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Cecília Oliveira
Sábado
17:40


Nem preciso dizer que a semana inteira aqui nessa casa foi de "festa", em plena terça feira meu pai fez um churrasco e chamou várias pessoas pra poder contar da gravidez, inclusive parece que quem está grávido é ele.

Quarta chegou em casa com várias roupinhas de bebês e sapatinhos, posso garantir que roupa branca, amarela e verde bebê o meu irmão ou irmã vai ter a rodo. Minha mãe ficou sem palavras, na verdade todo mundo, meu pai é muito exagerado. 

Na quinta, mas não menos importante, ele chegou em casa com duas tatuagens novas e espaço pra mais uma. As tatuagens são a data de nascimento do Lucas, a minha em números romanos e o espaço é pra por a do bebê.
Eu achei fofo e gostei.

Na sexta a minha mãe mandou ele aquietar o rabo e parar de inventar coisa. Mas vocês acham que ele parou? Não parou, ontem de manhã quando descemos pra tomar café ele tinha arrumado a mesa com comida pra um batalhão e um buquê de rosas brancas enormes pra minha mãe. Eu também achei fofo, exagerado, mais fofo.

E eu só posso dizer que estou feliz de mais também. Era o que faltava nas nossas vidas, pra tudo ficar completo e o pai ficou radiante, se pudesse ele andava por ai com uma plaquinha.

É muito lindo ver como ele está se esforçando, fazendo de tudo pra ficar mais em casa e cuidar da minha mãe, mesmo não precisando e de forma exagerada, mas está.

E tudo que eu sinto é felicidade, não só eu, o Lucas também. Pode ser que alguém pense que ficamos com raiva por ele estar sendo assim agora e com a gente não foi, mas são situações completamente diferentes e agora o meu pai é outra pessoa, ele mudou e tudo isso é só mais uma prova disso.

Não tem como ter raiva, séria egoísta da nossa parte, o nosso irmão ou irmã não tem nada haver com o que passou.

- Tem certeza que tá bom?- perguntei pro Kaique, estamos saindo aqui do Vidigal pra ir pra Rocinha, pra eu conhecer os pais dele. Tô nervosa de mais, meus pais disseram que a roupa tá boa, mas fiquei com medo de tá muito simples.

- É a quinta vez que você me pergunta e é a quinta vez que eu digo que tá. Relaxa moranguinho, tá linda assim, meus pais não ligam pra isso!- agora ele pegou essa mania de me chamar de moranguinho, na cabeça dele meu rosto tem formato de morango e quando eu fico com vergonha e as minhas bochechas coram eu fico igual a um morango. 

Fomos de uber até a Rocinha e quando chegamos eu vi de longe um cara alto e forte, que ele disse ser o pai dele, o Sales. Ele e o Kaique não se parecem muito só alguns traços.

Fomos nos aproximando e eu só ficando mais nervosa, ele percebeu e pegou na minha mão.

- Demorou em!- o pai dele falou o abraçando. Acho que o Kaique ainda não se acostumou com isso, porquê ficou todo sem jeito.

- Foi mal. Essa aqui é a Cecília minha namorada, Cecília esse aqui é o meu pai, Sales!- nos apresentou e eu estendi a mão pra ele, bem educada, mas o cara me puxou e me abraçou.

- Bem vinda a família Cecília!- eu ri, ele era muito alto gente, tava me engolindo.

- Obrigada!- Respondi quando ele me soltou.

- Vamos pra casa, a sua mãe tá pra botar um ovo!- Kaique concordou e entramos num carro.

A casa deles é bem longe da entrada numa parte bem isolada.

Descemos do carro, enfrente a uma casa enorme e cheia de seguranças na frenre, ele segurou na minha mão, fomos entrando na casa e logo uma mulher muito bonita, negra e do cabelão cacheado apareceu na sala, a cara do Kaique. Pense numa mulher linda.

Luz em todo morroOnde histórias criam vida. Descubra agora