Capítulo 41

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Raulf:

Cada progresso no tratamento era uma vitória que tínhamos que comemorar, Theo foi seguindo cada orientação da doutora Fernanda e já víamos os resultados aos poucos ganhando vida, voltamos a dormir na mesma cama ainda que não fizéssemos nada, mas Theo já não dormia no sofá.

Ele nunca deixou transparecer a sua decepção a cada tentativa, mesmo assim eu me sentia tão traído pelas minhas emoções que era difícil encará-lo no dia seguinte, mas ele se mostrava carinhoso e isso acabava por me relaxar um pouco.
Theo amadureceu tanto nesse processo que eu conseguia distinguir a diferença entre o antes e o depois de tudo isso, ele estava consciente do problema e me auxiliou na procura pela ajuda, confesso que se não fosse por ele, eu não teria essa atitude de procurar uma psicoterapeuta.

Certo dia eu cheguei da faculdade e ele havia preparado uma surpresa para mim, a casa estava toda decorada com luzes led, havia fotos desde quando eu era bebê até os dias atuais, havia algumas fotos do Theo espalhadas entre as minhas e uma única foto nossa juntos.
O som tocava uma música calma que trazia uma tranqüilidade ao local, sentado no sofá com um sorriso no rosto estava Theo:

_ Theo o que significa tudo isso?

_ Eu quis te mostrar que esse é você Raulf, esse bebezinho no colo da sua mãe, esse é você, uma criança que foi muito desejada, sua mãe me contou sobre essa foto aqui.

Theo apontou para outra foto:

_ Essa foto foi o dia em que você deu o seu primeiro passinho, sua mãe contou-me que nesse dia seu pai estava em casa e você caminhou até ele assim que o viu.

Eu olhei para o Theo com os olhos cheios de lágrimas:

_ Aqui é você e o Vlad , ah e aqui nessa foto sou eu... Nessa foto eu nem imaginava que um dia eu iria te conhecer, de que o nosso caminho iria se cruzar, mas eu já tinha planos de encontrar alguém com quem dividiria a minha vida.

Ele foi me falando sobre a história de cada uma das fotos, algumas delas eu nem me lembrava mais dos fatos em que elas foram tiradas, mas um sorriso se ampliava no meu rosto a cada lembrança, até que chegamos a nossa foto juntos:

_ Essa foto foi tirada no dia em que falamos para os rapazes que estávamos juntos, nesse dia não imaginávamos o que viríamos a enfrentar, o conflito que estávamos enfrentando era o meu medo e durante esse conflito você me fez ver o quanto eu precisava me abrir para o amor para ser feliz, e então aconteceu o que aconteceu, Raulf olha para mim.

Olhei diretamente para ele em silêncio:

_ Eu não posso mudar o que aconteceu, sei que isso jamais será esquecido, mas eu estou aqui, resgatando os momentos felizes que você já viveu para mostrar que você ainda pode sorrir que ainda há motivo para ser feliz, você tem pessoas que o amam e quer te ver bem.

_ Theo... eu quero, quero mesmo, mas é complicado.

_ Eu sei que é Raulf, mas o medo não pode ser um impedimento para sermos felizes, vamos ir devagar, hoje, por exemplo, eu pensei em uma massagem, e podemos parar no momento em que você desejar, mas não podemos ficar sem tentar, Raulf posso tentar?

_ E se eu falhar com você novamente?

_ Voltaremos a tentar em outra ocasião até conseguirmos. Não vamos desistir de nós.

Eu sorri meio constrangido:

_ Eu preparei uma sessão de massagem para você, eu não sou um profissional da área, mas eu fiz um curso um tempo atrás, mas nunca levei a diante.

_ Sim, nós podemos tentar Theo. O que eu devo fazer?

_ Você vai tirar a sua roupa, pode ficar só com a cueca, e deitar de bruços nesse tapete estendido no chão. A iluminação em led e a música serena irão trazer um clima equilibrado e vai fazer você relaxar.

_ Você acha que vai funcionar?

_ Não sei, mas podemos tentar.

Sem dizer mais nada, fui retirando a minha blusa e a minha calça, fiquei apenas com a parte de baixo das minhas vestes, e concordei com um balançar de cabeça:

_ Agora é só deitar?

Theo acariciou com as costa de sua mão o meu rosto delicadamente, selando os meus lábios:

_ Sim, Raulf, você irá sentar em posição de lótus.

Sentei-me como ele me orientou e ele sentou-se de frente a mim sobre uma almofada que já estava jogada no chão, ele colocou um óleo na palma de sua mão esfregando uma na outra para espalhar sobre toda a palma o líquido perfumado, e só então ele levou a mão ao meu rosto deslizando sobre a pele de cima para baixo:

_ Essa técnica foge da massagem tradicional, é chamada de massagem tântrica, essa forma de massagem trabalha para remover os bloqueios que as pessoas enfrentam, ela é originária da Índia, seu objetivo não é relaxar os músculos e aliviar as tensões do dia a dia, mas sim excitar o sensorial do corpo inteiro, promovendo um novo entendimento do prazer:

_ É eficaz comprovadamente?

_ Na maioria das vezes é benéfico para o autoconhecimento e ajuda a superar traumas, bloqueios e inibições.

Enquanto ele falava, ele me olhava diretamente nos olhos sem desviar por um instante, ele não me tocava, mas a troca de olhar que compartilhávamos era algo tão íntimo que assemelhava ao toque mais profundo, ficamos assim por um bom tempo, apenas naquela troca de olhar sem dizer nada, em silêncio apenas desfrutando daquele momento tão único entre nós dois, o relógio, celular e outras banalidades foi esquecido e tudo o que tínhamos era aquela troca, a harmonia em nossa respiração entrando no mesmo ritmo, era uma experiência tão singular que jamais experimentei algo igual.
Theo fazia com que eu sentisse a emoção daquele momento e depois de algum tempo apenas nos olhando, ele se aproximou ainda que sentados e abraçou-me, beijando-me desacelerado, o toque em nossos lábios era suave, sem língua, era apenas o encostar dos nossos lábios para senti-lo, aguçando a harmonia entre os nossos corpos e emoções propiciando um clima de puro prazer.
Então ele cruzou os seus dedos ao meu e levou aos lábios beijando os nós dos meus dedos um a um, fazendo isso repetidas vezes.
Aproximou os lábios da minha orelha em seguida e sussurrou:

_ Agora você deitará de bruços, vou iniciar a massagem. 

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