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Shoyo Hinata...

Meus olhos tremulam sem abrir realmente quando escuto uma série de barulhos, como se alguém tivesse jogado algo em algum canto próximo a mim. Franzo a testa levemente antes de puxar a coberta para cobrir meus olhos.
- Hinata - uma voz sooa ao meu lado, bem próximo do meu ouvido.
- Hã? - bocejo enquanto tento forçar meus olhos a se abrir, mas assim que puxo a coberta, a claridade repentina faz minha vista doer e no segundo seguinte meus olhos se apertam, sinto algo pressionar meu corpo na cama, um peso familiar nas minhas costas - Aaah, eu não tranquei a porta? Como você entrou? - tombo meu corpo para o lado, fazendo o Nishinoya cair ao meu lado.
    
Ele ri e lentamente abro os olhos, dando de cara com seu rosto muito perto de mim, os sinais mostram que não faz tanto tempo assim que ele acordou, seus olhos estão com marcas de cansaço e sua feição exala uma beleza natural.
- Eu tenho a chave da sua casa. Trouxe café da manhã.
    
Me sento na cama e pisco repetidas vezes, tentando sair do estado semi-acordado que me encontro nesse momento.
- Ainda está cedo, por que não esperou eu acordar?
- Eu ia esperar - olho para o Nishinoya que me encara com uma expressão difícil de ser caracterizada- Mas quando fui no mercado comprar as coisas, eu vi uma coisa que me deixou confuso e queria contar logo para você.
- Alguém morreu?
    
Ele balança a cabeça em negação.
- Então o que é? - rapidamente o moreno se senta ao meu lado.
- Eu estava indo como sempre faço para o mercado, quando eu vi uma pessoa muito familiar de longe, com uma roupa de corrida - ele faz movimentos enquanto fala, em uma tentativa de encenação que apenas parece um emaranhado sem sentido- Era o Daichi, eu abri a boca para chamar ele quando da padaria perto saiu uma pessoa com dois copos na mão e abraçou ele com um braço, e não só isso... beijou ele rapidamente antes de entregar o copo - levanto a sobrancelha.
- E quem era?
- O Sugawara - hã?
    
Fico paralisado tentando absorver as informações, eu sei que ambos são muito proximos, mas parece improvável que eles tenham essas demonstrações de afeto tão casualmente.
- Você tem certeza do que viu?
- Tenho. Eu achei até que poderia ser um beijo na bochecha, mas definitivamente não foi apenas isso.
    
Um bocejo escapa de meus lábios enquanto tento pensar em algo que justifique o que o Nishinoya viu.
- Você acha que eles vão contar? - dou de ombros.
- Talvez... Mas melhor nenhum de nós falar nada, não cabe a ninguém além deles contar - o Yu assente e logo abre um sorriso.
- Pensando bem, é um casal muito lindo- sorrio e encosto minha cabeça em seu ombro.
- Sabe quem mais é um casal lindo? - levanto o olhar no mesmo tempo que ele me encara- Você e o Asahi.
     
A expressão solene em seu rosto vai embora em questão de segundos e a pele antes branca se torna avermelhada.
- Vou arrumar o café- a passos atropelados ele sai da cama e corre até a cozinha. Não posso deixar de rir com a cena.
- Está tão envergonhado assim?
- Vai a merda Hinata.
    
Ainda rindo saio da cama e vou em direção ao banheiro.

Yu Nishinoya...

Particularmente acho o domingo um dia muito agradável, geralmente não faço nada de prestativo, levanto cedo pois meu relógio biológico me impede de descansar até tarde, compro o café da manhã e o tomo com o Hinata, quando ele não precisa fazer alguma coisa, passamos o dia inteiro juntos, seja assistindo algo ou jogando, ainda tem aqueles dias que apenas ficamos jogando conversa fora até a lua aparecer no céu.
    
Não muito tempo atrás, eu fazia alguma coisa com o Asahi, mas ultimamente ele parece estar evitando me ver fora do horário que estamos na escola, eu não posso pressionar isso, não posso pedir que ele venha me ver, seria um egoísmo da minha parte. Por isso, engulo meu desconforto e tento camuflar a angústia de sua ausência em meu peito, muitas vezes falhando completamente.
    
Respiro fundo e tomo um pouco do refri da lata que está em minhas mãos, estou nesse momento sentado no tapete da minha casa com o Hinata ao meu lado, estamos vendo um filme que estava passando na televisão quando entramos.
- O que foi?
- Hã? - olho para ele e abro um sorriso dando de ombros- Só me distrai um pouco.
- Certeza que é só isso? - assinto.
- O que mais poderia ser?
- Saudade? - desvio o olhar e volto a tomar o refri.
- Bobagem. Não tem porque sentir algo do tipo, eu o vi sexta. Não faz nem dois dias completos.
- Eu nem disse do que e você já presume que estou falando do Asahi- olho para o alaranjado que esboça um sorriso irritante.
- Está te fazendo mal andar com o Kageyama, você está ficando mais perspicaz.
    
Seu sorriso se transforma em uma breve risada.
- Não precisa ser um Sherlock Holmes ou Hercule Poirot para ver através de seus pensamentos. Você é muito transparente Yu.
    
Rio... transparente... se eu fosse realmente não estaria com esse nó complicado de sentimentos presos em mim, não precisaria estar tão sufocante.
- Se você sente falta é só dizer- levanto o olhar encarando o Hinata que está com uma expressão séria, dificilmente vista - Você está angustiado, ele também. Ele não diz nada com medo de te perder, você não diz por receio. Só vão se afastar com o tempo, alguém precisa tomar a coragem para dar o primeiro passo.
- Essa pessoa tem que ser eu?
- Você quer que seja ele ou você quer estar com ele? O que pesa mais?
    
Engulo em seco e abaixo o olhar encarando minhas próprias mãos.
- Geralmente sou eu que te aconselho... Não o contrário- falo baixo quase que em um sussurro.
    
Não tenho resposta do alaranjado, mas inesperadamente sinto um braço rodear meu corpo e com um carinho transbordando nessa terna ação, seus dedos levam minha cabeça até seu ombro, brincando por entre os fios de meu cabelo em seguida.
- Eu posso cuidar de você as vezes.
- Eu acho que sim... - abro um leve sorriso e fecho os olhos sentindo o calor do Hinata  - Eu... acho que quero um doce - assim que falo uma risada soa.
- Você estragou o clima Nishinoya.

Do outro lado da rede *Kagehina*Onde histórias criam vida. Descubra agora