◉✿ - 36 CAPÍTULO - ✿◉

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Brunna estava aos prantos, andava de um lado para o outro dento do enorme e gélido corredor do hospital aonde havia levado Ludmilla. Silvana já tinha sido avisada e estava a caminho. Brunna precisava de um apoio caso algo acontecesse, e Ludmilla principalmente, ela já não tinha psicológico para aguentar a perda de outro bebê, aquilo com certeza iria acabar com ela e com Brunna também, por isso ela precisava estar firme para caso o pior viesse a acontecer.

Ela se sentou em uma das cadeiras desconfortáveis do lugar e cobriu seu rosto com as mãos chorando ainda mais. Seu corpo inteiro tremia e sua cabeça parecia explodir de dor, eram vários sentimentos misturados, Brunna definitivamente não sabia o que iria fazer daquele momento em diante. Mais passos foram ouvidos no corredor e logo Silvana estava ao seu lado, e bem diferente de Brunna, a mulher estava calma, com um semblante de dor em seu rosto, mas calma.

--- Tudo vai ficar bem. --- Sil murmurou abraçando Brunna. --- Ludmilla é forte, ela está lutando pra ter aquele bebê.

--- E se ela não conseguir? --- Brunna perguntou soluçando, com seu rosto afundado no ombro de sua sogra, chorando feito criança.

Silvana apertou Brunna em seu braços e acariciou suas costas lentamente, tentando acalma-la de alguma forma, tão calma. --- Ela vai, tenho certeza.

--- Cada minuto que passo aqui é angustiante. --- Brunna se afastou secando o rosto. Sua aparência estava detestável, cabelo desgrenhado olhos inchados e vermelhos e suas roupas amassadas. --- Ela já está lá há uma hora, eu não posso perder meu filho, nós não podemos. --- Brunna iria voltar a chorar novamente mas se segurou.

--- Se acalma. --- Silvana afagou os fios loiros. --- Vou buscar um chá, e fazer alguém me dar alguma notícia, ok?

Brunna apenas balançou sua cabeça e sua sogra se afastou, sentindo seu peito doer tanto quanto o de Brunna, mas ela precisava se manter calma, passar segurança para as duas, e ela estava se saindo bem pelo que parecia. Gonçalves sentou-se novamente e sentiu a cabeça rodar. O silêncio daquele lugar era assustador, ficar sem saber de Ludmilla era ainda mais, e a todo momento vinha Alex em sua mente, era ele, a culpa tinha sido dele.

Passos foram ouvidos e Brunna olhou para o lado vendo a médica de Ludmilla se aproximar. A expressão da mulher era calma, um sorriso brotou em seus lábios quando ela parou em frente a morena, e naquele instante Brunna sorriu junto a ela, já imaginado que as notícias eram boas, ao contrário do que ela imaginava.

--- Como ela está? --- Brunna foi rápida ao se levantar, parando em frente a médica atenta ao que ela ia dizer.

--- Ludmilla está bem, mas passou por um procedimento delicado, o bebê e ela estão bem apesar de tudo, ela está mais calma agora, e eu por favor peço o mesmo que já pedi antes, quero ela em repouso, sem estresse, você precisa mante-la calma. --- a médica finalizou com um suspiro. --- Nós fizemos um procedimento chamado, cerclagem, falando de uma maneira que você entenda, foi uma pequena cirurgia, foi apenas para manter o colo do útero fechado. Ela vai ficar aqui por mais algumas horas e até amanhã deve receber alta.

Brunna ouvia tudo atenta com um sorriso imenso em seu rosto, sua vontade era sair correndo até Ludmilla e ficar do seu lado no instante em que a médica disse que estava tudo bem. Assim que a doutora saiu Silvana apareceu e entregou o chá para ela, deixando algumas lágrimas escaparem quando ouviu Brunna dizer que seu neto estava fora de perigo agora, e mesmo querendo ir na frente de sua sogra, ela deixou que a mulher fosse ver Ludmilla, e apenas sentou para esperar, agora bem mais calma.

A morena então tomou um pouco de seu chá sentindo o corpo inteiro relaxar e seus olhos começaram a pesar, mas mesmo assim ela relutou em se manter acordada, falhando algumas vezes, mas ainda estava ali. Algum tempo depois Silvana voltou a sala de esperara e então Brunna se levantou ansiosa, ou pelo menos ela estava até o instante em que viu Alex andando em sua direção, coberto por sua habitual arrogância e ego inflados demais.

--- Alex você já fez demais por hoje. --- Silvana disse indo até o marido.

--- Eu quero ver Ludmilla, apenas isso. --- ele disse sério, olhando para Brunna pelo canto dos olhos com desprezo, nojo.

--- Deixe apenas Brunna ir, ela está aqui há tanto tempo. --- Silvana colocou as mãos no peito do marido chamando sua atenção para ela, pois já sabia o quão desconfortável era seu olhar sobre Brunna.

--- Era só o que me faltava. --- Alex riu com desprezo, se afastando de Silvana. --- Não, não vou esperar, esse hospital está sendo pago com o meu dinheiro, aquela lá dentro é a minha filha. --- ele havia se alterado chamando a atenção de alguns enfermeiros e então Silvana o encarou com raiva.

Brunna nunca tinha sentido tanto ódio como naquele momento, se perguntando como alguém poderia ser tão ignorante ao ponto de tratar um ser humano com tanto desprezo apenas por sua opção sexual, afinal, Ludmilla só estava naquele lugar por causa da sua intolerância, seu preconceito, a ideia errada de que o amor só era certo quando encaixado no padrão de uma sociedade, mas não, era bem mais do que aquilo.

--- Acha mesmo que eu enguli todo aquele discurso? Vocês duas me afrontaram quando fizeram aquela matéria para a revista, aquelas fotos, esse casamento patético! --- Alex gritou. --- Minha filha só é assim por sua causa!

--- Sua filha não é assim por minha causa. --- Brunna disse baixo, andando até Alex. -- Ludmilla é assim por que ela é assim, não há explicação, ela simplesmente é! Sempre foi! --- Brunna vociferou no mesmo tom o encarando. Normalmente ela teria medo, mas não, Ludmilla havia ensinado a ela, mesmo sem querer, a ser forte. --- Fodasse que o hospital está sendo pago com o seu dinheiro, fodasse se você não aceita o nosso casamento, fodasse você, gastar minhas palavras contigo não vai valer a pena. E você não vai ver a Ludmilla, ela está aqui por sua culpa, quase perdeu nosso bebê por sua culpa, e eu te juro que se algo acontecer com eles eu sou capaz de acabar com você.

--- Brunnaquerida não vale a pena, huh, vá ver Ludmilla. --- Silvana disse se virando para Brunna e colocou as mãos em seus ombros. Mas nada poderia acalma-la naquele instante.

--- Eu não vou perder meu tempo, Silvana. --- Alex bufou e saiu andando, deixando ambas para trás. Brunna não sabia se tinha feito o certo de proibi-lo de ver Ludmilla, e nem em ameaça-lo daquela forma, mas para proteger sua família era seria sim capaz.

--- Ele é realmente um estúpido. --- Silvana balançou a cabeça negativamente. --- Me desculpe por isso.

--- Você não tem culpa dele ser assim, definitivamente não. --- Brunna respondeu para sua sogra e então saiu andando em direção ao quarto de Ludmilla, ela não queria saber de mais nada naquele momento, tudo o que ela queria era ter a certeza de que Ludmilla e o filho delas estava fora de perigo.

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