Capítulo 33

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Raulf:

Aquele dia foi intenso, a conversa com os tios de Theo me deixou nervoso, mas nem poderia ser comparado com o clima inquietante que ele teve que enfrentar com a minha mãe, e Vlad não ajudava muito, eu sabia que meu irmão tinha o pensamento distorcido, mas, chegar a falar para nossa mãe que ela deveria contratar um garoto de programa era demais, totalmente sem noção.

Theo soube administrar bem a conversa e acabou por convencê-la de que se responsabilizaria pelo meu bem estar, eu me senti uma criança saindo a primeira vez na companhia de outro adulto que não a minha mãe:

_ Você assumiu um compromisso com a minha mãe Theo, agora vai ter que se responsabilizar por mim.

_ Ela sempre age assim protetora com você?

_ É eu sei que é exagerado, mas o Vlad não dá espaço para ela, e eu gosto de fazer ela feliz.

_ Eu não acho exagero, na verdade eu acho que uma mãe deve agir exatamente como ela age. Acho bonito essa forma harmoniosa que vocês têm até mesmo o Vlad dá para perceber que mesmo do jeito torto dele de ver a vida ele tem muito carinho pela sua mãe.

_ Isso é verdade, nós três nos damos muito bem.

_ E o seu pai?

_ Meu pai trabalha fora, vem de mês em mês para casa, ele é o provedor, não deixa nada faltar, mas, isso o torna um pai ausente, mas a oportunidade que temos de todos nos reunir é muito bom, ele é carinhoso, é um pai muito bom.

_ Eu queria muito ter o meu pai aqui, meus tios são muito bons comigo, o Chris é meu primo mas fomos criados como irmãos, mas, nunca esqueci o meu pai.

_ Eu acho que você está buscando a sua verdadeira identidade, buscando resposta para algumas lacunas que precisam ser preenchidas.

_ Se está falando isso sobre aquela mulher...

_ De certa forma tem a ver com ela sim, você era um menino quando tudo aconteceu e é normal que você queira saber o motivo por ela ter tomado uma atitude tão drástica de abandonar o seu pai, mas, principalmente te abandonar.

_ Nada justifica o que ela fez Raulf. Quando vi hoje você e o Vlad com a sua mãe, eu percebi o amor que ela tem por vocês, eu não devia mais senti uma pitadinha de ciúmes, com certeza sua mãe era aquela que estava sentada na primeira fileira nas festinhas na escola, incentivando vocês, com certeza ela foi presente em momentos importantes na sua vida, eu não tive nada disso Raulf, tudo o que eu tive foi um vazio.

_ Você teve a sua tia, mãe é aquela que cria, que dá amor. Não deve buscar em quem não tem nada a oferecer, algo para te preencher.

_ Agora você foi contraditório Raulf, você disse que devo procurar aquela mulher e agora me diz que não devo esperar nada?

_ Eu disse que deve procurar ouvir o que ela tem a lhe dizer e depois colocar na balança os prós e os contras, se você deve deixar ela se aproximar de você ou não, isso só caberá a você Theo.

_ Chega desse assunto, não quero que nada estrague esse dia de decisões, agora que resolvemos assumir que estamos juntos, tem um assunto que tem me preocupado.

_ O que seria?

_ Essência Libertina.

_ Hum...

_ Raulf, você sabe que eu faço parte do grupo seleto do clube, e para todos nós somos os garotos propaganda do clube, envolvimento entre cliente e um dos Vips é meio que proibido, podemos transar, mas nunca nos envolver afetivamente.

_ O que isso quer dizer exatamente, que você vai continuar como solteiro lá no Essência para todos aqueles olhos famintos te comerem sem nem mesmo precisar tocar em você?

_ O único que poderá tocar em mim será você. Podemos ficar juntos lá, só não podemos deixar que ninguém saiba que estamos juntos aqui fora.

_ Não sei se gosto disso, mas não vejo opção se não aceitar.

Virei as costas para Theo meio chateado com aquilo, e ele então me abraçou:

_ Não fica assim Raulf, eu prometo que falarei com o Gerard sobre nós, e dependendo do que ele fale eu dou um jeito de fazer todos saberem sobre nós.

_ Eu confio em você, só que não é fácil ver todos aqueles homens te cobiçando.

_ E acha que é fácil para mim, até o Zac veio falar com você.

_ Você nem precisa se preocupar, eu entreguei o meu coração para você e ninguém tomará o seu lugar.

Ele beijou-me próximo a minha orelha e eu senti meu corpo todo se arrepiar:

_ Nós vamos fazer dar certo, não vamos?

_ Apesar de algumas vezes você ser tão teimoso nós vamos sim fazer dar certo.

_ Se eu não fosse teimoso, nós dois não estaríamos tendo essa conversa agora.

_ Você tem razão, foi teimoso assim que você me conquistou, de inicio eu quis negar para você e para mim mesmo que eu estava interessado, mas quanto mais negava mais esse sentimento intensificava, hoje não posso mais negar que eu me apaixonei por esse rapaz turrão.

_ Theo... você disse que se apaixonou por mim?

_ Sim Raulf, eu não posso mais negar.

_ Theo, é a primeira vez que me diz isso.

_ É eu sei, não pensa que foi fácil, eu estou mesmo apaixonado, mais dizer isso em palavras foi mais complicado do que sentir, eu quero que entenda Raulf .

_ Você não precisa se explicar, Theo eu sei que isso é um processo, você avançou uma fase, outras fases virão, umas mais fáceis, outras mais difícil, mas devagar nós dois vamos vencer todas as nossas dificuldades, não ache que eu também não tenho minhas fases, por que tenho e você tem me ajudado a superá-las também. O epicentro de tudo isso é a superação que nós dois vamos ter que ultrapassar você em relação a esse medo de amar, e eu do meu pudor em relação ao sexo, eu tenho aos poucos me deixado ser guiado por você, mas eu sei que ainda posso me soltar mais para satisfazê-lo.

_ Nós vamos conseguir Raulf, tenho certeza de que vamos.

Eu circulei os braços em torno do seu pescoço e nas pontas dos pés beijei o seu queixo:

_ Com certeza vamos. 

Essência LibertinaOnde histórias criam vida. Descubra agora