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Shoyo Hinata...

A semana pareceu passar lentamente, quase como se os dias tivessem mais que 24 horas. Talvez eu tenha tido este sentimento, devido a inquietação em meu peito, cada vez mais presente. Não que eu fique animado para retomar as aulas, mas sim, para passar meus dias treinando com o time, sinto que podemos melhorar muito ainda, em nosso pessoal e conjunto.   
  
Um sol tímido surge por entre as nuvens, aquecendo meu rosto, clareando os arredores. Tem muitas pessoas uniformizadas andando ao meu redor, a medida que me aproximo da escola esse número só aumenta, a maioria conversa animadamente sobre diversos assuntos, enquanto sigo a passos apressados sou capaz de ouvir fragmentos destas conversas.
  
Geralmente, venho com o Nishinoya para a escola, mas o mesmo já havia saído quando bati em sua porta, no caminho olhei para o celular e vi a mensagem que revelava o motivo, ele já havia saído para tomar café da manhã com o Asahi, não me importei muito, afinal os dois não se encontram a um bom tempo.
 
Passo pelo portão principal, e um sorriso toma meus lábios quando vejo a familiar silhueta parada em uma árvore, começo a correr me preparando para pular em suas costas.
- Tanaka - meus braços rodeiam seu pescoço, enquanto minhas pernas param em sua cintura. Devido a surpresa o mesmo quase se desequilibra, mas logo começa a rir.
- Bom dia Hinata.
 
Viro minha cabeça na curvatura de seu pescoço.
- Bom dia.
- Nishinoya não veio com você? - balanço a cabeça em negação, enquanto desço posicionando meus pés no chão novamente.
- Ele foi encontrar o Asahi, já deve estar chegando.
- Oh- ele balança a cabeça em afirmação, e vem para o meu lado, passando um braço em meu corpo, sua mão pousa em meu ombro esquerdo.
- E os outros?
- Daichi e o Sugawara foram diretamente falar com o professor Takeda...
 
Arqueio a sobrancelha confuso.
- Aconteceu algo? - a pessoa ao meu lado dá de ombros.
- Devem estar falando do nosso treino de hoje. 
  
Olho para uma folha da árvore que se desprende com um leve vento e voa até minha direção, flutuando pelo ar tão sutilmente, até pousar em meus pés.
- Hinata? - olho para seu rosto, fixando meu olhar no azul acinzentado de seus olhos. - Vamos entrar?
- Vamos.
 
O Ryu solta meus ombros e passa a andar do meu lado, enquanto falamos de como passamos a nossa última semana de férias. Aparentemente, ambos não saímos da cidade, apenas ficamos em casa ocupando nossas horas com as coisas mais fúteis possíveis, sem fazer nada verdadeiramente útil, além de treinar por pouco tempo diariamente.
  
Assim que nos aproximamos das escadarias vejo um grupo de estudantes sentados, e na mesa ao lado, encontra-se meus amigos, com exceção do Daichi e do Sugawara.
- Bom dia - com uma entonação animada e um sorriso no rosto, atraio a atenção das pessoas que estavam sentadas.
- Bom dia - o cumprimento em coro apenas me faz sorrir gentilmente.
- Senta aqui- o Yamaguchi se afasta um pouco, dando espaço para que eu e o Tanaka possamos nos sentar.
- Obrigado- o mesmo assente com um leve movimento de cabeça.
 
Assim que me sento meu olhar se volta para a tão característica expressão neutra, que esboça o rosto do Tsukishima.
- Parece que você cresceu mais ainda Tsuki.
 
O par de olhos dourados se viram em minha direção, atravessando minha carne, antes de voltarem ao rosto do Asahi. Certas coisas nunca mudam...
- Sobre o que estavam falando? - o Ryu pergunta, enquanto passa o olhar por todos que estavam sentados.
- O aluno novo.
 
Franzo a testa.
- Todos os anos tem muitos alunos novos...
- Sim, mas não esse - volto minha atenção para o Asahi.
- Como assim? - eu e o Tanaka falamos ao mesmo tempo.
 
O Nishinoya morde o pedaço de pão de creme em suas mãos, antes de se curvar.
- Estávamos vindo para cá, quando passou um menino ao meu lado, quando eu olhei... era o Kageyama.
- Sério? - a pessoa ao meu lado pergunta surpresa.
   
Sinto minha cabeça rodar e um leve rubor de vergonha tomar meu rosto, eu não sei se é porque está muito cedo e minha mente ainda está sonolenta... Mas eu simplesmente não faço a mínima ideia de quem é essa pessoa..
- Kageyama? - pergunto quase em um sussurro.
- Você não sabe quem é? - com hesitação assinto.
- Idiota- olho para o loiro que logo é repreendido pelo seu namorado.
  
O Nishinoya respira fundo.
- Lembra que sempre acompanhavamos os jogos de Tóquio quando estávamos no fundamental? - assinto - Havia um levantador do Kitagawa Daiichi... Tobio Kageyama, no primeiro ano de participação ele ganhou a medalha de melhor jogador... se lembra?
 
Franzo a testa e passo a encarar um canto qualquer, em busca de acessar minhas memórias, que são incrivelmente fracas...
- Não me lembro.
 
O Asahi balança a mão.
- Não tem problema. Mas o fato é que ele era considerado um dos jogadores mais promissores da nossa geração.
- Era? - o Tanaka empurra meu ombro de leve, fazendo com que eu o encare.
- Ele sofreu um acidente no ano passado... lembro de ter saído um artigo em uma revista, foi no meio do campeonato regional do ano passado... ele subitamente parou de jogar, nenhuma notícia saiu desde o acidente, nenhuma informação detalhada.
- Então... - engulo em seco- ele não pode mais jogar?
- Quem sabe? - o Yamaguchi dá de ombros- Não saiu nada concreto, apenas sabemos que ele não participou mais e parece ter saído do time, já que está aqui.
 
O Ryu fala alguma coisa, mas acabo me perdendo em meus próprios pensamentos para sequer conseguir prestar atenção as vozes que me rodeiam.
  
Não posso deixar de imaginar como seria se eu estivesse nessa situação, quer dizer... o que eu faria se algo assim acontecesse comigo? Não poder mais fazer o que amo, será que ainda conseguiria lidar com isso?
 
Acredito que não existe esse negócio de talento ou destino em algo, nosso esforço e dedicação que é capaz de trilhar o mais brilhante caminho em algo. Sempre mantive isso em mente, desde muito cedo que luto incansavelmente para superar meus limites, melhorar cada vez mais e superar qualquer obstáculo que apareça em meu caminho. No início, tive problemas pela minha baixa estatura, sempre enfrentava pessoas muito maiores do que eu, era incrivelmente difícil quebrar o bloqueio ou realizar um eficiente, por isso, sempre tive que me reinventar, me adaptar cada ver mais, que é o que faço com meu salto e velocidade. E se estou onde estou, é porque não me canso de ir atrás do meu sonho... Olho ao redor, para meus amigos que conversam entre si na mesa... todos nós somos assim, imagino que este Kageyama, não seja tão diferente, por isso não posso deixar de me sentir curiosamente intrigado para saber o que verdadeiramente aconteceu com este promissor levantador.
  

Do outro lado da rede *Kagehina*Onde histórias criam vida. Descubra agora