Capítulo 27

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Raulf:

Amigos...

O peso daquela palavra caiu como uma bomba, uma realidade que estava nítida e eu não queria enxergar, para o Theo tudo não passava de amizade, mas eu idiota acabei me iludindo e deixando meu coração se entregar daquela forma a ele, mesmo sabendo que ele não estava disposto a viver o mesmo que eu.
Não era culpa dele, eu bem sabia desde o início que ele não acreditava em amor, paixão, atração, mas toda aquela circunstância me levou a acreditar que o sonho fosse possível e naquele momento crucial em que Vlad lançou a pergunta, eu esperava que ele respondesse outra coisa, ou até mesmo deixasse de responder.

Fico pensando se era melhor que ele não tivesse respondido, mas logo minha mente me traí e confirma que foi melhor assim, quanto antes eu me desse conta, de que Theo jamais iria corresponder aos meus sentimentos mais fácil seria arrancá-lo dos meus pensamentos.

Sem dúvida alguma eu precisava sair dali antes que alguém percebesse o meu desassossego com aquela afirmação do Theo, e com a desculpa de que precisava descansar deixei Theo e os rapazes e fui para o quarto.

"_ Sensacional Raulf, agora você passou o atestado de idiota do ano" _ Disse a mim mesmo em pensamento.

Theo se juntou a mim depois que os rapazes foi embora e eu não consegui disfarçar o meu desapontamento:

_ O Vlad queria vir se despedi, mas eu convenci de que você precisa de descanso, ele pediu que ligasse para sua mãe.

_ Estou pensando em voltar para casa, assim não serei obrigado a mentir para ela, odeio mentiras, mesmo as que parece inocentes pode trazer dores de cabeça.

_ Como assim Raulf, voltar para casa, não está sendo bem tratado aqui?

_ Não é essa a questão, eu apenas acho que estou te dando muito trabalho. Você não tem nenhuma obrigação de cuidar de mim.

_ Porque você está falando isso agora, o que mudou de ontem para hoje?

_ Não mudou nada Theo, eu apenas me dei conta de que posso estar abusando da sua hospitalidade, e você está sendo gentil por sermos amigos.

_ Para Raulf... eu já entendi tudo, isso tudo é porque eu disse que somos amigos?

_ Theo, sejamos práticos ok, somos amigos? _ Acha mesmo que somos apenas bons amigos, amigos não fazem o que fizemos, eu não durmo com amigos. Mas não se preocupe eu não estou te cobrando nada.

 _ Raulf você não precisa ir, vai deixar sua mãe preocupada a toa, eu não vejo problema algum em compartilhar com você o mesmo teto, ao contrário eu tem me feito muito bem, eu garanto.

_ Tudo bem Theo, pensando na minha mãe eu vou ficar, mas eu tenho um pedido para fazer, não me beije, não me toque se possível não me olhe com esse seu olhar de quem deseja algo a mais, se somos amigos, vamos agir como tais.

_ Você já decidiu que vai ser assim não é, não há o que se discutir.

_ Não há o que se discutir, acho que a situação está bem clara na minha cabeça e na sua, para você eu não passo de um amigo.

_ Caramba Raulf, você é muito radical. Você não deixa espaço para uma conversa.

_ Conversa Theo... o que quer falar que ainda não tenha dito?

Vi que ele tentou uma aproximação, com o máximo de esforço eu me afastei, seria melhor assim:

_ Eu acho que um espaço entre nós se faz necessário, já que temos que dividir o mesmo espaço vamos impor limites, eu a partir de hoje irei dormir no sofá.

_ Que absurdo é esse Raulf, nós somos adultos, sabemos controlar os nossos desejos, você com esse braço machucado dormir em um sofá apertado vai acabar se machucando ainda mais. Se for o caso eu quem devo dormir no sofá.

_ Para de besteira a casa é sua, isso sim seria um absurdo.

_ Então está decidido nenhum de nós irá dormir nesse sofá, mesmo ocupando a mesma cama não precisaremos fazer nada se você não quiser.

O resto do dia foi bem tenso, eu evitei qualquer contato com ele, até mesmo na hora em que fui tomar banho, para despir-me tive grande dificuldade, fazer tudo com um braço só não é tão fácil como se pode imaginar, mas consegui retirar minha roupa, porém na hora de colocar a roupa me vi obrigado a pedir sua ajuda.
Era inegável que eu não conseguia ficar perto de Theo sem que sentisse vontade de beijá-lo, mas eu tinha que me acostumar com o fato de que Theo não sentia o mesmo e uma relação assim jamais daria certo.

Compartilhar a cama com Theo naquela noite foi perturbador, sentir o corpo dele tão perto e ao mesmo tempo tão longe, eu não sei quanto a ele, mas eu dormi bem pouco aquela noite e acordei bem cedo na manhã seguinte ir para a faculdade, ele ainda estava adormecido quando saí, deixei apenas um bilhete avisando para onde tinha ido para que ele não ficasse preocupado.

Tentei prestar atenção na aula, mas algumas vezes meus pensamentos vagueavam e me levava até Theo, não podia e não queria me afastar dele, mas chegaria a hora de dizer adeus, eu não poderia ficar para sempre em seu flat, eu sabia que o fato de ter concordado em permanecer lá não tinha nada a ver com a minha mãe, sim ela ficaria preocupada, mas ela vendo que eu estava bem aquietaria o seu coração, se eu fosse sincero comigo mesmo eu tinha que admitir que se aceitara permanecer ao lado de Theo era porque eu tinha esperança de que ele sentisse o mesmo que eu, mas isso era um sonho difícil de se realizar.

Depois da aula liguei para o Vlad vir me encontrar:

_ Vlad, tem como vir me encontrar aqui na faculdade?

Em meia hora ele estava ali, e fomos para uma lanchonete:

_ O que foi Raulf, você parece preocupado?

_ Vlad... eu preciso ouvir uma opinião de uma pessoa de fora, antes de falar qualquer coisa me escuta primeiro sem me interromper tá.

Ele moveu a cabeça concordando:

_ O Theo e eu nós temos dormido juntos, quando estamos juntos tudo é maravilhoso...

Contei com detalhes tudo o que acontece entre Theo e eu:

_ Ele só me vê como amigo Vlad, mas eu me apaixonei por ele.

_ Raulf... o Theo sempre foi considerado o VIP mais exigente por não se envolver com ninguém, ele sempre foi muito desejado por muitos ali no Essência, mas sempre manteve sua vida pessoal muito privada, com você foi diferente, ele não apenas te levou mais de uma vez para o quarto lá no Essência como levou você para o flat fora do Essência, eu poderia dizer que ele não serve para você meu irmão, mas não posso dizer isso, porque acredito que ele tem sentimentos por você.

_ Ele não tem Vlad, ele não sente mais do que amizade por mim.

_ O Chris deixou escapar uma história de quando o Theo era adolescente e passou por um trauma, ele não detalhou sobre o que seria, mas disse que ele sofre de filofobia.

_ Filofobia... medo do amor?

_ Isso mesmo, o Theo tem medo de se apaixonar, mas acho que ele já está apaixonado porém ele vai querer fugir desse sentimento.

_ Eu sinto mesmo que ele foge do que sente, eu sei que podemos ser feliz se ele se permitir

_ Só você pode ajuda-lo Raulf, não desiste dele, se você acha que está apaixonado por ele e que tem um futuro feliz ao lado dele, só você conseguirá arrancar esse medo que ele sente e fazer brotar o amor ali naquele coração. 

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