando instantes antes do cara me beijar, meu Deus eu iria beijar um cara na frente dos meus amigos? E o pior não foi isso, não mesmo. A lembrança seguinte me fez querer cavar um buraco, me enfiar lá dentro e nunca mais sair.

Renato me puxa para o banheiro e começamos a discutir e do nada – meu Deus não acredito que fiz isso – o beijei. Ai droga, que merda eu fiz?

Arregalo os olhos com a lembrança, minha respiração acelera e sem ter coragem de olhar na cara de Renato entro para o meu quarto. Encosto a costa na porta e desliso na mesma até me sentar no chão.

De repente sou atingido pela culpa, remorso, dúvida e medo. Meus olhos ardem com as lágrimas que querem vir à tona. Me lembrei que falei que não seria hipócrita e faria o mesmo que Nicole fez comigo ou participaria de uma traição, mas eu fiz meu melhor amigo trair a namorada dele.

Começo a chorar com a culpa me consumindo, eu não queria ser igual a Nicole, não sei porque fiz aquilo, foi no calor do momento, solto um soluço sofrido e deixo as lágrimas descerem sem controle.

Eu não acredito que fiz a maior besteira da minha vida. Renato nunca mais vai querer olhar na minha cara. Outro soluço sai dos meus lábios e coloco as mãos na cabeça.

– Por favor que seja só coisa da minha cabeça, por favor. – Falo em meio ao choro, mas tenho quase certeza de que aquilo realmente aconteceu. E a reação do Renato ao me ver, só prova que realmente aconteceu.

Meu Melhor Amigo (RETIRADO EM BREVE)Onde histórias criam vida. Descubra agora