15

3.5K 204 5
                                    

Cecília Oliveira
16:30

Tenho certeza que eu sou a menina mais sortuda do mundo só pela família que eu tenho!
A minha mãe é o meu anjo da guarda e eu não poderia ter mãe melhor.

Quando a mulher que me gerou me deixou e pediu pra que ela ficasse comigo ela nem pensou em negar, só me acolheu, mesmo eu sendo uma desconhecida e ser "filha" do ex marido dela com uma estranha.

Mas ela não ligou pra isso e sempre fez questão de dizer que eu e o Lucas éramos iguaizinhos pra ela, mesmo que eu não tenha sido gerada na barriga dela.

E fomos criados assim, o que um tinha o outro tinha.

As vezes eu me sinto um pouco insuficiente por pensar que nem o Alex e nem a Carla me quiseram. Já tive e tenho alguns problemas por isso e a um tempo passa numa psicóloga pra aprender a lidar melhor com isso. Mas a minha mãe sempre me diz que eles que não eram suficientes pra mim e que eu não deveria me sentir assim.

Mas são pensamentos e sentimentos que eu não consigo controlar por completo. Mas estou aprendendo.

Isso me impede de me relacionar bem com as outras pessoas também. Tenho medo de não ser suficiente pra elas, por isso não tenho amigas, só algumas colegas na escola.

Mas também não sou uma idiota, coitadinha.
Desde sempre andei com o Lucas, o Bruno e alguns amigos deles, então sou até muito esperta pras coisas.

O Lucas sempre foi menos sensível e sabe lidar com as coisas com mais firmeza. E é o meu porto seguro, depois da minha mãe.

Já eu sou mais sensível, sinto mais as coisas, mas não sou de chorar na frente das pessoas, muito difícil isso acontecer.

Quando eu vi o Alex na casa do tio Marcos senti várias coisas que não sei explicar. Mas principalmente raiva e tristeza.

Queria gritar tudo que eu estava sentindo, mas não consegui, só pensei em sair de lá o mais rápido possível. 

Ver ele de perto foi totalmente diferente do que eu imaginei que fosse ser.
Queria poder ter as repostas pras inúmeras perguntas que rondam a minha mente.

Mas como sempre a minha mãe soube me deixar calma.
E Lucas como sempre se fazendo de durão, mas a gente sabe como é a peça.

A um tempo comecei a participar do projeto de dança aqui no morro, nunca pensei que ia gostar tanto de dançar, mas gostei e quase todos os dias a tarde eu venho pra cá, foi uma maneira de poder me expressar sem precisar falar.

E depois vou pro mirante, é um lugar bem tranquilo e tem uma vista linda, dá pra ver o morro inteiro e também algumas ruas próximas. Acho que devia escrever meu nome nesse banco, já que sempre fico sentada nele.

Hoje o Lucas veio comigo, as vezes ele vêm e ficamos aqui um tempo.

Ainda estava cedo então ficamos ouvindo música.
Minha mente viajava em tudo que estava acontecendo e isso me fazia ficar ansiosa com tudo que poderia acontecer daqui pra frente e por tabela eu mesma me frustrava com os pensamentos ruins.

A gente não precisa falar pra saber o que o outro está sentindo, ele me entende e eu entendo ele, sem precisar falar nada.

Abracei as minhas pernas deitando minha cabeça nos joelhos, sentindo o sol quentinho do final da tarde me esquentar.

Começou a tocar uma das músicas que eu mais gosto.

Céu azul do Charlie Brown Jr.

Essa música me deixa calma e me faz sentir leve. Aliás música me acalma.

Luz em todo morroOnde histórias criam vida. Descubra agora