Capítulo 26

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Theo:

_ Que tipo de pergunta é essa Vlad?

Fiquei logo na defensiva:

_ O Raulf e eu somos apenas bons amigos.

Assim que falei isso eu me arrependi instantaneamente ao observar a expressão de decepção no rosto de Raulf:

_ Pois é Vlad, eu não precisaria que o Theo respondesse por mim, mas ele tem razão eu não participaria de algo assim. Sinto muito Chris, mas eu ainda não cheguei a esse nível de deitar-se com alguém sem que tenha nenhum sentimento.

Raulf educadamente se despediu:

_ Eu vou descansar um pouco, fiquem a vontade, o Theo é um ótimo anfitrião, tenham certeza de que ele sabe fazer os amigos se sentirem muito a vontade.

O olhar que ele me lançou foi cheio de acusações, e nervoso com aquela situação acompanhei ele se dirigir ao quarto com o olhar sem dizer uma única palavra.
A conversa dos rapazes foi entediante e eu não prestei atenção na metade delas só atentando em algumas falas, quando eles se foram fui até Raulf:

_ Eles já se foram, o Vlad queria se despedi mas eu convenci ele de que estivesse dormindo, ele voltou a pedir que ligasse para sua mãe para tranquiliza-la.

_ Quem diria que teria que me valer de uma mentira para tranquilizar minha mãe. Fico pensando se não é melhor que eu vá logo para casa e conte-lhe a verdade, afinal não foi nada grave.

_ Vai preocupa-la atoa, não está sendo bem cuidado aqui Raulf?

_ Ao contrário, estou sendo tão bem cuidado que acho que estou dando trabalho demais ao meu amigo.

_ Então é isso o que está te incomodando, por que eu disse a eles que somos amigos?

_ Theo eu não estou te cobrando nada, mas você é um homem Inteligente e tenho certeza de que se dormi com você foi por vontade mas vou deixar algo claro aqui, eu não durmo com amigos.

_ Raulf, eu só disse aquilo para que eles nos deixassem em paz, o que acontece entre nós só cabe a nós dois e eles iriam ficar especulando.

_ E o que é que acontece entre nós Theo, me diga porque você sempre me confunde, ora dá a entender que gosta de mim, quando é carinhoso, quando me toca, quando me beija, mas depois age como se tivesse medo de se entregar, e continuo nessa dúvida, então me esclareça o que é que acontece entre nós?

_ Porque tem que ser assim Raulf... não é nada fácil decifrar o que acontece entre nós dois, tem horas que eu fantasio com algo duradouro entre nós, acho que seria perfeito se ficássemos juntos por um longo tempo, mas depois me bate um medo de que essa fantasia se torne realidade e eu não suporto isso.

_ Se você não suporta, eu muito menos, mas enquanto você não se decidir acho que será melhor nos afastarmos. Acho que é melhor eu voltar para casa.

_ Pelo amor Raulf, não seja tão radical. Deixa eu cuidar de você nesse momento, vai preocupar a sua mãe para que?

_ Tudo bem Theo, eu ficarei porque sei que realmente minha mãe vai ficar neurótica, mas eu vou te pedir um favor.

_ Pode pedir, que favor que é?

_ Não volte a me beijar, não volte a me tocar, não volte a se aproximar de mim, enquanto você me considerar apenas um amigo, é assim que vamos ser. Eu aceito permanecer aqui se você concordar com isso.

_ Parece que você já resolveu tudo dentro da sua cabeça.

_ Para você não? _ Você não decidiu que somos apenas bons amigos?

_ Raulf eu...

_ Não fala nada Theo, não adianta falar nada, eu já sei o que você vai dizer.

Tentei me aproximar, mas Raulf se desviou e eu não pude insistir, talvez ele tivesse razão e precisávamos desse espaço entre nós, mas porque eu me sentia tão incomodado com isso, porque sentia aquela necessidade de beijá-lo, de abraça-lo, porque impor aquela distância que sabemos que nenhum de nós queremos:

_ Tudo bem Raulf, se é assim que quer eu acatarei o seu pedido e me manterei afastado.

_ Obrigado Theo, a partir de hoje eu me acomodarei aqui no sofá.

_ Isso é um absurdo Raulf, podemos ficar no mesmo espaço sem problema, estar sob a mesma cama não significa que precisamos fazer algo sobre ela, é inaceitável, você com esse braço machucado ter que dormir nesse sofá apertado. Se for tão insuportável assim para você ficar comigo eu durmo no sofá.

_ Isso sim é um absurdo Theo.

_ Então não há discussão Raulf, nós dois somos adultos e podemos deitar nessa cama sem sermos obrigados a nada.

_ Tudo bem, como amigos não é?

_ É... como amigos. 

Desde então toda vez que tento me aproximar de Raulf ele se desvencilha, até na hora do banho ele preferiu ir sozinho, nem mesmo com a blusa ele pediu ajuda para retirar, teve bastante dificuldade para se despi mas acabou conseguindo, porém não teve escolha na hora de vestir-se, e teve que recorrer a mim.
Enquanto eu o ajudava eu olhava diretamente nos seus olhos, e ele me encarava de volta, mas assim que terminei de vesti-lo ele se afastou:

_ Obrigado pela ajuda.

_ Raulf... não precisamos agir assim, eu estou aqui para te ajudar, nós somos amigos.

_ Theo sejamos sinceros, nós somos mais do que amigos, e é por isso que essa situação está tão complicada entre nós, não vamos tampar o sol com a peneira, precisamos ser realistas, o que houve entre nós nos leva a um nível a mais do que uma simples amizade.

Não consegui encontrar palavras para desmenti-lo, pois sim eu sabia que existia algo a mais entre nós, mas eu tinha medo de admitir a mim mesmo que sentia por Raulf algo a mais do que amizade, pois sabia que não poderia retroceder depois de dizer:

_ Eu não sei o que você quer que eu diga Raulf, está perto de você e não poder te tocar me tortura, eu sinto falta de beijar você, mas eu sei que estou sendo egoísta e vou me manter afastado se é o que quer.

_ Não Theo... não é o que eu quero, é o que você me obriga a querer.




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