Raulf:
Aquela revelação esclarecia muito a forma como Theo enxergava ao amor, havia justificativa no medo que ele tinha em se entregar, mas eu estava ali para ajudá-lo e não pretendia deixá-lo, não depois de ele dizer-me que não era imune ao que eu sentia.
Queria de alguma forma mostrar a ele que o que eu sentia era real, que ele não estava sozinho, eu precisava fazê-lo entender por isso lhe disse:
_ Theo eu estou completamente apaixonado por você, e se você permitir ficarei ao seu lado, eu não vou te deixar, eu prometo não vou te deixar.
Para confirmar o que eu havia lhe dito me permitir ser beijado por ele, um beijo sôfrego, cheio de ânsia, ele beijava-me como se precisasse confirmar que o que eu dizia era verdade.
Normalmente depois daquele momento de confissão qualquer casal acabaria na cama, mas aquela tarde foi diferente. Aquela tarde passamos juntos, sentados ali no sofá abordando sobre o assunto.
Não, não fomos para a cama, mas nos conectamos da forma mais íntima e profunda que dois seres podiam se conectar, nos trocamos confidências e declarações, beijos e carícias, mas não cedemos ao desejo da carne.
Eu procurava aquecer o seu coração com o meu apoio e parecia que ele havia adivinhado o meu pensamento e não tentou forçar uma situação sexual, ao contrário ele segurou as minhas mãos e olhando diretamente nos meus olhos emocionado ele me disse:
_ Raulf, eu tenho receio, acreditar que posso viver isso com você foge totalmente de tudo o que eu sempre acreditei.
_ Theo, nós somos uma equipe, eu te ajudo e você me ajuda, isso é viver o amor, amar é compartilhar experiências, as suas não foram tão felizes com os seus pais e você acabou bloqueando esse sentimento, mas tudo pode ser diferente daqui para frente.
_ Raulf eu juro como eu quero acreditar que isso seja verdade.
_ Ouse Theo, tenha a ousadia de enfrentar esse medo, eu estou aqui com você, vamos viver essa experiência juntos.
Ele voltou a beijar-me, mas havia arestas naquela história que precisava ser resolvida ou se tornaria um fantasma nas nossas vidas:
_ Theo... eu sei que tudo tem seu tempo e que você precisa absorver tudo o que está se passando aí dentro do seu coração, mas... algum dia cogita a ideia de ouvir a sua mãe biológica, ouvir o que ela tem a lhe dizer?
_ Não, isso nunca vai acontecer, minha mãe foi e sempre será a minha tia que não tinha nenhuma obrigação em cuidar de mim e mesmo assim se dedicou a me dar amor que a minha mãe um dia me negou.
_ Eu entendo o seu ponto de vista.
_ Entende, mas, acha que eu deveria procurá-la não é?
_ Não, eu acho que você deveria refletir sobre isso, se você a procurasse hoje, vocês iriam se machucar ainda mais e não acho que isso te faria bem, antes de qualquer coisa, qualquer atitude, você deverá ter resolvido primeiramente aí dentro de você.
_ Raulf nós temos pontos de vistas totalmente diferentes, para mim essa mulher morreu e eu nunca irei lhe procurar.
_ Eu não discordo que ela tenha errado com você, que o que ela fez te prejudicou, mas cada pessoa é responsável pelos seus atos, ela errou quando foi embora com outro homem sem pensar no seu pai e em você, mas seu pai também errou em se entregar a bebida.
_ Ele sofreu por causa dela. Ela o destruiu.
_ Não Theo... não foi ela quem o destruiu, foi ele que sucumbiu a isso, ele poderia reagir de forma diferente.
_ Você está querendo o que defendê-la?
_ Você conhece um lado da história, mas, não conhece a outra parte, não sabe como foi à vida da sua mãe depois que ela os deixou.
_ Isso não me importa, ela escolheu a vida que teve depois que nos abandonou. Se viveu bem, se sofreu, isso não me diz respeito.
_ Diz sim, diz por que isso te afeta mais do que quer admitir, você diz que não quer viver aprisionado a alguém, mas está aprisionado a uma situação, o que é bem pior.
Ele levou ambas as mãos ao rosto angustiado, mas eu não lhe dei trégua:
_ Você viveu com medo de entregar o coração a alguém e se ver abandonado, igual ao teu pai. Aí criou uma proteção que te blindava, por isso essa resistência em se apaixonar.
_ Ah, então agora por que conhece o meu problema te faz um mestre no amor Raulf?
Ele ficou em silêncio antes de falar depois de alguns minutos:
_ Desculpa eu não deveria ter dito isso.
Movi minha cabeça negativamente:
_ Não, não sou mestre de nada e você sabe bem disso, eu também tive experiências ruins, peguei o Thobias na cama com outro e achei que minha vida não tivesse mais nenhum sentido, eu também estou aprendendo, mas ao contrário de você eu não fujo dos meus sentimentos. Quando eu te vi lá no Essência a primeira vez eu me encantei, mas nunca imaginei que hoje estaria aqui te falando isso, mas a vida nos deu essa oportunidade, mas o seu medo pode colocar tudo a perder.
_ O meu medo?
_ Tá na hora de agir como homem Theo, e não como o menino que foi abandonado, eu não estou dizendo que precisa procurar a sua mãe por que sei que ainda não é tempo, que isso é um processo que precisa ser trabalhado aí dentro de você, mas você pode pelo menos pensar no assunto. Em contrapartida eu acho que já evoluir muito na cama com você, já não posso ser considerado uma pedra de gelo.
_ Inacreditável Raulf, você consegue me desestabilizar mesmo nos meus pensamentos mais convictos, nunca pensei em ouvir essas palavras de alguém e concordar com elas.
_ Em relação ao que eu disse sobre você, ou o que disse sobre mim?
_ Os dois, você ao contrário do que aquele idiota falou, você me incendeia, eu chego perto de você e tenho vontade de beijar, abraçar e fazer amor com você, é um fogo que me consome e fica difícil de controlar o meu ímpeto desejo de ter você nu naquela cama o tempo todo, e quanto a mim... ainda que seja difícil admitir, isso me afeta sim, eu percebi hoje quando você não estava aqui o quanto eu me senti inseguro, o medo que você não retornasse me deixou transtornado.
Dessa vez foi eu quem o beijei:
_ Theo eu te adoro.
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Essência Libertina
RomanceUma noite foi o suficiente para Raulf ser convencido de que precisava de muito mais do que uma simples aventura. Após uma traição e um começo de depressão, Vladmir arrasta Raulf para uma noitada e ele o leva para o clube Essência Libertina onde o pr...