Capítulo 23

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Raulf:

Minha vulnerabilidade diante de Theo era algo notável, eu ainda estava sonolento quando ele me beijou o rosto me despertando assim causando um arrepio por todo o meu corpo, eu tinha vontade de beijá-lo, de abraça-lo, mas contive meu impulso apenas concordando quando ele afirmou:

_ Raulf, acorda, venha, o nosso jantar já chegou. Você precisa se alimentar.

_ Eu vou passar uma água no meu rosto e já te encontro lá na sala.

_ Precisa de alguma ajuda?

_ Não, obrigado.

Ter aquele homem sobre o mesmo teto me fazia fantasiar em uma vida a dois com ele, mas essa fantasia nunca seria realizada, pois para ele eu era apenas uma conquista de uma noite.
Indo até ele o encontrei ocupado com os pacotes do nosso jantar, assim que me viu ele deu um passo na minha direção, mas recuou novamente:

_ Quer que eu te sirva agora, podemos comer aqui assistindo alguma coisa, mas se preferir podemos ir para a copa, lá tem uma varanda com a vista magnífica.

_ Pode ser Theo.

Então dessa vez ele se aproximou colocando a mão sobre minhas costas me conduzindo até a varanda, a vista era de fato muito bonita.
Puxando a cadeira ele fez com que me acomodasse e ocupou a outra cadeira que estava vazia a minha frente, a expressão em seu rosto era enigmática,  
algumas vezes eu tentava decifrar o olhar de Theo, mas confesso que aquela situação não era fácil de ser decifrada, a circunstância nos obrigou a ficarmos juntos sobre o mesmo teto mesmo que isso não estivesse nos nossos planos inicialmente, eu estava determinado a fazer essas semanas em que teríamos que ficar juntos serem dias leves e descomplicadas, mas a sensação de insegurança me fazia ter uma vontade enorme de sair correndo dali. 

_ Raulf, eu quero que você se sinta totalmente a vontade aqui, eu causei o acidente e estou feliz em poder cuidar de você. 

_ Theo eu quem tenho que agradecer por me permitir ficar aqui no seu flat para que minha mãe não fique preocupada. 

Estar ali com ele jantando naquela varanda vendo aquele luar sobre aquela vista tão linda era tão íntimo que mesmo o silêncio parecia proporcionar a nós dois um momento indescritível:

_ Acho que precisamos conversar sobre a noite em que passamos juntos, não tem como adiar não é mesmo?

_ Theo, eu já sei o que vai dizer.

_ Se você sabe, me explica, porque eu estou confuso, desde aquela noite eu tenho agido estranho.

_ Como assim tem agido estranho?

_ Raulf, eu já dormir com algumas pessoas, isso não é novidade, mas nenhum me fez agir da forma como tenho agido com você.

_ O que isso quer dizer?

_ Quer dizer que eu não sei como agir com você, que você me faz fazer coisas que nenhum outro conseguiu, como hoje lá no Essência, eu nunca havia feito algo parecido.

_ Ah, você está se referindo aquela cena...

_ Sim, eu estou me referindo aquela cena que eu fiz para você, passar a noite com você foi maravilhoso, eu gostei muito, mas devo confessar que normalmente o meu interesse acabaria aí em uma única noite, foi assim que aconteceu com todos os outros com quem já transei, mas não é assim com você Raulf, desde aquela noite eu não consigo tirar você do meu pensamento, e hoje antes de ir para o Essência, você tem ideia de onde eu fui?

Raulf balançou a cabeça negando:

_ Eu fui para frente da sua casa, eu queria te ver.

_ Você queria me ver para que, fala Theo, para que queria me ver?

_ Eu não sei, só senti a necessidade de te ver Raulf.

_ Theo, é possível que você tenha algum sentimento por mim?

_ O que quer dizer com sentimento Raulf... amor, paixão?

_ Sim...

_ Eu nunca me deixarei ser aprisionado por sentimentos assim Raulf.

_ Aprisionado, Theo a paixão, o amor não é uma prisão.

_ Ah não? _ Então me explica como uma pessoa apaixonada se comporta, como uma pessoa que se diz amar outra se comporta, se não como se estivesse aprisionada a outra, dependendo da outra para ser feliz.

_ Você está equivocado, o amor é uma troca, você recebe, você dá.

_ Isso é muito bonito Raulf, de verdade, mas eu sei o quanto o amor pode destruir uma vida.

_ Eu não sei de que tipo de amor você se refere, mas o amor constrói, nunca destrói.

_ O tipo de amor que você descreve eu desconheço Raulf, sinto muito. Em nome desse amor as pessoas sofrem, choram, se destrói, se prendem a uma pessoa que não tem nada a oferecer.

_ Eu não sei  o que você entende como amor Theo, contudo eu posso lhe garantir que não é como você descreveu, o amor é um sentimento bonito, um sentimento leve...

_ Não tem nada de leve nesse sentimento Raulf, olha para você, se dedicou dois anos a um idiota e o que foi que ele fez, levou outro para a cama. Isso te fez sofrer.

_ Sim, eu não nego que me fez sofrer.

_ Está percebendo o quanto em nome desse sentimento as pessoas são infelizes.

_ Isso não é verdade, o fato do Thobias não saber amar, não significa que o amor seja algo destrutivo, e olha o que aconteceu depois, nós nos conhecemos.

_ Depois que você apareceu na minha vida tudo ficou muito confuso. Eu já não controlo os meus impulsos, tenho vontade de... estar com você

Me ergui indo até Theo e parei a sua frente:

_ Eu estou aqui Theo, estou aqui com você, se para você as coisas ficaram confusas, para mim também ficaram, eu nunca havia me entregado da forma como me entreguei a você.

Theo ergueu-se da cadeira ficando rente ao meu corpo, então levou ambas as mãos ao meu rosto trazendo a juntar nossos lábios:

_ Você me enlouquece Raulf, eu não sei como agir com você.

_ Aja naturalmente Theo.

Avassaladoramente nossos lábios se encontraram e não demorou para que estivéssemos na cama, meu coração acelerava, seus lábios exploravam o meu pescoço, mas de repente ele parou:

_ Seu braço... temos que ter cuidado com o seu braço.

_ Não se preocupe com isso Theo, vamos ter cuidado, apenas continue de onde parou.

Ele me olhou e sorriu, mas seu sorriso desapareceu quando ele juntou novamente seus lábios ao meu em voluptuoso desejo, apertando com mão firmes o meu quadril.

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