Capítulo 6

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Eu nunca me encaixaria naquela descrição de homem, não conseguiria pensar na possibilidade de ser uma pessoa profana mesmo no recôndito do meu quarto.

_ Sem dúvidas eu devo ser o culpado na sua opinião?

_ Você não é culpado Raulf, o babaca deveria ter sido sincero com você e se não se interessava mais terminasse antes, mas mudar um pouco a sua visão sobre um relacionamento é importante, por exemplo, você não deve se anular para agradar o outro.

_ O que você chama de anular, eu chamo de dedicação Vlad.

_ A dedicação tem que ser de ambas as partes, você deixou seus estudos, deixou os amigos, e até com a sua família ele tentou te afastar, mas ele podia sair quando quisesse, falar com os amigos sempre que desejava, e até tinhas as quartas-feiras livres para ir ao bar enquanto você ficava em casa a espera dele.

Lá no fundo eu sabia que tudo o que Vlad dizia era verdade, mas o orgulho insistia em desmenti-lo:

_ Não é como você está dizendo, o Thobias era carinhoso, me dava atenção, nós tínhamos uma relação boa. Você fala isso porque nunca levou um relacionamento a sério, se levasse saberia que essa entrega é algo essencial para um casamento dar certo.

_ Dar certo...?_ fala sério Raulf, onde um casamento dá certo quando somente um se dedica, a fazer dá certo, um casamento é feito de duas pessoas meu irmão, se um se dedica e o outro não o jugo fica desigual.

_ Pode deixar Vlad, no meu próximo relacionamento eu peço para o grande mentor me dá orientações ok.

_ Se seguir metade do que digo talvez não entre em um barco furado da próxima vez, eu sei que parece que estou pegando pesado com você dizendo isso, mas eu digo porque te amo e não quero ver você sofrendo novamente por alguém que não te merece.

_ Vlad eu sei que você se preocupa comigo, e eu agradeço meu irmão, mas esse é o meu jeito de amar, eu me entrego, me dedico, pode até não dar certo, mas não vai ser o caso de eu não ter me doado 100% a esse relacionamento.

_ Mais do que ninguém você merece uma pessoa legal do seu lado, mas eu só acho que deve ampliar seus conhecimentos para entrar novamente em um relacionamento.

_ O que seria esse "ampliar seus conhecimentos?".

_ Um doutorado nas mãos do Theo por exemplo.

_ O seu desempenho em levar tudo na brincadeira é inacreditável meu irmão.

_ Mas eu não estou brincando meu irmão, estou falando sério, você precisa viver uma experiencia nova para poder comparar o antes e o depois.

_ E você acha que essa experiencia eu teria que viver com o Theo.

_ E por que não?

_ Simples porque ele é um homem que eu conheci em uma casa suspeita.

_ Casa suspeita, casa do sexo, casa do prazer, casa de viver o momento, qual diferença faz o nome que leva o lugar que você o conheceu, presta atenção meu irmão, eu não digo que se apaixone por ele, mas que se deixe envolver por um minuto, uma hora, uns dias quem sabe, sem compromisso. Algo natural, você conhece a pessoa conversando, beijando, transando e cada um segue a vida depois.

_ Para você parece ser algo tão simples, para mim não é assim, para mim transar com alguém tem que envolver sentimento, não é algo carnal, cama apenas.

_ Você é travado, deve libertar-se, vai ver que será mais feliz quando conseguir isso.

Movi a cabeça discordando dele mas sem dizer mais nada, então ele sorriu vitorioso:

_ Bem... agora eu vou te deixar aqui e vou dar uma saída.

_ Vai a onde maluco?

_ Vou encontrar o meu ficante, ou acha que é só você que tem seus admiradores?

_ Namorado, você está namorando?

_ Quem falou em namorado aqui Raulf, aff isso dá até urticária, eu falei ficante, ficante igual sem compromisso.

_ Doido.

Ele me deixou sozinho e eu subi para o quarto rindo.
Já dentro do quarto e refletindo em tudo o que Vlad havia me dito, abri a gaveta pegando aquele pedaço de papel em minhas mãos, fiquei olhando para ele por uns longos dois minutos enquanto com a outra mão acariciava com o dedo polegar o visor do celular, pensando se deveria ou não ligar para a pessoa que era dono daquele número, cheguei a discar os três números mas apaguei em seguida.

Coloquei novamente o papel na gaveta e fechei, fiquei andando de um lado a outro até que resolvi, peguei novamente o papel e disquei o número, esperei o primeiro toque, o segundo no terceiro eu desligaria mais antes que fizesse isso ouvi o interlocutor do outro lado da linha:

_ Alô?

Nervoso eu fiquei mudo e a voz rouca insistiu:

_ Alô, quem é?

_ É o Theo?

_ Sim, sou eu, e você quem é?

_ Raulf, o segurança da casa de se... quer dizer do Essência me passou seu número.

_ Eu achei que você não me ligaria. Fiquei esperando a tarde inteira.

_ Na verdade eu nem sei o porque estou ligando, talvez por que meu irmão ficou me infernizando.

_ Se esse foi o motivo da sua ligação eu preciso ter uma conversa com o Vlad e torna-lo meu cúmplice.

_ E por que faria isso?

_ Porque você é escorregadio, quando a gente pensa que conseguiu te segurar, puff, você dá um jeito de escapar.

_ Eu não entendo, o que um homem feito você que é cobiçado por muitos iria querer fazer meu irmão de cúmplice para se aproximar de mim.

_ Você mesmo respondeu a sua pergunta, eu sou cobiçado por muitos, não houve nenhum que decidisse fugir de mim como você, isso me chamou a atenção, você é diferente.

_ Diferente... diferente como?

_ Não sei dizer ainda, mas eu sei que você não está interessado em status do ficante dos garotos VIPs do Essência, isso já é motivo suficiente para querer conhece-lo melhor.

_ Fato eu não me prendo a status, se tiver que acontecer algo não é porque é conhecido como o garoto VIP.

_ Então há uma possibilidade de acontecer algo?

_ Não foi isso o que eu disse.

_ Foi, foi sim, foi exatamente o que você disse, "se acontecer algo não é porque é conhecido como o garoto VIP", foram essas as suas palavras.

Eu bati na minha própria boca por falar demais, ainda bem que ele não estava naquele quarto comigo ou ele perceberia o quanto corado eu fiquei com aquela afirmação:

_ Você tem algum compromisso hoje?


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