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Kaique Martins
19:00


Eu cheguei como? Todo trajado. Não de terno e gravata porquê eu não sou nenhum almofadinha. Mas fui na moral.

Blusa preta, calça jeans escura, porquê o preto me deixa nojento de gato, a minha correntinha fina de ouro e claro o meu perfume mil grau.

O pai tava arrasando.

Isso tudo é pra não dizer que o cu tava trancado e quando eu bati na porta todo o discurso que eu planejei foi pro caralho e tô suando de nervoso.

Quem veio abrir a porta foi a sogrinha. Gata pra caralho, só tem mulher bonita nessa família.

- Relaxa vai dar tudo certo!- teu dois tapinhas nas minhas costas, até relaxei um pouco.

Ela não vai deixar ele me matar.

Acabei lembrando da minha mãe, ela ia estar orgulhosa de mim e iria dizer pra eu ficar calmo também.
Quase todos os dias eu falo com ela, mas não é a mesma coisa de conviver no dia a dia.

Passei a mão na calça pra secar ela e segui a Laís até a entrada.

Mal pisei o pé e todo mundo olhou na minha direção, com uma interrogação no rosto.

- Hoje o Kaique é meu convidado pra jantar com a gente!- a Cecília ficou pálida e me olhou perguntando o que eu estava fazendo. Só sorri pra ela entender que tava tudo no esquema.

- E ai!- falei.

- Por que?- Alex questionou.

- Porque eu quero oras. Vamos a comida já está na mesa!- seguiu pra sala de jantar que é dividida por uma ilha. Ninguém falou mais nada.

Sentamos na mesa e eu fiquei do lado do Lucas, de frente pra Cecília e pro Alex. A Laís na parte de cima. Deu pra entender? Espero que sim.

Eu tô nervoso.

Lucas me deu um cutucão rindo. Filho da mãe, rindo da situação.
A comida tava do caralho, até esqueci um pouco do que eu vim fazer aqui.

__________

21:20pm


Durante o jantar a Laís também puxou vários assuntos pra eu ficar mais à vontade e deu certo. Mas não podia ficar enrolando toda vida. Então comecei a falar.

- Eu vim aqui não só pra comer. Mas porquê eu preciso conversar com vocês. Não é nada ruim. Pelo menos pra mim não é.- cocei a garganta.

Agora nós estávamos na sala e eu suando frio. Mas como eu nunca ramelei nem nos corres não vou dar pra trás agora.

- Enche linguiça não, fala direto! Acho que eu já tô ligado no papo.- disse me encarando, ele estava no sofá do lado e a Laís sentada na outra ponta no braço do sofá.

Longe de mais, daqui que ela chega ele já me matou.

- Laís a senhora- me olhou feio- Você pode sentar aqui do lado dele? Questão de segurança!- ela assentiu rindo e sentou do lado dele que só me olhou mais torto.

A Cecília tava com a mão na boca segurando a risada. Ela vai ver o dela. Vai ter que ir na Rocinha pedir pros meus pais também.

Eu sou menino de família.

- Tu sabe que eu tenho consideração máximo por tu, me acolheu no teu morro e me ajudou aí. Mas o assunto não é esse. O negócio é que depois que tu me colocou como segurança aqui eu conheci uma pessoa e... e não foi proposital e nem planejado, mas a gente começou a conversar e eu comecei a gostar dessa pessoa!- ele cruzou os braços me olhando com os olhos semicerrados.- E tem um tempo já, só que agora eu tenho muita certeza que eu gosto dela e eu sei que ela gosta de mim também!- olhei pra Cecília rapidinho e ela tava com o olho pequenininho já. Mó chorona.- Só que eu quero fazer as coisas direito e por isso eu tô aqui. Pra pedir ela em namoro e pedir permissão pra você. Porquê eu sei que isso é importante. Então, se a Cecília aceitar namorar comigo tu deixa?- larguei logo sentindo até um frio na espinha.

Luz em todo morroOnde histórias criam vida. Descubra agora