Capítulo 2

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Aquele rapaz passou por mim sem nem mesmo notar a minha presença, mas eu virei-me para observá-lo, e enquanto eu o olhava um homem desconhecido aproximou-se buscando os meus lábios, automaticamente eu correspondi ao beijo, mas tinha minha atenção totalmente voltada ao outro que ainda conversava com o seu acompanhante.
Só me dei conta de que estava beijando alguém quando o homem levou a sua mão até minhas nádegas apertando com firmeza efetuando um tapa logo após, o assombro foi tamanho que eu o empurrei:

_ Que isso... achei que estivesse curtindo?

A cena chamou a atenção dos que estava mais próximo, e o olhar do rapaz estava sobre mim:

_ Não... não, desculpa.

_ Cara maluco.

O homem saiu reclamando, procurei Vlad por um momento, mas meu irmão estava atracado a dois homens ao mesmo tempo.
De olhos arregalados eu o observava quando ouvi uma voz que mais se assemelhava a um sussurro bem rente a minha orelha:

_ É a primeira vez aqui?

Virei-me, para responder a quem me questionava e deparei-me com um olhar azul penetrante que insistia sobre o meu, o lume de seus olhos era intenso e ele se mostrava totalmente oferecido e submisso com um sorriso em seu rosto.
Busquei com o olhar o tatuado e ele continuava a olhar-me insistentemente, e só então voltei-me para o meu questionador:

_ Sim, é a primeira vez.

_ Entendo, a primeira vez parece assustador mesmo. Lembro a minha primeira vez.

_ É um frequentador assíduo?

_ Por mais assustador que pareça, aqui é um lugar divertido quando se libera, estou vendo que você está muito travado.

Voltei a olhar para trás a buscar o rapaz que nem sabia o nome:

_ Embora você não tenha me perguntando, o meu nome é Christian, mas pode me chamar de Chris.

_ É o que?

Voltei minha atenção a ele e um riso antecipou a resposta dele:

_ Eu disse que me chamo Christian, mas pode me chamar de Chris.

_ Tudo bem Chris... eu me chamo Raulf.

_ Percebi que o Theo te chamou atenção.

_ Theo?

Ele voltou a rir:

_ O Theo é o sonho de muitos aqui, mas ele é seletivo, ele escolhe entende, nunca é escolhido.

_ Eu não sei do que está falando.

_ Estou falando do tatuado ali que desde que você chegou não conseguiu tirar o olho, eu me interessei em você e notei o jeito como o olhou para ele, bem... se desejar posso te levar a um lugar mais isolado, sei que a primeira vez talvez se sinta constrangido de fazer algo em público.

_ Chris eu fico mesmo muito lisonjeado, mas...

_ Mas sua resposta é não. Olha assim como eu, muitos aqui estão olhando para essa sua bundinha redondinha, se não quer ser mais assediado por ninguém, vem comigo, juro me comportar.

Olhei mais uma vez para o rapaz que agora sabia chamar-se Theo e ele desenhou um risco em seus traços faciais que poderia assemelhar a um sorriso, e então segui Christian até um canto mais afastado e ele abriu uma porta:

_ Aqui é um quarto privado para clientes VIP.

_ Então você é um cliente VIP?

_ Vamos dizer que faço por merecer ter esse privilégio. Mas vamos falar sobre você.

_ Sobre mim?

_ O que veio fazer aqui, digamos que esse não é um lugar ideal para se ter uma conversa informal?

_ Meu irmão...

_ Irmão... quem é, vai que eu conheço?

_ Vladmir.

_ Vlad... um moreninho gostosinho?

Cocei a cabeça:

_ Apenas Vlad um moreninho é suficiente para descrevê-lo.

Chris deu risada:

_ Você é bem diferente do seu irmão, mas se nunca frequentou um lugar assim, se não faz o seu estilo, como foi que ele te convenceu a vir?

_ Há dois meses terminei um relacionamento de dois anos, então ele me prometeu se viesse uma noite ele me deixaria em paz.

_ Entendi, poxa que pena, vou mesmo perder a minha única oportunidade de ficar com você?

_ Como é?

_ Se só vai vir uma noite... nós podíamos...

Levante-me da cama no mesmo instante e ele fez uma expressão desanimada no rosto:

_ Não se preocupe, não forço nada, mas não custa tentar, posso pedir pelo menos um beijo?

_ Beijo?

_ Faz assim, fecha os olhos.

_ Pra que?

_ Apenas fecha os olhos.

Acabei obedecendo e sentia o rapaz aproximar-se, ele pousou a mão sobre meu quadril e eu imediatamente abri o meu olho, e ele moveu lentamente a cabeça:

_ Você trapaceou, abriu seus olhos, mantenha-os fechado.

_ O que pensa que está fazen...

Ele não deixou eu terminar a frase e juntou seus lábios aos meus, obrigando-me entreabrir para recepcionar seus lábios, ele serpenteava a língua em minha boa e eu voltei a fechar meus olhos, por um momento esqueci o lugar onde estava e me deixei envolver por aquele toque sobre minha nuca, mas logo me dei conta do que acontecia e eu o empurrei abrindo a porta com aspereza, saí daquele quarto exasperado, e andava olhando para trás e de repente um tranco, se não fosse seguro por mãos firmes fatalmente iria ao chão, eu havia trombado com alguém e não foi difícil notar de quem se tratava ao visualizar a tatuagem sobre aquele tórax:

_ Tenha mais cuidado...

Eu não conseguia responder, apenas olhava para ele com a boca entreaberta, ele sorriu:

_ O Chris deve ter te assustado.

_ É o que?

Ele apontou para o quarto:

_ O Chris... não estava no quarto privativo dele?

Cocei a cabeça desconcertado:

_ É... estava, mas...

_ Eu nunca te vi por aqui, é a primeira vez que vem?

Balancei a cabeça afirmando:

_ Então o Chris foi o sortudo?

_ Que... não, não ...

Tentei me acalmar, pois estava deveras nervoso:

_ Entre o Chris e eu não houve nada.

_ Nada?

Ele me perguntava com um ar divertido:

_ Nada.

_ Apenas um beijo roubado Theo... o Raulf já está interessando em outro aqui.

A voz atrás de mim me fez sobressaltar assustado:

_ Interessado em outro, quem seria o sortudo?

_ Ninguém, eu não estou interessado em ninguém.

Respondi rapidamente, antes de deixar Chris abrir a boca para dizer qualquer coisa que me deixaria em maus lençóis. 

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