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Shoyo Hinata...

Jogo as malas de qualquer jeito dentro do quarto, passo os olhos pelo mesmo brevemente, mas tempo suficiente para notar que foi limpo recentemente e que o lençol da cama fora trocado. Fecho a porta e encaro a porta do lado, que tem um pôster de um desenho pendurado, paro em frente a mesma e com um meio sorriso giro a maçaneta, meus olhos encontram a pequena figura encolhida na cama quase que no mesmo instante.
    
A passos leves vou desviando de algumas coisas no chão, até mesmo de ursinhos que devem ter sido chutados para fora do colchão, quando me aproximo da cama noto que metade do pequeno corpo está exposto, protegido apenas pela fina camada do pijama violeta. Abro um sorriso quando arrumo a coberta devidamente.
- Ainda desajeitada Natsu - sussurro e vejo ela virar na cama, contenho qualquer som que saia de meus lábios ao ver seu rosto delicado, e os cabelos bagunçados devido a quantidade de vezes que ela se mexe- Bons sonhos- me abaixo e não consigo conter a ação de passar os dedos em seus cabelos, revelando parte de sua testa que no mesmo momento deposito um beijo leve.
     
Com receio de que possa acordá-la saio do quarto em seguida. Assim que ando até a sala vejo o Kageyama reto no sofá de frente para minha mãe que está com um sorriso no rosto ao arrumar as três xícaras na mesa.
- Voltei- o Kageyama olha para mim e sorri, seus olhos parecem pedir para que eu sente ao seu lado, e assim o faço - O que é isso?
- Leite rosa - assinto pegando uma xícara - Pega também Kageyama, não precisa ser tão contido.
- Ah... muito obrigado- sua voz sai mais baixa que o normal, seu rosto demonstra certa hesitação que é deixada as claras em seus movimentos desajeitados ao pegar a xícara. Mordo o lábio para não rir quando olho para minha mãe.
- Então... como foi o caminho até aqui?
- Como sempre... nem pegamos trânsito hoje - ela sorri.
- Que bom. Esses dias demorei para chegar do trabalho, teve um acidente em uma das vias... foi um caos- ela balança a cabeça em negação como se para afastar o assunto - Mas bom, não é disso que devemos falar - ela toma um pouco do conteúdo da própria xícara - Desde quando estão juntos? - abro a boca para responder quando a pessoa ao meu lado engasga.
    
Rapidamente o amparo, pousando uma mão em suas costas e tentando fazer com que ele pare de tossir desesperadamente.
- O... Obrigado- rio.
- Você vive fazendo isso - ele me encara com olhos cerrados o que faz meu corpo se arrepiar. Desvio o olhar e encaro minha mãe - Estamos juntos a pouco tempo...
- Mas eu conheci o Shoyo na primeira semana que cheguei na cidade, nem tinha terminado de arrumar minha casa ainda - o Kageyama fala sem tremer a voz nem por um instante, mas talvez isso seja em decorrência do fato de que seu olhar está em suas próprias mãos. Abro um leve sorriso.
- Oh, o Hinata não me disse isso... como foi esse encontro?
- Ele me derrubou na rua- olho para o moreno e para minha mãe que logo começa a rir.
- Que belo começo. Então... você mora sozinho? - ele assente.
- Minha família mora em Tóquio, eu decidi vir para cá depois de alguns meses de um acidente que sofri, que... - o vejo engolir em seco e não posso conter o impulso de tocar a ponta de seus dedos com os meus- Me impediu de jogar vôlei, eu era levantador de um time promissor - ele olha para minha mãe- Quando vim foi para fugir da sombra disso... Mas não adiantou muito- seus olhos cravam nos meus, mas diferentemente da vez que ele me disse isso e havia dor no azul profundo, agora... eles brilham para mim, e seus lábios demonstram traços de um sorriso doce.

Tobio Kageyama...

Tento acalmar meu próprio peito, o que é difícil olhando para o Hinata, por isso desvio o olhar e encaro sua mãe que presta atenção totalmente em minhas palavras.
- Ele me pediu para ajudar ele com o vôlei, tentei negar... Mas acho que você deve o conhecer melhor que eu... - ela o olha com um sorriso doce.
- Impossível fazer com que mude de idéia sobre algo - assinto.
- Mas... isso me fez voltar para o que amo, mesmo que não dá mesma forma de antes, mas ele me fez ver que meu sonho não acabou... e ele próprio se tornou um dos sonhos que quero manter ao meu lado - olho para o Hinata que parece surpreso por minhas palavras, meu olhar cai para uma de suas mãos e me permito ser levado até elas, entrelaçando nossos dedos. Engulo em seco - Por isso ... - olho para a Akemi - Prometo que cuidarei bem dele, independente da situação eu tentarei ser o melhor para o Hinata... espero que você me dê sua permissão... para... o ter ao meu lado - abaixo a cabeça- Por favor ...
    
Aperto nossas mãos uma na outra quando sons de passos são ouvidos, antes que eu possa levantar o olhar ternas mãos passam pelo meu cabelo.
- Que tipo de pessoa eu seria se não permitisse vocês de ficarem juntos... fico feliz Kageyama... - olho para ela que mantém o sorriso preso em nós dois - De ter você ao lado do meu filho... como parte da família- abro um sorriso largo e olho para o Hinata que tem os olhos marejados - Eu quero muito abraçar vocês.
    
Quando dou por mim já sou puxado para seus braços junto com o Hinata, ela nos aperta tanto que parece que vou ficar sem ar, mas por outro lado é bom... é como o aconchego de um bom lar.
- Mãe - ela ri.
- Me desculpe- quando nos solta olho para o rosto vermelho do Hinata e não posso deixar de rir.
    
Toda a pressão que parecia me abater foi embora nesse momento. Isso ficou nítido no tempo que se seguiu, ficamos conversando sobre diversas coisas, descobri muitas coisas sobre a cidade, casos do trabalho da Akemi ou coisas que o Hinata aprontava quando criança com o Yu, além das fotos de quando o mesmo era criança, que apesar de suas tentativas de escondê-las eu consegui ver com a proteção de sua mãe.
    
Lanchamos juntos e a noite avançou, além disso ela nos deu dois tickets para um dia no hotel das fontes termais daqui. Eu não quis aceitar mas ela insistiu muito e não tive escolha... quando já havia ficado muito tarde decidimos nos aprontar para dormir...

Shoyo Hinata...

Passo a mão pelos cabelos enquanto saio do quarto da minha mãe depois de ter ido desejar boa noite. Meu corpo ainda cheira a sabonete devido ao banho recente. Suspiro levemente ao abrir a porta do meu quarto, vejo no mesmo momento o Kageyama vestindo um pijama de frio e encarando a rua pendurado na janela, ele parece tão absorvido em seu próprio mundo que não nota quando chego.
    
Me aproximo lentamente e envolvo meus braços ao redor de sua cintura.
- O que foi? - ele vira a cabeça e sorri, suas mãos parando em cima das minhas.
- Nada... só estou aproveitando a quietude - assinto e somos envolvidos pelo silêncio.
- Eu estava muito nervoso - o seu sussurro chega ao meu ouvido.
- Em conhecer minha mãe? - o mesmo assente e me puxa para ficar ao seu lado.
- Eu nunca tinha passado por algo assim. Tinha medo de não ser o bastante ou de que talvez ela não pudesse nos aceitar... só me deu medo, eu não sei ... parece assustador pensar que algo poderia realmente me afastar da pessoa que amo - ele fixa os olhos nos meus e imediatamente sinto minha garganta queimar, meu peito se acelera e parece que meus pés estão se soltando do chão- Eu ...
- É a primeira vez que você diz isso- ele me encara confuso.
- Digo o que?
    
Abro um largo sorriso.
- "da pessoa que amo"... o que isso quer dizer?- imediatamente seu rosto fica extremamente vermelho e ele desvia o olhar.
- Que eu ... eu - com um sorriso seguro a gola de sua blusa puxando seu corpo para o meu, seu rosto estando a milímetros de distância.
- Eu te amo Tobio Kageyama- ele sorri.
- Eu te amo Shoyo Hinata - abro um sorriso que se desfaz com sua aproximação lenta, a respiração quente batendo uma na outra, a mão que lentamente pousa na lateral de meu rosto, fecho os olhos e sinto seus lábios nos meus em um beijo terno carregado das emoções que resultam no que foi dito.
     
Não seria exagero dizer que nesse momento é como se milhões de borboletas em metamorfose explodissem em meu corpo.

Do outro lado da rede *Kagehina*Onde histórias criam vida. Descubra agora