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Shoyo Hinata ...

Posso dizer que a semana passou rápido demais, quando menos esperei o sábado já havia me alcançado quando despertei pela manhã. O sol está tímido como geralmente ocorre quando começa a desabrochar, apenas poucos raios saem do espaço entreaberto das cortinas e iluminam o chão da minha casa em algumas linhas perfeitamente delineadas.
  
Inclino meu corpo para trás e um bocejo sai de meus lábios. Apesar de ter acordado agora, sinto que não dormi o suficiente, meu corpo parece cansado. Eu acabei chegando mais tarde que o previsto da casa do Kageyama, pois tive que comprar algumas coisas para levar ao templo, como arroz e uma garrafa de saquê que pude comprar de um vendedor local, que sem muita objeção decidiu me vender quando expliquei que levaria como oferenda. Alguns incensos que vou levar eu já tinha em casa, então não havia necessidade de comprar mais.
  
Assim que cheguei em casa tomei um banho e me preparei para dormir, mas a excitação me corroia e demorei para finalmente conseguir fechar meus olhos, pois minha mente estava flutuando pela ideia de treinar com o Kageyama, é uma boa oportunidade e não vejo a hora de se concretizar.
- Hinata- uma voz familiar me chama enquanto impacientemente bate na porta.
- Estou indo- mesmo com a preguiça do meu corpo, jogo a coberta para um canto qualquer e a passos arrastados ando até a porta, abrindo para que o Nishinoya que já estava pronto, entrasse.
  
Ele me encara enquanto entra.
- Você acordou agora? - assinto- Vai se arrumar eu vou arrumar o café da manhã- ele levanta a sacola que tinha em mãos- comprei mingau de aveia.
   
Abro um sorriso e passo meu braço ao redor de seu pescoço, como ele não recua, apenas me inclino e dou um leve selar em sua bochecha.
- Você é o melhor.
- Sai - ele rindo se afasta de meu aperto, vejo ele andar até a cozinha e colocar a sacola na mesa - Você está com muito bom humor, até mesmo para você, o que aconteceu? - ando até a cozinha e me encosto na parede gelada, abro um sorriso, enquanto a outra pessoa pega duas tigelas do meu armário.
- O Kageyama disse que vai me ajudar - assim que as palavras saem dos meus lábios, ele me direciona um largo sorriso.
- Como conseguiu convencer ele? - dou de ombros e puxo uma cadeira para me sentar.
- Eu sou encantador - ele ri.
- Sou obrigado a discordar- me viro e vejo ele trazer as duas tigelas até a mesa e se sentar em seguida.
  
Pego uma e passo a pegar um pouco com a colher, tomando o cuidado de assoprar antes de levar até minha boca.
- O que é isso? - ele aponta para a faixa em meus braços.
- O Kageyama cuidou das marcas em meu braço ontem a noite.
- Ontem a noite... ele veio aqui? - balanço a cabeça em negação, e assim que o faço um meio sorriso toma os lábios do Nishinoya e seu olhar se torna estreito, no mesmo instante sinto meu corpo se arrepiar.
- O que tem com essa cara?
- Nada só que... - ele come um pouco do mingau antes de voltar a falar - Vocês estão próximos o bastante em uma semana, ao ponto de ele te levar até a casa dele e além disso, não tirar os olhos de você enquanto estávamos no treino.
  
Dou de ombros enquanto como.
- É natural, eu sou a única pessoa que ele conhecia no ambiente, para onde mais ele olharia?
  
Após um segundo de silêncio o Yu me responde.
- Eu já vi muitos tipos de olhares, os dele brilhavam quando olhava para você, até mesmo seus lábios se curvavam em um sorriso tímido quase imperceptível.
  
Olho para ele e abro um sorriso.
- Você não tinha nada de melhor para fazer, além de encarar o Kageyama? - ele ri.
- Eu tenho que te proteger e saber com quem você anda, preciso estudar a pessoa com a qual você vem passando algum tempo. Você é péssimo em notar as coisas- ele diz isso com uma expressão solene, como se fosse uma boa ação essencial que havia sido realizada.
   
Como um pouco do mingau e sorrio.
- Como se você fosse um exemplo de ser observador não é? - olho de canto de olho para o Nishinoya que me encara por alguns segundos antes de desviar o olhar, assim que seu rosto se vira, noto que suas orelhas estão em um leve tom avermelhado. Não preciso dizer mais nada, sei que ele entendeu que estava falando do Asahi.
  
Volto minha atenção para terminar de tomar meu café da manhã, ainda preciso me arrumar para encontrar o pessoal. E enquanto faço isso, minha mente insiste em pensar no Kageyama... quer dizer que ele não tirava os olhos de mim enquanto eu treinava? Abro um sorriso. Por mais estranho que pareça, repetir essas palavras em minha mente faz meu coração se tornar turbulento.
   
E nessa confusão do meu peito eu segui pelos minutos seguintes em que me arrumei, coloquei uma calça preta larga e uma camiseta lisa de cor branca, um tênis que uso habitualmente e fiz minhas higienes matinais.
   
Quando sai de casa com o Nishinoya o sol já estava um pouco mais presente que antes, mas não forte o bastante para tornar o clima desagradável. O templo não é necessariamente longe, mas pegar um ônibus era a melhor opção, além de ser mais rápido também. O ponto não era distante de casa, então chegamos lá em poucos minutos, no caminho falamos das coisas mais diversas.
   
Subimos no transporte que não estava cheio, sentamos em um lugar no fundo, eu fui encostado na janela, pois minha tendência de passar mal com o movimento do ônibus é algo muito fácil de se concretizar, e o Yu se sentou ao meu lado. Assim que começamos a andar sinto algo ser posto em meu ouvido, olho para o lado.
- Vamos ouvir música juntos - assinto.
- Coloca uma agradável - ele sorri.
- Eu tenho bom gosto- dito isso, logo o som de uma música que identifico como "Catfish and the Bottlemen-7", passa a tocar.
    
Olho para as coisas que ficam para trás a medida que avançamos, e tudo não parece passar se sombras desconexas através do vidro. Arrumo a pequena mochila com as oferendas que estava no meio das minhas pernas, e volto a me encostar para assim desfrutar da música, sem ter necessariamente algo em mente além da letra.

Do outro lado da rede *Kagehina*Onde histórias criam vida. Descubra agora