Essência Libertina

Capítulo 14

Olhei novamente o meu reflexo no espelho convencido de que estava apresentável antes de sair de casa ansioso para o meu encontro, Chris já havia saído e eu esperava realmente que ele não fizesse nenhuma gracinha perto de Raulf.
Nesses vinte cinco anos da minha vida, nunca tive um encontro, o máximo de encontro que tive foi no próprio local de trabalho lá no Essência e por ali mesmo se findava, mas sabia que a regra número um de todos os encontros era ir sem expectativa, mas naquela noite eu havia quebrado essa regra, pois a ansiedade que eu sentia era fora do comum, eu estava ali na frente da casa dele meia hora antes do combinado.
Não sei dizer se ele estava tão ansioso como eu, mas ele também não chegou no horário combinado, se adiantou uns quinze minutos:

_ Te fiz esperar muito tempo?

_ Acabei de chegar, chegamos praticamente ao mesmo tempo.

Se criou aquele momento de silêncio, mas em seguida eu tratei de romper:

_ Gostei por ter ligado, achei que não ligaria.

_ Espero não me arrepender.

_ A melhor maneira de se conhecer a pessoa é deixar ela ser direta não é mesmo?

Fiz uma pausa na minha fala o encarando, mas ele desviava o olhar ruborizando sua face, a forma como ele se comportava ao mesmo tempo que me encantava me deixava de guarda baixa, e isso era raro acontecer.
Ajudei ele subir na moto e ele agarrou-se ao meu quadril após muita relutância, eu corria com aquela moto obrigando-o a apertar os braços em torno do meu corpo, eu gostava desse contato involuntário.

Assim que estacionei a moto e chegamos a entrada do barzinho, ele estagnou o andar me olhando assustado:

_ O que foi?

_ Piedade, por que não me falou que os amigos que vinha encontrar era os garotos VIPs?

_ Hoje somos apenas rapazes normais, sem o status de VIPs.

_ No Essência ou fora dele, você se considera mesmo um garoto normal? _ faça-me o favor... desculpa mais foi um erro ter vindo, eu vou embora.

_ NÃO! _ Não tem porque você ir embora, Raulf eu te trouxe para esse encontro com os meus amigos porque achei que seria mais confortável para você, mas se te incomoda estar com eles, podemos ir a outro lugar.

_ Não Theo, eles são seus amigos e estão aqui para comemorar o seu aniversário, seria um absurdo você deixar eles para ficar comigo.

_ Deixa de bobagem, vamos pelo menos dizer oi a eles, se não gostar pisca o olho duas vezes para mim e eu entenderei que quer ir embora, eu prometo que saio no mesmo instante com você.

Ele me deu um sorriso envergonhado e concordou com a cabeça, estendi a mão para ele, e para minha surpresa ele passou reto entrando na minha frente, sem segurar minha mão.
Ele avançou passo a passo até a mesa onde os rapazes estavam e eu o seguia de perto, quando chegamos nos acomodamos e Chris bancando o engraçadinho perguntou como se não soubesse a resposta:

_ Então vocês dois estão juntos?

Antes que ele conseguisse dizer qualquer coisa eu logo cortei o meu primo:

_ Deixe ele em paz Chris, se estamos juntos ou não, bem... isso não é da sua conta né mesmo, para de ser chato.

Após apresentei a todos ao Raulf e todos foram bastante simpáticos com ele, e parecia que ele estava mais calmo, estava até mesmo rindo da conversa dos rapazes, mas de repente a minha mentira foi por água abaixo quando ele perguntou quantos anos estava completando.
Todos se olharam e Maik perguntou:

_ Gente desculpa, eu sou meio esquecido mais quem é que está fazendo aniversário hoje?

_ Eu acho que alguém fez uma pequena travessura para te trazer aqui hoje Raulf.

Thales ainda tinha um sorriso no rosto assim como os outros rapazes, mais o que contemplava no rosto de Raulf não era nada semelhante a isso, ao contrário ele não parecia ter gostado de ter sido enganado:

_ Porque fez isso, porque você mentiu para mim?

_ Eu não sei explicar... achei que seria mais fácil de você aceitar a vir me encontrar.

_ Meninos vamos ser testemunha da primeira discussão do casal.

_ Cala boca Chris, pelo menos uma vez fica calado por favor.

Raulf irritado olhou para o Chris e afirmou:

_ Primeiro que não existe nenhum casal aqui, segundo foi um erro ter vindo, se tem uma coisa que eu não suporto é a mentira, foi um prazer conhecer a todos mais agora eu estou indo embora.

Ele se ergueu mas paralisou no mesmo instante voltando a sentar-se, não havia entendido até que um rapaz se aproximou:

_ Raulf...

_ Thobias.

_ Que surpresa te ver aqui... Eu conheço bem os seus hábitos e sei que não é de sair.

_ As coisas mudam Thobias.

_ Estou vendo, agora está até procurando garotos de programa?

Chris levantou-se no mesmo instante para tirar satisfação, mais eu impedi a colocar a mão sobre seu peito e fiz meu primo voltar a sentar:

_ A quem está se referindo como garotos de programa, meus amigos e eu?

Os rapazes nos olhavam prontos para agir, mais bem calmo eu arrematei:

_ Rapaz, eu não faço ideia de quem você seja, mas eu estou aqui com os meus amigos e o meu namorado, então peço que guarde seus comentários sem sentido para você, ninguém aqui está interessado no que você acredita que nós somos, até por que eu acho que pela sua colocação quem procura garotos de programa é você.

_ O Raulf... você está namorando o Raulf?

_ Não que eu lhe deva explicação das nossas vidas que é particular, mas sim é o Raulf o meu namorado.

_ Então eu lhe desejo sorte, fazer amor com uma pedra de gelo é mais excitante.

_ Ele nunca havia sido tocado com a sensibilidade que necessitava, um corpo é como um violão se não souber tocar desafina.

Meus amigos começaram a rir, e o rapaz ficou irritado, mas Raulf levantou-se vindo até mim, e sussurrou em meu ouvido:

_ Por favor me tira daqui.

Aquele era um pedido quase de clemencia, eu podia ver em seu olhar, mas por mais que não fosse uma provocação aquela voz chorosa ao pé do meu ouvido me excitou e selei os lábios dele, segurando em sua mão a leva-lo comigo para fora daquele lugar sem despedir-se de ninguém, meus amigos entenderia o meu gesto.

Enquanto o levava, ele mal conseguia me olhar e eu senti que ele precisava de um lugar calmo, onde conseguisse desabafar, resolvi leva-lo ao flat, minha primeira intenção era que ele ficasse ali até se acalmar, não era um convite cheio de intenção maliciosa, mas ter ele ali naquele quarto onde ninguém poderia nos atrapalhar fizeram várias malícias se desenharem em minha mente.