Essência Libertina

Capítulo 4

Recapitulando todos os acontecimentos daquela noite em minha mente, fiquei imaginando o que teria acontecido caso eu tivesse esperado Theo retornar, isso fez com que eu perdesse totalmente o sono, a imagem daquele homem nu ficava dançando em meus pensamentos e era difícil afastar aquela sensação de que eu o havia beijado.

Vlad estava revoltado pelo fato de eu ter beijado dois homens e ter fugido de ambos:

_ Você é um completo idiota meu irmão, se fosse eu no seu caso estaria com um riso esfuziante no rosto, mostrando a todos a minha conquista.

_ Conquista Vlad... que conquista... dois homens que eu conheci em uma casa de sexo, que conquista há nisso?

_ Meu irmão ninguém está falando para se apaixonar por eles, apenas para se divertir, curtir o momento entende?

_ Eu não sou assim, já deveria saber, Vlad, eu não transo apenas por transar, tem que ter sentimento.

_ E o que o sentimento fez com você... pegou o babaca do Thobias na cama com outro.

_ Obrigado por me lembrar disso, alias você nem precisa me lembrar, uma traição você não esquece tão facilmente.

_ Ah fala sério meu irmão, o Thobias nunca te mereceu, se quer saber eu poderia até me desculpar com você por ter te falado isso porque sei que te machuca, mas não vou te pedir por que sei que você se livrou daquele traste que espero nunca mais ter que encontra-lo, e se me permite ser sincero, eu tenho certeza de que se você deixasse que acontecesse algo entre você e o Chris, ou entre você e o Theo, ou até mesmo com os dois, nunca mais iria querer saber do babaca e mais iria ver que perdeu dois anos da sua vida se dedicando a alguém que não valia a pena.

_ Está certo cupido do sexo alheio, agora vai para o seu quarto, eu quero ficar sozinho.

_ Você me dá nos nervos.

_ Vlad, está vendo aquilo ali...

Eu apontei em uma direção, a qual ele olhou:

_ É uma porta... saia por ela imediatamente.

Ele saiu batendo o pé com forças, e eu dei risada, balançando a cabeça em negação, fechei a porta após a saída dele e agora estava ali sozinho com a imagem daquele homem em meus pensamentos. As horas se passavam e o sono parecia que fugia de mim.

No dia seguinte após poucas horas de descanso, resolvi levantar-me, estava na hora de dar um rumo a minha vida, quando estava com Thobia parei todos os meus projetos para me dedicar a ele, estava na hora dedicar um pouco a mim mesmo.

Vlad assim que me viu:

_ Pelas olheiras, o Cinderelo dormiu bem pouco essa noite.

_ Cala a boca idiota. Vem comigo na faculdade.

_ Faculdade?

_ É eu resolvi que vou reabrir a matrícula, eu havia trancado por que o Thobias não queria que eu fosse sozinho, ele tinha ciúmes.

_ Aquilo nunca foi ciúmes meu irmão, aquilo era posse, ele dizia e você obedecia.

_ Não é bem assim. Foi eu quem decidiu trancar a matrícula.

_ Claro, depois de meia hora de lavagem cerebral que ele fez com você, até mesmo comigo que sou o seu irmão ele tinha receio que você conversasse. Você se adaptou a ser exclusivamente dele, talvez por isso fugiu do Ch...

_ Vlad, chega de falar daqueles dois, nunca mais os encontrarei, então não tem razão de ficar tocando nos nomes deles.

_ Tá... vamos logo para faculdade, antes que você desista... olha eu estou muito feliz por você está começando a reagir.

_ É preciso seguir em frente, o Thobias foi importante na minha vida, mas tem que se virar a página.

_ Te ouvi falar assim é um sinal de que ainda há esperança para a humanidade.

_ Você leva tudo na brincadeira que idiota...

_ Mas eu estou falando sério... estou crente que milagres ainda existem.

_ Não viverá para ver se continuar com essas brincadeiras.

_ Você é tão sério, tão sem imaginação, deveria se soltar mais Raulf, rabugento assim não conquistará ninguém.

Dei um tapa no topo de sua cabeça e um chute na sua bunda:

_ Se ousar dizer mais uma palavra eu juro que será pior.

_ Dado a circunstância é melhor obedecer.

Não tinha como não rir das palhaçadas do meu irmão, ele via graça em tudo, a maneira como ele lidava com a vida era descontraída, ao contrário de mim que era mais prático, a impulsividade não fazia parte da minha personalidade:

_ Eu sei que você se preocupa comigo Vlad e eu agradeço, mas viver  dissoluto assim, onde vai parar?

_ O que quer dizer com isso?

_ Eu sou o seu irmão mais velho e era eu quem deveria cuidar de você, e não ao contrário. 

_ E você cuida, quem foi que disse ao contrário, você é o melhor exemplo de como não conduzir a minha vida amorosa.

Fingi irritação em minhas expressões e ele deu risada:

_ Brincadeira meu irmão, nós somos diferentes, mas eu sei que se eu precisar, você daria a sua própria vida se possível para me defender, porque esse é você meu irmão, protetor.

_ Nunca duvide disso.

_ Nem por um minuto.

Um pouco minutos depois nós dois adentrávamos os portões da faculdade e efetuávamos a minha rematrícula.  

_ Muito bem, você está de parabéns meu irmão, agora você é novamente o aluno de ciências contábeis, um profissional com capacidade de planejamento e gerência contábil de instituições.

_ É se eu não tivesse trancado a matrícula já estaria perto de me formar.

_ Nada de ficar se focando no passado Raulf, agora é seguir em frente, sem o embuste acoplado nas suas costas.

_ Você sempre detestou o Thobias, eu nunca entendi o porquê?

_ Simples porque sempre soube que ele não prestava. Eu nunca confiei nele. 

_ E no final ele acabou provando que você tinha razão.

Por um minuto deixei que uma névoa de mágoa transparecesse em meu olhar. Mas como sempre Vlad tratou logo de afastá-la:

_ Você sempre foi muito ingênuo Raulf, tá na hora de viver um pouco das coisas boas que a vida tem a oferecer, o Chris ou o Theo é um excelente remédio para a tediosa vida que você leva.

_ Lá vem você voltar com o nome desses dois a baía novamente. Como você pode saber que se eu voltar lá semana que vem eles ainda continuarão interessados.

_ O bom da vida está justamente em não saber o que ela tem para nós no dia do amanhã meu irmão, por essa razão tem que se aproveitar o momento na hora em que ele se apresenta.