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Josh Beauchamp's POV

    Durante as férias, não tive problemas com álcool nem drogas. Obviamente bebi um pouco, mas não para me sentir melhor ou algo assim.

     É triste ver que fazer algo que ama pode te prejudicar ou, até pior, te matar.

     Foi no segundo semestre que um colega de classe me aconselhou à usar algo para relaxar. Não pensei que iria se tornar tão corriqueiro, que viraria um viciado.

     Não é incomum estudantes de medicina ou pessoas que trabalham na área usar drogas, porque talvez possa ser a única saída para aguentar a rotina agitada de um doutor.

     O problema, é que antes eu sofria sozinho. Chegava em casa chapado, acordava com uma puta dor de cabeça e pronto.

     Mas agora tem Any.

     Eu simplesmente não posso chegar em casa bêbado ou mostrar para ela esse meu lado. Vou ter que pensar em alguma coisa, mas deixo isso para depois.

      Finalmente, me levanto e o horário marcado me chateia. 6h12. Por que tenho aulas de manhã? Isso é tão desnecessário (n/a: concordo). Ao menos nesse semestre, as aulas matinais são só de terça e quinta.

      Entro no banheiro e tiro as roupas rapidamente. Tomo um banho e faço minhas higienes diárias. Visto uma camiseta branca e calça jeans. Coloco um tênis preto e dou uma ajeitada no cabelo.

       Ao sair do banheiro, me deparo com Any encostada na batente quase dormindo. Mas desperta logo quando saio pela porta.

- Bom dia- um bocejo sai antes mesmo dela terminar a frase.

- Bom dia- ela logo passou por mim e trancou a porta.

       Passei os seguintes quarenta e cinco minutos esperando minha colega de apartamento ficar pronta. 7h24, saímos de casa.

- Josh, não vou subir nesse negócio- Any resiste pela milésima vez.

- Qual é Gabrielly?- suspiro cansado- Você não vai cair, e é muito mais rápido do que ir de carro no meio desse trânsito.

- Prefiro ir andando- insiste batendo o pé no chão, o que já está me irritando.

- Tudo bem então- me dou por vencido e subo na moto- É a sua última chance- falo lhe oferecendo o capacete.

- Bem que o meu irmão disse, você é muito chato- diz pegando a proteção e subindo atrás de mim- E pode tirar esse sorrisinho presunçoso da cara- murmura me fazendo rir.

- Prometo não correr- dou partida e logo o ronco alto do veículo rasga o ambiente.

    Any agarra minha cintura com força logo quando vou para a rua. Ela esconde o rosto nas minhas costas, o que me fez rir do seu, desnecessário, desespero.

    O trânsito colaborou a não demorar muito para chegar na Universidade. Como um primeiro dia do semestre normal, tem um congestionamento de pessoas.

    Consegui parar em uma vaga na esquina, já que o estacionamento já estava lotado. A pele morena de Any estava esbranquiçada e os seus lábios secos.

- Nunca mais subo nessa coisa- diz me entregando o capacete atordoada.

- Veremos então- murmurei desafiador e me separei dela indo para o meu prédio.

     Estudar medicina sempre foi o meu sonho, desde pequeno. Gostava de cuidar das minhas irmãs quando ficavam doentes e minha mãe até me deixava acreditar que cuidava dela também.

     Já ouvi milhares de vezes pessoas falando que não parece minha praia ou que não tenho cara de médico. Mas eu não me importo.

     Rudy, um amigo, também não tem cara de médico e já está no quinto semestre do curso. Coincidentemente, foi ele que me incluiu no mundo das drogas.

      Não o culpo, pois realmente me ajuda. Na hora que você fuma, seus problemas desaparecem, mas parecem voltar em dobro na manhã seguinte.

     Gostaria de ter parado. Por mim, pela minha mãe, pelas minhas irmãs, pelos meus amigos. Mas eu já sou um viciado, não tem volta.

     No primeiro mês de aula, as coisas não são tão intensas, então sei que vou conseguir ficar esse período sóbrio. O problema são as outras semanas.

     E ver que vou decepcionar mais uma pessoa que entrou na minha vida.

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𝗖𝗛𝗔𝗡𝗚𝗘𝗦 - 𝗖𝗢𝗡𝗖𝗟𝗨𝗜𝗗𝗔Onde histórias criam vida. Descubra agora