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Alex Oliveira
Quarta
14:30

Hoje o dia tá daquele jeito, uma zona, do nada brotou uma pá de problemas do chão.

Avisaram pra gente hoje de manhã que no sábado vai ter uma reunião dos caras da cúpula e que eu e Caco devemos ir, mesmo que nenhum de nos seja um dos cabeças da cúpula.

Quando eu fui preso, eles que deram a maior força pro Caco ficar de frente, porquê já tinha vários zoiudos querendo tomar pra eles, são os caras lá que decidem como as coisas funcionam. A gente já tem um conceito com eles por conta do meu pai, que era da cúpula.

Essa reunião deve ser só pra passar o "planejamento anual", que não é nada além de metas que os morros que fazem parte da facção devem alcançar com as vendas e etc. Só pra encher o bolso deles mesmo, porquê uma parte do lucro tem que ser mandando pra cúpula. E fazer a gente vestir roupas caras, porquê depois dos negócios tem uma festinha, que geralmente tem muita comida gostosa.

A Bruna foi comprar uns panos pro Caco e pedi pra ela comprar pra mim também. Porquê eu tô largado as traças nesse mundo. Até a minha mãe me abandonou. Agora que ela arrumou um coroa francês não está nem ai pra nós, dizendo ela que ele estava passando uns dias na pousada dela em Arraial e se apaixonaram.

Tomara que faça ela feliz, depois do meu pai ela nunca se envolveu com ninguém, já deve tá virgem de novo. Meu Deus por que eu tô pensando nisso?

Que viajem.

Sai da boca pra ir em casa tomar um banho, hoje o calor tá de fritar um ovo no asfalto.
Até o vento estava quente.

Tomei aquele banho mil grau. Fiquei lindo e cheiroso igual mamãe me fez e fui tirar as minhas blusas da máquina de lavar.

Essa máquina de levar roupa é o Karma da minha vida, Cê tá doido, essa semana tive que comprar uma nova, deixei a outra na parte descoberta da área, ligada na tomada, choveu e fudeo tudo.

Essa aqui tá mais fácil de mexer. Hoje de manhã saí na pressa e só fiz socar as blusas dentro dela, botei o sabão, liguei e deixei ela trabalhar.

Nem deu tempo de abrir a tampa pra ver, bateram na porta da minha residência e eu fui abrir.

- E aí!- falei vendo a Laís parada ali. Ainda bem que eu tomei banho, já estava vencido- entra aí!- dei espaço.

- Não precisa, só vim trazer a sua blusa, ia trazer antes mas não deu!- me estendeu a blusa, porra minha deusa nem uma sacolinha?

- Que nada pô, entra aí!- tô chamando a mina pra entrar e não tem nem um café. Ela entrou e eu fechei a porta.- tô mexendo na máquina de lavar roupa lá no fundo. Quer uma água?

- Você lavando roupa?- perguntou rindo.

- desconfiando do meus dons de dono de casa? Sabe de nada, chega ai.- andei na frente indo pra área e ela veio atrás.

Abri a tampa da máquina e puxei uma das blusas e ela veio rosa. R o s a. Só tinha blusa branca aqui.

- Caralho sua máquina do cão, quê que tu fez com a minha blusa?- fiquei indignado.- Era branca essa porra!- Laís estava rachando a cara de tanto rir, nem tem graça- só pra me queimar né sua desgraçada!- meti o chute naquela lata.

- Aí meu Deus!- secou as lágrimas que saiam dos olhos dela de tanto rir.- Você deve ter misturado alguma colorida.

- Ela veio sozinha, porquê eu só botei brancas aqui!- ela andou até a máquina e começou a puxar as blusas e pondo dentro da pia. Mas eu tava ligado em outra coisa, caralho viado que bunda é essa. Ela ficou meia inclinada pra pegar as roupas dentro da máquina e estava com a bunda bem pro alto.

Luz em todo morroOnde histórias criam vida. Descubra agora