LEONARDO
Sabe quando você chora e a vontade de chorar não vai embora. Quando você tenta parar, o choro volta te quebrando em pedaços novamente.
Não sei ao certo quantos minutos fiquei sentado no chão do meu quarto, mas as lágrimas não paravam de descer dos meus olhos que já estavam vermelhos e inchados. Quer dizer, mais inchados ainda do que quando acordei hoje.
A culpa estava me consumindo por dentro. Em pensamento eu estava me xingando de todos os nomes possíveis e que lembrei no momento. Naquele momento eu só conseguia chorar e chorar sem parar.
Não foi assim que planejei que Renato descobrisse que eu gosto dele de uma forma diferente. Eu queria gritar para ver se aquele aperto do meu peito passava. Estava com vergonha de mim mesmo.
– O que eu fiz cara? – Pergunto a mim mesmo, mas logo outra onda de choro me atingi me fazendo soluçar. Espero que ninguém escute meus soluços, porque não quero que alguém me veja assim, eles iriam perguntar o porquê e eu não teria coragem de falar. – Burro, burro, burro. – Me xingo batendo as mãos na minha cabeça e por seguinte puxei alguns fios de cabelos que me causaram dor, mas não chegava nem perto da dor que estava sentindo no meu peito.
Eu queria morrer naquele momento, ou então simplesmente sumir da face da Terra. Eu não teria coragem de olhar na cara do Renato ou da Dayana novamente. – Meu Deus que vergonha. – Falo e as lágrimas pingam do meu rosto, já não sabia mais o que pensar. A verdade é que eu estava me odiando com todas as minhas forças.
Eu chorava, mas aquele aperto no peito não sumia, já estava tremendo de tanto chorar. Meu corpo já estava cansando, mas dos meus olhos não paravam de descer lágrimas sofridas.
Me levantei do chão me apoiando nas paredes, eu não estava brincando quando disse que meu corpo estava exausto. Só queria que a noite de ontem sumisse ou então que Renato esquecesse do que aconteceu. Mas sei que isso é impossível. A merda já estava feita e não podia voltar atrás.
Me jogo na minha cama e viro-me de costas para a porta. Juro para vocês que tentei parar de chorar com todas as minhas forças, mas aquilo estava doendo demais. A forma como Renato me olhou vem a minha mente a todo instante.
O que será que ele está pensando de mim? Ele deve estar me odiando agora, talvez nem queria olhar na minha cara. Alguns pensamentos que talvez Renato estivesse pensando sobre mim me faziam sentir aquele aperto no peito crescer tanto que não suportei segurar o grito que estava entalado em minha garganta.
Para que ninguém ouvisse abafei o grito com o travesseiro. Eu mesmo não consigo me perdoar pelo que eu fiz. Não é só por Renato ter descoberto de uma forma tão incerta, mas também pelo peso na consciência de que EU fiz meu amigo trair a namorada dele, sendo que eu sei o quanto isso machuca.
Dayana não merece isso, não merece mesmo. “Eu sou um ser humano horrível.” penso em meio as lágrimas. Meu corpo tremia muito devido ao excesso de choro. Sério gente, eu não conseguia parar. Meu corpo dizia: chega. Mas meus olhos teimavam em continuar a chorar.
Não sei ao certo quando apaguei na minha cama, mas meu corpo ficou tão exausto que simplesmente apagou. E nem mesmo no meu sonho eu tive sossego, porque sonhei que Renato me expulsava da casa e falava que nunca mais queria olhar na minha cara. E nossa como aquilo doeu.
Acordei não sei quantas horas depois com alguém me chamando, abri os olhos, porém me arrependi no mesmo instante porque meus olhos arderam demais, fecho os mesmos até me acostumar. Olho para quem havia me acordado e vejo que é o Renan.
– Que foi Renan? – Pergunto e minha voz quase que não sai, limpo a garganta, porém não adianta muito.
– Preciso conversar com você. É sério. – Fala ele me olhando sério, franzi o cenho.
– Tá, deixa só eu lavar o rosto. – Falo me levantando da cama, fiz muito esforço para levantar porque meu corpo estava fraco. Renan me olha preocupado.
– Você tá bem? Tá quase caindo aí. – Fala de cenho franzido. Eu assenti.
– Tô, espera que já volto. – Falo entrando no banheiro, ligo a torneira e limpo o rosto. A proveito para limpar a boca, uma coisa que ia fazer quando estava subindo, mas as coisas saíram do controle e eu acabei esquecendo.
Pego um pouco de creme dental e coloco na língua, coloco água na boca e faço uma limpeza bucal meio improvisada, quem nunca né? Olho meu reflexo no espelho e nossa, meus olhos estavam vermelhos para caramba e inchados quase se fechando.
Saio do banheiro e vejo Renan sentando na minha cama. Sento na sua frente para podemos conversar melhor, já que ele falou que era sério.
– O que foi nêgo? – Pergunto com a voz rouca, Renan engole em seco e me olha intensamente. Noto que ele está nervoso e suas mãos não param nem por um segundo.
– Léo, você sabe que é meu melhor amigo. Não sabe? – Pergunta me olhando nos olhos, franzi o cenho.
– Sim ué. – Falo e sinto um frio no coração.
– Então... Eeeh... Você sabe que eu te amo, como amigo, claro. – Fala desviando os olhos de mim, é evidente o desconforto dele. – Você sabe que eu não tenho nada contra você e te... Amo como você é. – Fala e isso me deixa em alerta, o frio no coração aumenta me fazendo ficar nervoso.
– Vai direito ao ponto Renan. – Falo o olhando de cenho franzido e vejo o mesmo engolir em seco mais uma vez.
– Léo, eu... Eu... Não sei como falar isso. – Fala já me deixando preocupado.
– Você tá me preocupando, mano. – Falo com nervosismo, ele me olha e abaixa a cabeça com o rosto vermelho.
– Eu vi... – Ele suspira fundo como se quisesse tomar coragem para me falar. – Léo eu vi você e o Renato se beijando na boate ontem à noite. – Fala me fazendo perder o chão, arregalo os olhos e abaixo a cabeça com uma vergonha tão grande que não cabia em mim. A revelação de Renan me faz ficar parado o olhando assustado e com medo, acho que pior que isso não pode ficar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu Melhor Amigo (RETIRADO EM BREVE)
RomanceLeonardo e Renato tem uma amizade de longa data, ambos sempre foram confidentes um do outro. Para Renato aquela amizade não passava de amor fraterno, de irmandade, porém para Léo a coisa é bem diferente e mais complicada. Ao longo de tantos anos de...