Capítulo 28

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Theo:

Durante toda a noite em que passei acordado eu volta e meia sentia vontade de acordar Raulf para poder amá-lo mais uma vez, mas eu não podia, na verdade ele não queria, por causa da minha resposta ao Vlad tudo havia mudado e Raulf levantara um muro entre nós que estava difícil de transpor, quando peguei no sono já estava quase dia e não vi ele sair, despertei e ele já não estava mais ali, eu não fazia ideia de onde ele havia ido e devo admitir que senti um aperto no coração. Mas o alívio e a paz me tomou quando fui pegar meu celular para mandar uma mensagem para Raulf e percebi que ele havia me deixado um bilhete, abri rapidamente me adiantando em ler:

"_ Theo... fui para a faculdade, volto para o almoço, não se preocupe em pedir nada, eu trago algo quando voltar, tenha um bom dia.

Dobrei novamente aquele pedaço de papel colocando-o no mesmo lugar, fechei os meus olhos, procurando uma calma que estava longe de sentir, pensar em Raulf longe de mim me angustiava mas que argumentos eu lhe daria para que ele ficasse se ele simplesmente decidisse ir, eu sentia um nó preso na minha garganta, um nó que estava preste a explodir em um grito somente para aliviar a tensão que eu sentia, enquanto ele não chegava por mais que tentasse manter a sensatez eu agia como um lunático, abria e fechava a porta várias vezes para ver se tinha algum sinal da volta dele, olhava pela janela, mas nada, eu sosseguei apenas quando a porta se abriu no início do entardecer e Raulf apareceu com algumas sacolas:

_ Desculpa eu demorei um pouco mais, acabei ligando para o meu irmão e paramos em uma lanchonete para poder ter uma conversa, mas trouxe algo para você comer.

_ Por que você não me acordou?

_ Não achei que fosse necessário.

_ Eu poderia ter te levado.

_ Eu não posso depender de você para tudo Theo, uma hora terei que ir embora do seu flat e então terei que ir sozinho para a faculdade não tenho, então é melhor que comece a tomar as diretrizes da minha vida.

_ Quer tanto se ver livre de mim Raulf?

_ Theo por favor, não vamos recomeçar com essa história, você mais do que ninguém sabe que não é assim que eu queria que essa história tivesse um fim.

_ Então apenas deixa rolar.

_ Deixar rolar o que Theo, o que você chama de deixar rolar, ir para a cama com você e você me tratar como um amigo, não, desculpa, eu posso ser considerado antiquado sim, por ainda acreditar no amor, mas eu sou assim, foi um erro ter te entregado o meu coração, mas eu entreguei não tem como voltar atrás.

_ Raulf eu não sou imune ao que você sente, eu sinto algo forte por você também, mas eu preciso que você entenda...

_ Entenda o que Theo?

_ Não é uma história fácil a que eu tenho para te contar, meu pai morreu eu tinha doze anos, eu ainda sinto a dor no meu peito ao ver ele dia após dia se destruir em nome desse sentimento que você chama de amor.

Ele ficou em silêncio me olhando e eu me senti impulsionado a dizer tudo o que eu sentia:

_ Até meus onze anos meus pais eram tudo para mim, parecíamos uma família perfeita, meu pai amava o minha mãe, minha mãe amava o meu pai e eu era um garoto feliz, mas tudo aquilo era uma farsa, minha mãe tinha um amante e certo dia ela resolveu que tinha que ir embora com o seu amante, ela nem mesmo se despediu de mim, simplesmente virou as costas e foi, o meu pai... o meu pai desde então passou a beber, cada dia chegava mais bêbado em casa e eu tinha que limpar seus vômitos de bebedeira, eu só tinha doze anos quando ele já destruído faleceu, e eu... eu não sabia o que fazer da minha vida, não sabia para onde iria se iria parar em um orfanato ou se algum parente piedoso me aceitaria em sua casa, então minha tia, a mãe do Chris, irmã do meu pai, ela e seu marido resolveu me dar um lar.

Enxuguei uma lágrima que teimava em escorrer por meu rosto:

_ Minha tia sempre foi muito mais do que uma mãe, ela e meu tio sempre me trataram como filho de sangue, nunca fizeram acepção entre o Chris e eu, mas eu sabia que eles não eram os meus pais, e três anos depois ela veio me ver... aquela que um dia eu chamei de mãe, ela se achou no direito de vir me ver.

_ E o que foi que ela te disse Theo?

Deixei uma risada nervosa soar, mordi o canto dos meus lábios e respondi:

_ Eu disse a minha tia que eu não queria ver ela, que ela fosse embora e nunca mais me procurasse. Desde então nunca mais eu soube nada sobre ela. Você entende agora a razão do porquê não acreditar nesse sentimento que é uma pura farsa, eu gosto de estar com você Raulf, de beijar você, de abraçar, de ter intimidade com você, mas quando você envolve esse lance de amor... dificulta tudo.

_ Agora entendo o porque você tem tanto medo de se entregar ao amor.

_ Eu sempre vi o amor como algo ruim Raulf, até você aparecer na minha vida, você confunde tudo aqui dentro.

Levei a mão ao lado esquerdo do meu peito:

_ Hoje quando acordei e não vi você aqui do meu lado eu senti um aperto como se você tivesse desistido de mim, eu senti tão vazio, tão solitário, eu preciso de você, eu preciso, por favor Raulf não me abandona.

Já não segurava as lágrimas que escorriam por meu rosto, e Raulf diminuindo a distância entre nós segurou meu rosto com ambas as mãos:

_ Eu nunca vou te abandonar Theo, eu estou completamente apaixonado por você, eu juro que nunca vou te abandonar.

Não suportando mais a distância entre nossos lábios eu o beijei, um beijo intenso, um beijo que confirmava aquilo que ele havia dito, que ele estava ali comigo, era esse o significado daquele beijo.

Essência LibertinaOnde histórias criam vida. Descubra agora