Essência Libertina

Capítulo 49

Theo:

_ Eu estou bem Raulf, não precisa me olhar com esse olhar preocupado, esse laço era um fantasma que eu espantei para longe

Desde que saímos da casa daquela mulher que Raulf me olhava assustado e era quase cristalino que ele queria dizer algo que não estava conseguindo dizer:

_ Theo não é nenhuma vergonha chorar, você enfrentou algo que te fez mal durante anos e se quiser chorar é algo natural.

Olhei para ele por um segundo e sorri:

_ Aquela mulher não merece que eu chore Raulf.

_ O choro não seria por ela Theo, mas por tudo, por todos os anos, por todas as ausências dela, por todas as palavras duras que vocês disseram um ao outro no dia de hoje.

_ Pode parecer loucura, mas tudo o que dizemos hoje um ao outro me trouxe um sentimento de liberdade, eu nunca mais vou ficar me perguntando o porquê, agora as lacunas todas elas foram respondidas.

_ Você tem certeza de que está bem?

_ Ainda estou um pouco no estado da adrenalina, parece que todos os meus sentidos estão anestesiados, logo saberei o resultado dessa conversa, mas é isso o que eu sinto no momento uma liberdade que eu jamais senti. A sensação é que agora posso seguir em frente.

Eu o abracei e beijei seus lábios:

_ Vamos logo embora daqui, vamos para casa, sair da frente da casa dessa mulher asquerosa.

Atendendo ao pedido dele, manobrei o carro para longe daquela casa o mais rápido possível, o silêncio era quase palpável, mas a mão de Raulf acarinhava meus cabelos e isso era algo bastante agradável. Lógico que eu me sentia forte, lógico que eu sabia que tudo estava bem, que eu iria seguir em frente, mas era algo que eu tinha que digerir dentro de mim primeiro, Raulf era muito sensível e percebeu que pressão era o que eu não precisava naquele momento, então ele falou somente o que acreditava ser necessário dizer.
Chegamos em casa, o telefone insistentemente tocava, eu não queria falar com ninguém, então Raulf se adiantou em atender:

_ Oi tia, acabamos de chegar, a senhora quer falar com o Theo?

Fiz um gesto para ele, dando a entender que eu não queria falar com ninguém, então ele me olhou e disse a minha tia:

_ Ele acabou de entrar no banho, vou pedi uma comida para nós dois e deixarei ele descansar um pouco, foram muitas emoções para ele hoje, ele precisa digerir tudo isso. Eu cuidarei dele tia, não precisa se preocupar.

Assim que Raulf desligou o telefone, ele me disse:

_ Sua tia está preocupada, ela queria saber como você está.

_ Amanhã eu ligarei para ela.

_ Liga sim Theo, ela está mesmo querendo saber como você está?

_ Ainda bem que eu tenho você, minha tia, meu tio, o Chris e os rapazes, eu não sei o que iria fazer se não fossem por vocês.

_ Ainda bem que nós temos você Theo.

Fui tomar banho, enquanto Raulf ficou pedindo a nossa comida, após ele se juntou a mim no banho, entre beijos e carícias ele me atava em uma teia de aranha chamada amor, eu podia agora dizer livremente que amava esse homem com atos de menino mais que me enlouquecia de vontade de tê-lo a cada segundo. Ainda estávamos no banho quando a campainha tocou, Raulf enrolou a toalha na cintura e saiu do banho, não antes de roubar um beijo dos meus lábios, a quem a pouco tempo estava com bloqueio ele estava bem aceso naquela noite.
Porém quando sozinho, as palavras ditas por aquela mulher parecia produzir em mim uma aversão pelo sangue que eu carregava nas minhas veias, e eu comecei a esfregar o meu corpo tentando tirar aquele sangue maldito de mim, mas ao mesmo tempo eu sabia que isso era impossível.

Saí do banho e Raulf já havia se trocado, ele deu um tapinha na minha bunda dizendo:

_ Vai se trocar, o entregador já trouxe a nossa comida.

_ Já venho te fazer companhia então.

Fui para o quarto e abri o guarda-roupa, fiquei estático por alguns minutos, não era a roupa que me preocupava, mas como eu lidaria com aquela verdade que agora era algo real, antes eu sabia que aquela mulher havia me abandonado mas não tinha ideia do real motivo, agora era declarado o motivo ela não amava ninguém além dela mesma. Escolhi uma camiseta regata e uma calça moletom e tratei logo de colocar, fui de encontro ao Raulf que esboçou um sorriso ao me ver :

_ Escolhi um fettuccine com queijo, está quentinho, vem vou servir para você.

Me aproximei dele, e circulei os braços em torno de seu quadril dando um beijo na curva de seu pescoço:

_ Obrigado por não me abandonar, mesmo quando eu sou chato.

Ele virou-se para mim, beijando meus lábios :

_ Eu nunca irei te abandonar Theo, enquanto você me quiser eu ficarei do teu lado, e o dia que você não me quiser mais, não sei como farei mais continuarei do teu lado, por que te amo.

_ Eu também te amo Raulf, amo muito.

Voltamos a nos beijar, mas assim que nos afastamos eu o fiz sentar-se, servi ele primeiro e depois a mim, e passamos a nos alimentar, ora eu colocava uma garfada na boca dele quando ele tentava tocar no assunto daquela tarde:

_ Por favor não vamos tocar em assuntos desagradáveis, tudo o que eu quero é aproveitar meu momento contigo, só isso importa está com você.

_ Eu estou aqui Theo.

Passei as costa da mão no rosto de Raulf e fui descendo até o seu pescoço, passei a língua umedecendo o meu próprio lábio antes de juntar nossos lábios em mais um beijo, a intenção era sentir ele perto, senti sua presença comigo, mas como ele não recuou, terminar aquela noite em uma noite de amor com ele não me faria nenhum mal, ao contrário seria o ápice para toda aquela emoção, transformar algo não tão bom em algo maravilhoso, Raulf tinha o poder de me fazer esquecer toda a tristeza, por ele enfrentei o meu maior medo, procurei aquela mulher para saber o verdadeiro motivo do abandono, por ele eu venci esse vazio e estou completo com o amor que ele me oferece através de cada sorriso, cada palavra, cada gesto, cada noite de amor:

_ Eu quero você Raulf, eu preciso de você hoje.

Raulf se afastou por um minuto me olhando sem desviar o olhar, quando eu já estava prestes a pedir desculpa por está forçando aquela situação, vi que ele ergueu a camiseta a retirando:

_ Estou aqui Theo, pronto para ser seu.