Capítulo 37

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Raulf:

Repetir aquela história várias e várias vezes para a delegada não foi nada fácil, foi como reviver aquele momento nojento, que me fazia sentir-se sujo, foi exatamente assim que eu me senti.

O pior de tudo isso era que eu estava automaticamente atribuindo aquela culpa para quem não tinha culpa, pois todas as vezes que Theo tentava se aproximar eu o repelia, aceitava seus beijos, seus abraços, porém, todas as vezes que sentia que estávamos caminhando para algo mais intimo eu recuava.

Por essa razão eu não podia me calar, tive que denunciar.

Theo, Vlad, Chris e os rapazes me deram todo o apoio necessário, eles foram o meu suporte, o motivo para que eu não desistisse de dizer tudo a delegada, eles também prestaram depoimentos, mas sob fiança Thobias se livrou da prisão.

Após chegarmos da delegacia, Theo aconselhou-me de tomar um banho e descansar, resolvi seguir os seus conselhos e adormeci quase a tarde toda, acordei transpirando suor, a boca seca, e com a respiração ofegante, deixei que minha respiração se normalizasse e levantei-me para me juntar a Theo, Vlad e Chris na sala:

_ Conseguiu descansar Raulf?

_ Sim, um pouco, mas preciso ainda processar isso em mim.

Olhei para o Theo:

_ E, sobretudo processar como isso resultará em nós Theo. É meio difícil dizer isso mas eu sinto...

Theo moveu a cabeça em negação:

_ Não precisa dizer nada Raulf, não agora, sei que o que passou foi algo traumático e levará um tempo para digerir tudo o que sente, eu estarei do seu lado, te apoiando, só quero que saiba que estou aqui.

Sorri meio sem jeito e voltei-me para o Vlad:

_ Vlad, por favor, não conte a nossa mãe sobre o que o Thobias tentou fazer, não quero que ela se preocupe.

_ Não vou contar meu irmão. Você tem certeza de que está bem?

_ Não, não estou , mas vou ficar.

Após se despedir, Vlad e Chris foram embora e ficamos somente Theo e eu, lidar com todas aquelas emoções era muita coisa para processar, mas eu sabia que Theo estava ali, e isso me confortava, ainda assim eu iniciei a conversa:

_ Theo, eu não sei como lidar com isso, a gente precisa ter uma conversa franca sobre o que aconteceu.

_ Estou aqui com você, isso tudo também é novo para mim, eu não sei o que dizer.

_ Eu sei que você não tem nenhuma culpa pelo que aconteceu, mas quero que entenda que tudo o que aconteceu foi pesado demais para mim, e pensar em alguém me tocando nesse momento...

Eu tentava encontrar as palavras certas para não o magoar, gesticulava demais com a mão nervoso por não encontrar a forma certa de dizer:

_ Eu me sinto sujo, eu posso te abraçar, te beijar, mas pensar em avançar, eu sinto nojo.

Fiquei em silêncio para ver a expressão em seu rosto que continuava neutra, então eu continuei:

_ Theo, não é nojo de você, eu te amo de verdade e me dói sentir isso, sentir que não quero os seus toques, sentir que não quero o seu corpo junto ao meu, mas eu preciso colocar as minhas idéias em ordens, será que consegue me entender?

_ Eu compreendo, não pensa que sou insensível ao que você passou Raulf.

_ Eu me sinto sujo.

_ Podemos começar do inicio, abraços e beijos, e aos poucos ir avançando, eu não tenho pressa, se for preciso vamos procurar ajuda, mas vamos superar isso juntos Raulf, você não está sozinho.

_ Você não merece isso Theo, alguém tão complicado como eu, mas estou feliz por você estar comigo nessa.

_ Eu estou com você.

Diminui a distância entre nós parando bem a sua frente mais não ousei tocá-lo, também não ousava encará-lo:

_ Olha para mim Raulf, escute o que eu vou te dizer, você não tem culpa pelo que aconteceu você foi vítima, o único culpado de toda essa história foi aquele crápula, ele deveria estar atrás das grades, mas infelizmente saiu através de fiança, mas eu não vou deixar ele chegar perto de você novamente, eu não vou deixar ele te machucar de novo.

_ Obrigado por não me deixar sozinho, eu preciso de você mais do que tudo nesse momento, eu estou desolado por afastar você de mim.

Eu chorava, Theo me abraçou forte me mantendo naquele abraço apertado:

_ Isso não vai acontecer, eu não vou me afastar de você nunca mais, ao contrário isso só irá nos fortalecer, eu juro que vou te proteger Raulf, eu prometo isso a você.

Com o passar dos dias Theo se mostrava ser um excelente namorado, ele me mimava de todas as formas possível, mas todas as vezes que tentávamos algo mais do que beijos e abraços eu travava.

Por minha causa, Theo acabou se afastando do clube Essência Libertina, eu não conseguiria ir novamente aquele lugar onde tudo sucedeu e Theo conversou com o Gerard e decidiram que ele não iria mais ser um dos VIPs, Gerard ainda insistiu para que ele não se afastasse, afirmando que as portas estaria sempre aberta para ele, mas ele explicou que seria melhor assim, que eu não iria conseguir ir novamente ao clube e ele não viria sem mim:

_ Conversei com o Gerard hoje e falei que não vou mais ao Essência.

_ Tem certeza de que você quer isso Theo... Você sabe que eu jamais iria te pedir isso.

_ Não se preocupe com isso Raulf, minha prioridade agora é cuidar de você, o clube era apenas uma distração, não é importante.

_ Porque isso foi acontecer Theo... Estávamos tão bem e tudo virou de cabeça para baixo.

_ Não, Raulf, nós vamos firmar nossa base no companheirismo, o sexo é importante não vou negar, mas não é o mais importante em uma relação, eu nunca imaginei dizer isso um dia, pois acreditava que o amor era algo ruim, mas com você eu aprendi que amar é viver uma vida a dois em todos os sentidos, e nós estamos aprendendo juntos que o sexo é apenas o complemento de uma vida de cumplicidade, de respeito, de amizade.

_ Eu te amo muito Theo, é muito importante ter você comigo nesse momento.

_ Vamos seguir o passo a passo, não vamos apressar as coisas, só iremos fazer algo quando você estiver preparado para fazer.

Balancei a cabeça afirmativamente, beijando seus lábios demoradamente:

_ Obrigado por ser o meu suporte Theo, eu te amo demais.

_ Eu também, também amo você. 

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