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Lucas Oliveira
    Segunda
16:00pm

Vesti a minha blusa de frio, porquê o tempo deu uma fechada e sai de casa. Decide que ia visitar o Alex, mas sozinho.

Quando cheguei no posto, que tá mais pra um mine hospital, fui até a recepção pra que liberassem a minha entrada e foi até mais fácil do que eu imaginei.

Segui pelo corredor que ela me indicou e parei em frente a porta do quarto dele.

Já estou aqui, não vou voltar pra trás.

Coloquei a mão na fechadura e rodei abrindo a porta.

Ele estava como a minha mãe disse, intubado, desacordado e com vários fios pelo corpo, monitorando tudo.

Entrei e fechei a porta.

Fiquei mais nervoso do que estava durante o caminho que fiz até aqui, minhas mãos suavam um pouco e a minha boca ficou um pouco seca.

Se afoba não caralho, ele tá desacordado.

Cheguei mais perto da cama e fiquei olhando, ele realmente estava diferente.

Puxei uma cadeira de plástico que tinha ali e sentei junto da cama.

Mas o que falar?

Ele não pode me ouvir, talvez seja mais fácil assim.

- Eu acho que você não pode me ouvir!- comecei meio se jeito, porquê de certo modo eu estava falando sozinho.- Mas eu não quero que você morra!- acredite, é difícil pra mim admitir qualquer coisa referente a ele, mesmo que ninguém possa ouvir isso- eu tenho muita raiva de você, mas não consigo te desejar nada de mal!- desviei o olhar dele e olhei pro chão.- As vezes quando eu consigo dominar a minha raiva eu consigo ver um pouco do que você é agora, mas quando ela volta todas as coisas ruins que eu penso sobre você voltam também!- olhei novamente pra ele, o único movimento era do peito subindo e descendo pela respiração.- E quando eu fico assim tudo que eu quero é te atingir e te fazer sentir raiva de você mesmo, te fazer se sentir a pior pessoa do mundo!- respirei fundo- mas no final eu que me torno uma pessoa ruim e me machuco também!- fiquei um pouco em silêncio, só se ouvia o bip dos aparelhos- Eu ainda não consegui te perdoar de verdade e não sei se vou conseguir um dia, mas eu não vou mais fazer essas coisas de criança mimada e vou tentar uma boa convivência com você!- acho que eu já falei tudo que eu tinha pra falar, levantei e coloquei a cadeira no lugar.

Na hora um médico entrou na sala e me cumprimentou.

- Ele tá bem?- pergunto quando ele começa a mexer em alguns dos aparelhos e escreve algumas coisas num papel.

- Está melhorando, amanhã mesmo vamos desentubar ele!- olhou pra mim- Você é filho dele?

- Parente!- respondi normal.- ele consegue ouvir?

- Consegue, só não consegue falar!- puta merda, eu não estava falando tão sozinho como imaginei.- o horário de visitas já está acabando!- me avisou.

- Eu já tô indo!- ele assentiu saindo da sala- fica bem logo!- só falei isso e sair fechando a porta do quarto.

Parece que deu uma aliviada gigante aqui, eu sei que deveria falar quando ele pudesse me responder, mas assim eu me senti mas a vontade e dependendo de como as coisas vão ficar a gente pode conversar depois.

Fui pra casa e passei direto pro meu quarto, minha mãe e a Cecília tinham saído pra não sei onde e eu fiquei, pra poder ir ver o Alex.

Realmente quero que ele fique bem logo, não gostei de ver ele daquela forma.

Luz em todo morroOnde histórias criam vida. Descubra agora