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12 de Maio de 2019

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Alex Oliveira
Sábado
10:30am

Cinco horas da manhã, foi a hora exata que o Ravi decidiu que queria nascer. Estourou a bolsa, molhou a cama, derrubou a minha pressão e acordou a casa toda.

Mas não era a hora dele nascer a ainda. Liguei pra médica todo nervoso, fomos no hospital e ainda faltava muito.

O parto vai ser em casa e dentro de uma piscina tipo aquelas de criança que a Laís comprou.

No começo eu achei uma loucura do caralho e já pensei que meu filho podia morrer afogado. Mas ela me fez assistir uns trinta vídeos disso no YouTube, achei bonito e fiquei traumatizado, espero não desmaiar, mas só fiquei mais calmo quando a obstetra que tá acompanhando me explicou.

Vai ser bem na sala, tiramos tudo de lá, a Maria deu uma geral e ficou só a piscina.

As contrações começaram ontem, de madrugada a bolsa estourou e agora eu estou ajudando ela na bola, pra ver se aumenta um negócio chamado dilatação.

Toda vez que vem ela chora de dor, aperta a minha mão e me xinga de todos os nomes possíveis.

Coloquei a bolsa de água quente sobre a barriga, fiz a massagem que a médica me ensinou embaixo nas costas dela e até ajudou um pouco.

Também colocamos músicas, a Cecília que colocou, ela que montou a "playlist" pra esse momento.

Tem quatro enfermeiras, a médica, o Lucas e a Ceci aqui, ajudando e monitorando o Ravi.

- Puta que pariu!- gritou segurando em mim- Nunca mais você vai colocar outro filho aqui!- apertou mais os meus braços e fechou os olhos com força.

Eu tava rindo de nervoso, a minha pressão até cair já caiu. Já rezei e já chorei também. Nunca vi ninguém nascendo e nem se compara com nada que eu já vivi.

Entramos na piscina que estava cheia de água quente/meio morna, sentei atrás pra ela poder encostar em mim. Toda suada a minha bichinha e cansada também, ela não conseguiu dormir direito depois que a bolsa estourou.

Joguei água nas costas dela e tirei os cabelos que grudaram no rosto. A respiração estava ofegante.

- Respira de vagar!- ela agarrou a minha mão e apertou.- Ele já tá vindo, só mais um pouco!- beijei as costas dela que começou a chorar muito.- Chora não amor!- a abracei e coloquei a mão sobre a barriga.

Toda vez que ela chora me da vontade de chorar junto.

A gente estava esperando que não doesse muito, porquê não doeu no parto do Lucas. Mas não foi bem assim.

As contrações começaram a vir uma por cima da outra, sem intervalo.

A hora tinha chegado e eu até me arrepiei quando avisaram.

Só estávamos eu e ela dentro da piscina, a médica falava o que tinha que fazer e eu fazia, pra poder ajudar e a incentivar.

- Laís na próxima você tem que ajudar fazendo força!- ela concordou me olhando.

A contração veio, a dor e os gritos dela também. Os olhos e as mãos fechadas mostravam o tanto de força que ela estava fazendo.

Ele estava vindo.

- Mais uma vez!- a médica pediu, faltava só um pouco pra ele sair, já dava pra ver a cabeça dele saindo.

Ela respirou fundo deitando a cabeça no meu ombro.

Luz em todo morroOnde histórias criam vida. Descubra agora