◉✿ - 28 CAPÍTULO - ✿◉

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E lá estava Ludmilla, sentindo a água morna relaxar seu corpo e as lágrimas quentes escorrem pelo rosto, fungando baixinho algumas vezes enquanto Brunna terminava de colocar Donna para dormir. Oliveira nunca havia sentido tanto medo em sua vida, ela estava temendo por algo que nem se quer tinha acontecido, mas ela já podia sentir a dor, já podia se ver sofrendo novamente, e já podia começar a duvidar que Brunna estaria com ela para sempre.

Por mais que ela sentisse que a família estava completa algo ainda faltava para que ela se sentisse completa, Ludmilla apenas queria poder sentir o mesmo que Fernanda, Brunna, Dinah, Daiane, ela só queria se sentir ligada ao seu bebê, só queria poder coloca-lo no mundo e sentir seu mundo completo, pode-lo sentir se mexer, amamentar, ela só queria sentir-se uma mulher mais completa, ela só queria fazer sua família ainda mais feliz, se fazer ainda mais feliz.

Mas ela sentia que iria acabar falhando, e as lembranças das duras palavras de Lukas lhe vinham em mente, as traições, e mais uma vez seu coração partido, a dor de ver seu bebê morrer em seu próprio ventre, e ainda ouvir que a culpa era sua. Doía demais, tanto que Ludmilla preferia mil vezes estar em seu lugar apenas para o ter com vida, era um amor que machucava, o mesmo amor que ela sentia por Donna, a única diferença era que a garota não era de fato sua filha, mas Ludmilla a amava como se fosse.

Quando Ludmilla ouviu a porta do quarto ser aberta ela logo secou suas lágrimas e se ajeitou na banheira, sentindo o corpo relaxado demais para sair dali naquele momento e afetada demais por seus pensamentos para se quer pensar em ir conversar com Brunna, então ela permaneceu quieta, em silêncio, ouvindo apenas o barulho da água e de sua respiração, e tudo estava bem assim, até a porta do banheiro ser aberta mostrando Brunna entrar no banheiro usando apenas um hobby de seda branco para cobrir seu corpo, e uma garrafa de vinho em sua mão.

Ludmilla sorriu ao ver seu corpo marcado pelo tecido que caia sedutoramente sobre o corpo de Brunna, e ainda como se não bastasse se encontrava aberto, deixando seu corpo ainda mais a mostra. Brunna sorriu minimamente para a noiva colocando a garrafa de vinho que já estava aberta, ao lado da banheira e tirando o hobby, deixando ele cair lentamente pelo corpo ficando completamente nua para Ludmilla, sem tirar o sorriso sacana nos lábios.

---- Nossa bebê já foi dormir, e eu garanti isso antes de sair do quarto. ---- ela e Ludmilla soltaram uma curta risada ao se lembrar do último acontecimento. ---- Então agora a noite é toda nossa amor.

Sem dizer nada Ludmilla se ajeitou na banheira observando Brunna enquanto ela entrava na mesma. Não demorou muito para que Brunna percebesse que Ludmilla não estava nada bem, e muito menos no clima para sexo aquela noite, então seu sorriso sumiu quase que imediatamente, e  Brunna apenas parou em frente a Ludmilla de maneira que seus quadris ficassem sobre os tornozelos sem atrabalhar ou apertar Ludmilla na banheira que não era assim tão grande.

---- Por que você tá chorando amor? É alguma coisa com a revista? Seu pai te ligou de novo? O pai da Donna? Eu juro que mato aquele...

---- Não. ---- Ludmilla disse simplesmente a interrompendo. ---- Eu só estava pensando.

---- Em que? ---- Brunna perguntou.

---- Eu só queria poder te dar um filho, eu só queria poder sentir, sentir o que você sentiu quando viu Donna pela primeira vez, sentir de novo o que eu senti quando ela me chamou de mãe pela primeira vez, eu só quero ser mãe, porque por mais que a Donna seja minha e sua não é a mesma coisa, por mais que eu seja capaz de dar a minha vida por ela, eu só... Eu só quero poder me sentir completa Bru. ---- no momento em que Ludmilla acabou de dizer aquilo ela já estava aos prantos, abraçando Brunna pela cintura e chorando sobre seu peito como uma criança.

Brunna não estava magoada com a palavras dela, muito pelo contrário, Brunna a entendia, sabia sua dor, e mesmo que não pudesse saber ela estaria ali para Ludmilla sempre, então ela apenas a abraçou de volta, apertando Ludmilla contra si e afagando o cabelo dela.

---- Amanhã nós vamos lá, e tudo vai dar certo, sabe porque? Porque você é capaz, você pode, o que tem apenas te dificulta, mas não te impede, me ouviu? Então pare de pensar que você não é capaz, pois você é! ---- Brunna disse firme ainda abraçada a noiva. ---- Eu sempre vou estar aqui, eu amo você, eu amo demais.

---- Eu também te amo. ---- ela disse em meio ao choro. ---- Desculpa ficar remoendo esse assunto Brunna, mas eu estou com muito medo.

---- Você não precisa ter, as coisas vão dar certo, não se preocupe. ---- Brunna disse.

Ludmilla levantou a cabeça encarando Brunna, e sorriu minimamente a beijando. Os olhos da negra estavam vermelhos e inchados, sua respiração desregulada e tudo a sua volta parecia conspirar contra ela, mas Brunna estava ali para ergue-la quando o mundo a derrubasse e nada podia mudar isso. A negra colocou a mão no pescoço de Brunna aprofundando o beijo lento e coberto de desejo enquanto as mãos de Brunna percorriam o corpo de Ludmilla. De algum modo as palavras de Brunna haviam a acalmado, deixado uma luz no fim no túnel, pois era isso que Brunna significava para Ludmilla, luz, Donna e Brunna eram sua luz, aquilo que lhes davam vida, vontade de sorrir, mesmo com todas as dificuldades, mesmo com os medos elas eram a luz.

---- Me desculpe de novo se eu cortei o clima. ---- Ludmilla disse com os olhos ainda fechados, encostando sua testa na de Brunna.

---- Tudo bem amor, está tudo bem, e eu entendo se você não quiser, a gente pode simplesmente dormir juntinhas, tudo é bom com você. ---- Brunna sussurrou e colocou seus lábios aos dela por alguns segundos.

---- Você acha mesmo que com você completamente nua, assim tão perto de mim eu vou perder a vontade de alguma coisa? ---- Ludmilla riu. ---- A gente pode ter até cem anos, eu vou continuar sentindo um tesão do caralho em você.

---- Meu Deus, Lud. ---- Brunna gargalhou. ---- Vem, vamos dormir, nós temos o resto da vida pra aproveitar essa banheira. ---- ela selou os lábios novamente.

---- Ok, vamos, o dia amanhã vai ser longo. ---- Ludmilla respirou fundo, lembrando-se que na manhã seguinte ela finalmente iria fazer a inseminação.

Ludmilla foi a primeira a sair da banheira, puxando um roupão para si e entregando outro a Brunna. Após estarem devidamente secas e vestidas, cada uma com o seu pijama, as duas trocaram mais algumas carícias e beijos mais quentes porém acabaram indo deitar. A cama quente e fofinha com edredom grosso para esquenta-las e a televisão em algum noticiário da madrugada com o som baixinho preenchendo o quarto enquanto Brunna dormia ao seu lado. Ludmilla ouviu algumas leves batidas na porta e acabou se levantando, não se preocupando com o frio que agora se fazia presente, mas sim em abrir a porta para Donna, que era a única que tinha o costume de bater na porta do quarto de suas mães durante a madrugada.

---- A mamãe já está dormindo? ---- Donna perguntou colocando a cabeça para dentro do quarto.

---- Sim vida, ela já está dormindo, você quer alguma coisa? ---- Ludmilla perguntou se abaixando para pegar a filha no colo, e passou a mão delicadamente em seu rosto, tirando os fios castanhos que a atrapalhavam as piscar os olhos.

---- É que eu não gosto de dormir sozinha mamãe, eu posso dormir com vocês. ---- a menina deitou a cabeça no peito da negra fazendo um bico adorável tirando da mente de Ludmilla qualquer possibilidade de negação.

---- Claro meu anjo, você sempre pode dormir com a gente, sempre que quiser. ---- Ludmilla sorriu, e fechou a porta de seu quarto em seguida, indo com cuidado até sua cama e colocando Donna entre ela e Brunna antes de se deitar.

Donna esperou que Ludmilla se deitasse e então se aconchegou em seus braços, abraçando-a com os braços pequeninos e colocando a cabeça eu seu peito observando Ludmilla com aqueles grandes olhos castanhos e sonolentos, recebendo em troca leves caricias em seu rosto enquanto ambas exalavam um amor incondicional uma pela outra, um amor puro.

---- A mamãe Bru disse que você tava triste hoje, fica não mamãe. ---- Donna suspirou. ---- A gente vai estar sempre aqui com você, e você vai ter outro bebê, eu sei que vai mamãe.

---- Eu te amo sabia meu anjo? ---- Ludmilla sussurrou completamente emocionada. ---- Te amo muito muito muito.

---- Também te amo mamãe, do tamanho do universo.

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