O retorno

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Riverdale é uma bela e encantadora cidade para quem vai visitar apenas em um fim de semana, pelo pop's, onde há o melhor Milk shake e hamburguer do mundo, sua adorável igreja, cachoeira e o Sweetwater, aquele rio lindo, mas ultrapassar esses limites era algo para corajosos. Aquelas florestas, por exemplo, que povoava boa parte de Riverdale, tinham seus encantos, mas quando eu era mais nova, e as coisas não eram tão pesadas assim, onde só adolescentes imprudentes conhecia o lado "negro" de tudo. Com o passar do tempo notei que não era tão assim, ela é assustadora e já abrigou muita coisa errada ali e muitas coisas que nunca saberemos. Aquele lugar me trouxe coisas ruins, mas confesso que algumas boas, como uma paixão avassaladora que virou um amor, que até hoje se abriga no meu coração, mesmo após longos anos e o atual amor da minha vida, mas admito que me trouxe mais coisas ruins. Esse nome não saia da minha cabeça, e só de pensar que eu precisava voltar aquilo me dava um frio na barriga. Essa tortura vem se arrastando a três dias quando soube que meu pai havia falecido e quando soube que precisava voltar aquele lugar terrível. Começava a pensar como seria reencontrar as pessoas que ficaram para trás, os lugares, a cada canto dali tinha uma história a ser contada e claro minha antiga casa que não via há muitos anos e claro, temia muito reencontrar aquele amor avassalador que até hoje me perturbar o sono. Meus devaneios são interrompidos pelo amor da minha vida!

— Mãe? Mãe? Terra chamando! — O menino estala os dedos na minha frente e desperto.

— O que filho?

— Mãe, acabou o cereal?

— Não meu amor, tá no armário, eu pego pra você!

— No que estava pensando? Estava tão longe!

— Em nada! Olha aqui! — Entrego o cereal a ele. — E o leite está na geladeira! — Volto a minha cadeira na mesa e continuou tomando meu café!

— No meu pai? — Questiona sem rodeios e quase me engasgo.

— O que? Tá louco garoto? Você quer me dizer por que só fala nisso agora? Já faz quase um mês que seu disco tá arranhado nisso.

—Mãe, eu sou o único garoto da escola que tem uma mãe que nem fez trinta anos ainda e o único que não tem pai, isso parece bem confuso!

— Ok, você lembra que a mamãe disse que o vovô morreu? Querido, e-eu estou com a cabeça cheia e muito triste, por favor, pode respeitar isso?

— O avô que eu nunca conheci, por que disso também mamãe?

— Charles Smith! — Lhe chamo atenção devida pressão que me fazia.

— Desculpa mãe! — Ele se senta ao meu lado e começa a comer.

O Charles nem quando bebê me deu trabalho, era um garoto doce, inteligente e muito carinhoso, além de lindo, de pele clara como eu e seu pai, mas seus cabelos loiros, como os meus, assim como seus olhos azuis, porém, a forma do rosto, assim como o formato dos olhos, a boca carnuda e o nariz eram iguais aos do pai, ele era lindo demais, e como parecia com o pai, nossa, qualquer um de Riverdale, que visse ele diria de quem é filho. E isso também estava me deixando aflita. Não entendi bem como ele de repente ficou tão questionador e sempre tentava me colocar contra a parede para saber do que tanto queria. E há um mês ele me fazia essas perguntas quase todos os dias e eu estava começando a entrar em pânico só de pensar que não sabia o que responder. Sempre fui eu e ele, e ele nunca tinha questionado dessa forma, parecia o bastante para ele, e não queria tentar entender agora de onde surgiu tanta curiosidade, agora eu só conseguia pensar em ser egoísta e pensar na morte do meu pai, único parente que apesar de não ver a anos, era o único que eu tinha. E novamente meus pensamentos me levaram para hoje à noite, quando eu finalmente chegaria a Riverdale.

Falice - De volta ao destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora