Capítulo 42

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Theo:

A técnica da massagem tântrica deixou Raulf mais sensível, os toques sutis e a troca de olhar foram uma experiência transformadora tanto para ele como para mim, trouxe uma intimidade, uma cumplicidade, a redescoberta da sensualidade em uma conexão inexplorada do corpo, nenhuma palavra poderia definir a sensação daquela troca de olhar, olho no olho durante minutos, sem que precisássemos dizer uma palavra para saber o que o outro desejava, eu conseguia ver no brilho das pupilas dos olhos de Raulf o quanto ele desejava que aquele experimento resultasse positivamente, mas também conseguia ver o medo, o assombro, a raiva, e o amor que o perturbava.
Todos esses sentimentos controversos eram nítidos em sua linguagem corporal e eu conseguia sentir cada um deles de forma intensificada, mas aos poucos fui sentindo Raulf mais propício a relaxar, seus músculos foram ficando menos tenso e ele mais tranqüilo em  contrapartida eu também me conectava com ele de forma exploradora, sentia que ele me conhecia em meus pontos vulneráveis, esse autoconhecimento era algo novo para mim, mas eram para ele também e isso era bom, por que nos conectamos não apenas com o nosso corpo mais também com a nossa alma.

Quando eu senti que cheguei no ápice da troca de olhar sussurrei em seu ouvido:

_ Deite-se de bruços Raulf , vou iniciar a massagem em você.

Raulf não questionou, nem hesitou em obedecer, deitou-se de bruços e eu ajoelhei-me próximo ao seu corpo pequeno, com a ponta dos dedos de forma bem lenta fui deslizando da nuca até perto de suas nádegas e subia com a mesma lentidão, repeti essa operação algumas vezes, então passei a explorar a lateral do seu corpo da mesma forma vagarosa.

A cada toque eu conhecia o corpo de Raulf de uma forma que nunca conheci nenhum outro, cada ponto sensível de seu corpo, o desenho de suas curvas, a estrutura óssea, cada centímetro de seu corpo era descoberta naquela exploração muda.

Raulf virou-se de barriga para cima e assim como foi feito nas suas costas, agora era feito no seu tórax, os toques bem suaves, desenhando pouco a pouco o seu corpo com as pontas dos dedos, mas acrescentando alguns beijos lentos em seus lábios. Seu olhar preso ao meu, cruzei os meus dedos aos dele e levei aos lábios beijando os nós de seus dedos, Raulf fechou os olhos, senti que sua confiança estava no ponto auge e escorreguei sua cueca por sua perna lentamente, tudo era feito com muita calma, agora a massagem passou a ser na parte inferior de seu corpo, incluindo a penetração com o meu dedo polegar, os gemidos que ele deixava escapar de seus lábios era estímulo para mim, aquela massagem não tinha nenhum teor erótico embora a sensualidade com que era efetuada levasse ao casal a romper essa regra da massagem tântrica, porém, ela era um exercício de estímulo para despertar uma relação sensorial, não que era proibido ter uma relação sexual no meio da massagem, mas essa não era a prioridade da técnica, e apesar de Raulf ter relaxado e até se permitir ser penetrado com o toque, não era o momento de termos um ato sexual, ele ainda não estava preparado para isso, pela minha vontade eu o tomaria ali mesmo ambos estávamos nus era apenas penetrá-lo, mas eu bem sabia que isso não seria benéfico a ele, Raulf até poderia ceder devido ao momento e ao clima que se criou, porém, ao invés de ajudar só faria bem naquele momento, e não era um momento apenas que eu desejava, era uma vida ao lado de Raulf que eu priorizava, então tive que conter o meu ímpeto, o meu desejo, a ardência que eu tinha em meu corpo em prol do bem dele.

Quando finalizamos a massagem, percebi Raulf bem mais acolhedor, um sorriso se desenhou em seu rosto:

_ Está se sentindo melhor Raulf?

_ Nossa Theo, me sinto rejuvenescido, parece que um peso saiu das minhas costas, sinto minhas energias renovadas.

_ Eu fico feliz em saber que te fez bem.

Raulf se aproximou e beijou-me nos lábios:

_ Obrigado Theo, eu não sei onde aprendeu a fazer essa massagem, mas me fez muito bem.

_ Eu fiz um pequeno curso a um tempo atrás, mas, nunca havia colocado em prática.

_ Foi ótima.

Esbocei um sorriso, senti que aos poucos o meu Raulf voltava a confiar em mim e em si mesmo e isso era muito bom, o resultado foi mais do que satisfatório.

Um pouco mais tarde, resolvi pedi um jantar para nós dois, e sentamos na área do flat um de frente ao outro e enquanto nos alimentávamos ainda trocávamos olhares.

Ficamos ali mesmo depois do fim do jantar, olhando aquela paisagem de mãos dadas, o silêncio era palpável, não precisávamos de palavras, parecia que o silêncio dizia mais do que as palavras vagas, palavras fora do contexto, nós dois nos falava com aquela troca de olhar, naquele toque de nossas mãos, na pele com pele, no sorriso que dividimos.
Naquele dia nós dois conseguimos 100% de aproveitamento no nosso experimento, sim eu sentia que conseguimos usufruir com êxito tudo o que planejamos quando iniciamos a massagem, a impressão que eu tinha era que a porta estava fechada e depois daquele traquejo a porta foi aberta para um novo recomeço, mas um passo em falso e tudo poderiam vir a água abaixo, por essa razão não havíamos feito amor naquele momento, tudo teria que ser feito no momento certo, mas foi um passo gigantesco o que demos naquele dia.

Fomos para o quarto um pouco tarde naquela noite, mas fomos juntos, deitamos lado a lado, e ele encostou a cabeça no meu peito, circulei os braços em torno de seu corpo pequeno e ele passava as unhas por meu braço:

_ Eu te amo Theo, te amo muito.

_ Eu também te amo Raulf, você é muito importante para mim.

_ Eu não sei o que seria de mim nesse momento sem ter você comigo.

_ Você não precisa saber, sabe por que, porque isso não vai acontecer, eu não vou te deixar sozinho, você mudou a minha vida e é ao seu lado que eu quero estar, não pense que se livrará de mim assim facilmente mocinho, você é o amor da minha vida.

Ele virou-se ficando de frente a mim e beijou-me os lábios:

_ Eu não quero me livrar Theo, ao contrário, eu quero me entregar a você totalmente, aqui e agora. 

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