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Laís Silva
Terça
11:30am


Minha vida passou por grandes mudanças durante todo esse tempo. Nem sou capaz de descrever tudo.

Mas posso afirmar que todas elas foram essenciais para o meu crescimento.

Me tornei a mãe que eu sempre quis ter. Passei por alguns perrengues, situações que depois eu ficava pensando " Jesus, não era eu". Mas por um filho uma mãe faz coisa, imagina dois.

Cada dia que passava eles cresciam ainda mais espertos e saudáveis. Me enchendo de orgulho.

Mas é só entrar na adolescência que o caldo engrossa. Nunca fui de proibir, eu falava " isso aqui é errado, quer fazer? Faz, mas segura as consequências nos peitos depois" e assim eles foram aprendendo, errando algumas vezes, mas aprendendo.

Eu continuei com os meus negócios, consegui crescem ainda mais e prosperar, eu tinha orgulho de mim.
Pela mulher que me tornei.

Nunca me envolvi "sério" com ninguém, mas também não parei a vida, continuei saindo, aproveitando e me divertindo.

A pouco mais de uns três meses que eu entrei numa coisa mais séria com o Rodrigo, não é um namoro é tipo "ficante fixo" como falam hoje em dia, conheci ele numa formação em São Paulo, ele também é daqui do Rio, temos algumas coisas em comum, mas eu ainda fico com o pé atrás.

Sabe aquele medo dessa pessoa fazer a mesma coisa que a outra e te magoar? Eu era assim. Gostava da presença dele, mas não gostava que ele entrasse de mais e ele me entendia.

Já tinha apresentado o Rodrigo prós meninos, a Cecília sempre foi mais aberta e receptiva e o tratava bem. Mas um senhor encrenqueiro e pescoço duro vulgo Lucas, não ia com a cara do Rô, não fazia nem questão de ser um pouco simpático. E olha, falta de conversa não foi, então parei de insistir.

Lucas tinha muito da personalidade do traste do Alex, a Cecília também, quando quer é uma chata.

Quando eles já estavam com idade pra entender as coisas eu contei a verdade e deixei que eles tirassem as próprias conclusões e eles só falaram que não fazia diferença e não queriam ter proximidade com ele, já que ele escolheu isso.

Mas sempre tiveram um ligação muito forte com toda a família.

Caco comentou comigo ontem que o Alex sairia hoje, no dia do aniversário dele. Tive que me preparar psicologicamente, não por mim, mas pelos meus filhos.

Pedi pra Ceci chamar o Lucas pra almoçar enquanto eu colocava a mesa.
Lucas e Bruno andam colados, se achar um acha o outro.

- Mãe!- olhei pra porta cozinha- Não achei o Lucas!- falou com a maior cara de bunda.

- Deve tá no mundo com o Bruno, daqui a pouco ele dá as caras!- concordou pegando os copos no armário- que cara é essa?

- Eu... eu vi o Alex!- contou toda sem jeito.

- Aqui?- assentiu, me aproximei dela.

- Na casa do tio Marcos, fui perguntar pro tio se ele sabia do Lucas e ele estava lá!

- E por que essa carinha?

- Foi estranho, saber de tudo com ele longe é diferente, mas com ele aqui é ainda pior. Como ele conseguiu mãe?- me abraçou pondo a cabeça no meu peito.

- Não sei filha! Só sei que quem perdeu foi ele. Não precisa ficar assim, as coisas vão continuar como são!- falei mais pra mim do que pra ela.

- É, agora ele vai ignorar a gente de perto!- me doía o coração ver ela falando assim.

Eu sempre fiz de tudo pra que eles não sentissem falta da presença de um pai, mas as vezes é inevitável. Ainda mais da maneira que as coisas aconteceram.

Luz em todo morroOnde histórias criam vida. Descubra agora