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Shoyo Hinata...

Andamos por pouco tempo até chegar a casa do Kageyama, que fica em uma rua que não tem nenhum comércio, apenas um grande número de casas com jardins muito bem cercados, a primeira vista é como se todas tivessem sido feitas na mesma medida, para nada estar desproporcional. A casa dele fica no fim da rua, aos poucos noto que verdadeiramente não é distante da quadra do bairro.
- Chegamos - ele para em frente uma casa que está pintada de cinza, as janelas estão fechadas e as cortinas as cobrem totalmente, não deixando nenhuma parte interna da casa a mostra. Ele abre o pequeno portão que faz um leve rangido, e anda pela grama rala, que eu acho ser artificial, até a porta.
  
Olho ao redor para a rua silenciosa, nem mesmo tem carros passando neste momento. É apenas um caído silêncio acalentador.
- Entra.
- Ah, sim- abaixo levemente a cabeça em respeito antes de entrar na casa, dou espaço para que o mesmo entre e logo a porta se fecha atrás de mim. Me abaixo e tiro meus sapatos assim como a pessoa ao meu lado.
  
Levanto o olhar enquanto os coloco no canto, é um cômodo espaçoso, tem um rack e um painel para a televisão de cor preta, que combina perfeitamente com o sofá em L que é da mesma cor, assim como a mesa de centro, no canto esquerdo próximo a janela tem uma estante com alguns livros e objetos dos mais diversos, sem nenhuma foto pessoal. Vejo um cômodo que julgo ser a cozinha, e no lado oposto da casa um corredor que deve levar para o quarto. Um som de algo sendo jogado em um canto me faz desviar a atenção, encaro o Kageyama que está de costas para mim.
- Vou trocar de roupa, pode me esperar na sala.
- Vou me sentar então- ele assente com a cabeça antes de desaparecer no corredor.
  
Suspiro enquanto ando até o sofá me sentando no mesmo, deixo minha bolsa encostada em uma das almofadas, e passo a observar o cômodo ao meu redor. Geralmente, podemos absorver muitas coisas sobre a personalidade de alguém quando vamos em sua casa, mas eu não consigo saber muito neste momento, além do fato que ele é visivelmente uma pessoa organizada. Fecho os olhos e jogo a cabeça para trás.
- Você continua sendo uma incógnita Tobio Kageyama...

Tobio Kageyama...

Quando voltei para a sala o Hinata estava sentado no mesmo lugar, olhando tudo ao redor, desço meu olhar para suas pernas que mexiam repetidas vezes.
- Se você quer levantar apenas levante - abro um sorriso quase imperceptível- Nitidamente você não consegue ficar muito tempo parado.
  
Dou um passo em direção a cozinha e ele acompanha meus passos. Entro na mesma e vou em direção a geladeira em busca do pote de arroz cozido que deixei aqui ontem. Eu não sabia que algo na minha cabeça iria me fazer trazer o Hinata para casa, por isso não estou preparado para fazer um prato bonito ou bem elaborado... pego tudo que vou utilizar e coloco na mesa, onde o alaranjado estava sentado. Tentei ignorar ao máximo seus olhos presos em mim, como se me analisassem por completo... mas eu sinto seu olhar arder em meu corpo.
   
Abro uma das partes do armário em busca de uma panela, quando a coloco no fogão eu escuto a voz do Hinata quebrar o silêncio.
- É a primeira vez que te vejo com uma roupa tão casual - cerro meus olhos e me viro para olhá-lo.
- Queria que eu estivesse de uniforme na minha casa?- ele ri.
- Não... mas nunca pensei que te veria assim, você costuma ser tão sério - ele ri.
  
Olho para minhas vestes, que nada mais é que uma calça moletom cinza e uma blusa de manga comprida branca.
- Quanto mais você falar, mais vou demorar para fazer a comida- me viro e despejo o arroz na panela, passo a mexer um pouco quando escuto o som da cadeira se afastando, que logo é substituído pelos seus passos que se tornam cada vez mais altos.
  
Seus dedos tocam meus ombros com certa hesitação, mas eu não recuo... Eu geralmente me incomodo de ser tocado por alguém, mas não é de todo ruim quando a mão que me toca é a do Hinata, eu não quero me afastar, então apenas deixo que ele se aproxime... seus dedos seguram o tecido de minha blusa quando ele se curva para olhar o que eu estou fazendo. Seu corpo atrás de mim, colide parcialmente com o meu, ficando juntos e partilhando de um calor instantâneo.
- O que está fazendo?
- Eu vou... - o que está acontecendo? Minhas orelhas estão queimando. Ele me encara por eu ter parado no meio da frase, engulo em seco quando seus olhos cravam nos meus... desvio o olhar e volto minha atenção para a panela- Vou fazer Ochazuke... você come?
   
Ele abre um largo sorriso enquanto assente.
- Eu não tenho restrições para comer - seus dedos apertam um pouco meus ombros e sinto que o calor passa a se espalhar por todo meu rosto.

Abruptamente o afasto de mim com o cotovelo.
- Sai de trás de mim, você está atrapalhando - ele ri.
- Você parece uma dona de casa aplicada - olho para trás e encaro o alaranjado com uma expressão séria, aponto para a porta da cozinha.
- Sai.
 
Ele levanta os braços em rendição e olha para a mesa, olhando os ingredientes.
- Só vou sair porque estou com fome.
- Então vai logo. Pode ligar a televisão se quiser. Eu já estou indo.
  
Ele faz um sinal de "Ok" com a mão antes de se virar para ir para a sala. Sem notar, um sorriso leve passa a se formar em meus lábios... É como lidar com uma criança.
  
Suspiro fundo e tampo o arroz, olho a mesa e rapidamente pego o salmão e o abro, colocando rapidamente no forno, por onde deve ficar por cerca de 25 minutos. Faço os preparativos para o caldo de dashi, e desligo o arroz, sem o tirar do fogão para que permaneça quente quando o salmão estiver pronto. Adiciono um alarme para daqui cerca de 23 minutos, para não passar do ponto.
  
Suspiro longamente e a passos lentos eu vou para a sala, e de longe vejo o Hinata concentrado em um programa de entrevista na televisão, que recebe um ator de um drama recente como convidado.
  
Quando me aproximo ele sequer nota, vou até as sacolas da farmácia e ando até o sofá, sentando a pouca distância do alaranjado. Assim que me sento as sacolas fazem um barulho e olha para mim. 
  
Passo a tirar as coisas que comprei e colocar no sofá.
- Tira a blusa que está por cima.
- Hã? - olho para ele.
- Tira. A. Blusa. De. Frio - falo pausadamente.
- Por que? - aponto para seu braço.
- Eu fiquei o tempo todo vendo você treinar hoje, notei que seus braços ficaram vermelhos pela força com que você recebia, ou tentava receber a bola.
- Então... - ele olha para as coisas devidamente organizadas no sofá- Você comprou isso por causa de...mim? - seu tom demonstra claramente sua dúvida.
- Tem mais alguém aqui?
  
Ele faz um bico, como uma criança do jardim de infância que está emburrada, porque alguém pegou o brinquedo que ela queria.
- Você é muito estúpido em suas respostas.
- E você idiota nas suas perguntas - ele me encara com os olhos cerrados - Tira logo isso.
- Ok... Eu tiro- me encarando ele puxa o zíper da blusa de frio e em poucos segundos a tira por completo, colocando a mesma atrás de si...
  
Respiro fundo e tento controlar meus próprios pensamentos confusos nesse momento...

Do outro lado da rede *Kagehina*Onde histórias criam vida. Descubra agora