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Tobio Kageyama...

Observo o vapor que sai com o aroma do chá, colocado na pequena mesa de centro do quarto do Hinata, o único som que posso ouvir é o da chuva que cai sem trégua lá fora. Abro um leve sorriso quando o barulho relaxante me refresca memórias.
- Me lembra aquele dia que você me arrastou para cá- falo chamando a atenção do alaranjado que me encara pela primeira vez nos olhos, desde o ocorrido na cozinha- Estava chovendo da mesma forma, e no tempo que ficamos em silêncio eu só ouvia as gotas também - seus lábios se curvam em um sorriso leve.
- Tem razão. Você parecia muito nervoso e triste aquele dia... mas acho que frustado seria a palavra certa... - ele ri - Parece que faz tanto tempo - assinto.
- Meus sentimentos mudaram rápido em relação a você, com o passar dos dias era cada vez mais difícil ignorar o que sentia... e acabamos assim.
- Assim? - ele me encara com um meio sorriso e as sobrancelhas arqueadas - E o que somos?
    
Me arrasto para perto dele, fazendo o lado de nossos corpos ficarem conectados. Meus olhos param no seu e engulo em seco.
- Me responde você... o que eu sou? - meu coração se agita ao aguardar sua resposta, seu rosto fica corado e seu olhar se desvia dos meus.
- Por que...- levo meus dedos até seu rosto, o virando delicamente para mim.
- Eu respondo então... Você é a pessoa que impera nos meus pensamentos e no meu coração... Eu gosto mesmo de você Hinata e... realmente quero caminhar ao seu lado, mesmo que eu não saiba em que lugar irei parar. Eu preciso apenas de um sim... - passo meu polegar por seu rosto em um carinho, meu olhar cai em seus lábios e com um doce sorriso ele se aproxima, beijando minha boca por alguns breves segundos.
- Você já tem esse sim Kageyama- abro um largo sorriso e o puxo para meus braços, o prendo ali, no calor de meu corpo. Fecho os olhos e suspiro aliviado. Meus dedos passam pelos fios do seu cabelo. No silêncio desse momento a palavra amor parece pairar dentro de mim...

Shoyo Hinata...

Incapaz de me desvencilhar do Kageyama, apenas deixo que ele me prenda em seus braços, e logo me vejo sentado no meio de suas pernas, enquanto minha cintura é rodeada, o rosto do moreno descansa em meus ombros. Estico minhas mãos até a xícara apenas para constatar que o chá ainda está muito quente.
- Está com fome? - pergunto.
- Não- seus braços me prendem mais me fazendo rir.
- Eu não sabia que você era tão carinhoso assim.
- Não sou.
- Mas está sendo- me viro o olhando.
- É porque é você - sorrio e pego sua mão direita com a minha, levando até meus lábios onde deposito um beijo leve, um sorriso toma seus lábios.
- Pega seu chá... vai esfriar- assinto e me curvo pegando o mesmo, no exato momento que o faço um calor atinge meus dedos, assopro o chá esperando que esfrie mais rapidamente.
- Ah, eu estava pensando... O Keishin havia comentado comigo que estava procurando um ajudante no mercadinho, ele disse que está tendo muita coisa para fazer que só ele e o menino que trabalha lá não dão conta. Você poderia falar com ele - vejo o Kageyama ganhar um semblante pensativo.
    
Tomo um pouco do chá me aquecendo internamente.
- É uma boa, já que é perto da escola.
- Além disso ele não abre nos fins de semana- o Kageyama me olha e assente.
    
Seus dedos me soltam apenas para ele pegar sua própria xícara de chá que antes estava na mesa.
    
Ele me encara por um tempo, o olhar passando pelo meu rosto com ternura, logo um riso escapa de seus lábios.
- O que foi? - ele ri e com os dedos apertados puxa meu nariz - O que está fazendo... - recuo saindo do meio de suas pernas.
- Você fica parecendo um coelhinho com o nariz rosado no frio - balanço a cabeça em negação.
- Que comparação estranha - tomo um pouco do chá e o vejo fazer o mesmo - O que de semelhante eu tenho com um coelho?
- Muitas coisas - sua xícara é posta na mesa- Coelhos selvagens correm rápido como você, são pequenos e fofos...
    
Deixo a xícara na mesa e estico o braço pegando uma almofada, interrompendo a fala do Kageyama quando a jogo em seu rosto.
- Coelho... quem parece um coelho aqui? - rio vendo que o mesmo está tentando se levantar, suas mãos jogam a almofada longe.
- Eu vou devolver isso - começo a rir e me levanto me afastando do mesmo.
- Eu corro mais que você- ele me ignora e vem na minha direção a passos rápidos, olho ao meu redor em busca de um ponto de fuga. Tarde demais, pois sinto mãos fortes me segurarem e antes que posso protestar sou jogado na cama- Me deixa ir.
- Não - seu corpo está em cima do meu,  cada mão de um lado do meu corpo.
Observo seu meio sorriso e não posso deixar de me encantar por sua beleza natural, não importa o ângulo que eu o olhe sempre parece extraordinário - Se você ficar me olhando assim... não vou deixar você fugir depois- suas palavras saem sussurradas, abro um sorriso e levo meus braços até seu pescoço, o envolvendo enquanto o puxo na minha direção, seu rosto ficando a milímetros do meu.
- Quem disse que quero fugir? - seu olhar cai para meus lábios e nesse momento acabo com a distância entre nós.
     
O beijo delicamente, sentindo nossas línguas entrelaçadas e o calor se espalhar por meu corpo. Seu peito colado ao meu faz com que eu não saiba dizer qual coração está mais acelerado, só sei que o meu próprio parece que quer sair para fora. Enquanto minha mente fica em branco, como de não tivesse nada que pudesse desviar minha atenção nesse momento, quando se trata do Kageyama eu sou um mero refém, incapaz de me afastar, eu o quero cada vez mais perto de mim.
    
Seus lábios são viciantes, e mesmo que o ar me falta não muito depois já me vejo preso novamente... ainda mais com sua mão passeando pela curvatura de meu corpo, queimando minha pele mesmo com as camadas de roupa que nos separa.
    
Estou enlouquecendo cada vez mais e sinceramente... não quero voltar a sanidade.

Do outro lado da rede *Kagehina*Onde histórias criam vida. Descubra agora