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Shoyo Hinata...

O dia está cada vez mais animado, eu demorei para dormir e acordava frequentemente pela ansiedade da partida de hoje, pelo menos dessa vez não tive problemas no estômago como antes. Hoje tomei café da manhã em casa para poupar tempo, já que o Keishin disse para nos reunirmos antes das aulas, a partida será na nossa própria quadra no horário que geralmente estaríamos treinando.
    
Depois de encontrar o Kageyama junto com o Nishinoya seguimos para a escola, e chegamos a um bom tempo atrás, estamos apenas esperando nosso treinador chegar junto com o Daichi e o Sugawara.
    
Escuto um barulho na porta e rapidamente me viro assim como os demais, o loiro se aproxima com um sorriso no rosto e dessa vez sem nenhum cigarro entre os dedos, em seu lugar tem um copo de café com o vapor saindo a cada segundo.
- Bom dia - todos respondemos - Vamos repassar o plano de jogo uma última vez.
- Além disso ver com mais cuidado como vai funcionar a rotatividade dos jogadores- o Daichi diz.
    
Olho para o Kageyama que estava centrado no que os dois diziam. Abro um leve sorriso quando meu olhar se desvia parando no Yamaguchi... o sorriso em meus lábios se desfaz lentamente e quase não consigo escutar o que o Sugawara está dizendo... A expressão distante do moreno rouba toda minha atenção. Ele está sério e apesar de estar olhando para frente sinto que sua mente está bem distante daqui, não precisa ser um Sherlock Holmes para notar a melancolia em sua postura. Engulo em seco. Ele parece notar que alguém o está olhando, varrendo assim seu olhar em seu entorno até parar em mim, um sorriso leve se forma em seus lábios, retribuo o mesmo mas incapaz de afastar essa sensação de que algo está errado com ele.
     
Claro que eu notei que o Yamaguchi  não veio com o Tsukishima hoje, ou  que ambos não se sentaram um ao lado do outro. No início pensei que poderia ser resultado de uma pequena discussão ou algo do gênero, mas algo me diz que é bem mais sério que isso, é como de uma sensação incômoda gritasse para que eu envolvesse o moreno em meus braços... ele parece estar sofrendo, o  que de certa forma me atinge também.
    
O tempo passa e cada detalhe do jogo é repassado, as partes das jogadas foram montadas pelo Kageyama e observo com muito carinho ele falar.
- Então... a aula começa daqui a pouco tempo, melhor vocês irem indo. Pouco antes do treino o time do Nekoma vai chegar, estejam preparados para receber nossos convidados - todos rimos com o tom de ironia do Keishin enquanto nos levantamos.
    
A maioria já se direcionava para saída, mas noto que o Yamaguchi está parado no mesmo lugar, perdido em algum lugar de sua cabeça.
- Vamos? - sinto os dedos quentes do Kageyama, olho para o mesmo e sorrio.
- Acho que vou daqui a pouco... você pode me esperar na sala? - ele parece pensar por um segundo e como se ele entendesse sem que eu precisasse dizer o mesmo assente. Seu corpo se curva ficando próximo a minha orelha.
- Cuida dele - sua voz sussurrada me faz ter calafrios que contenho.
- Até já- ele sorri e me dá um beijo na testa rápido antes de sair a passos apressados. Quando a porta se fecha, só resta apenas eu e o Yamaguchi envolvidos pelo silêncio.

Estou apenas parado ao seu lado, esperando que o mesmo tome a iniciativa de me contar o que aconteceu, sem dizer nada.
- Você vai perder aula - ele sussurra, olho para o mesmo e dou de ombros.
- Não me importo - passo meus dedos em meus joelhos, e quando olho para o lado vejo os olhos do moreno brilhar, e as lágrimas que querem descer queimam em sua complexidade.
- Eu fiz alguma coisa errada? - sua voz sai falhada, as lágrimas descem uma após a outra e não tenho outra reação se não envolver seu corpo trêmulo em meus braços, o aperto cada vez mais da mesma forma que seus dedos seguraram a parte de trás da minha blusa, enquanto as lágrimas desaguam em meu peito.
    
Eu não me importo do tempo que passa, ou da forma com que minha roupa fica molhada, em cada segundo eu não o solto nem por um instante. Eu deixo que ele chore por quanto tempo quiser, sem nenhum tipo de inibição. Acho que as lágrimas servem para demonstrar a dor que não pode ser colocadas em palavras, e cada um tem sua devida importância e jamais deve ser subestimada ou ignorada.
    
Me curvo ainda com ele em meu abraço e beijo seus cabelos. Aos poucos os soluços param um pouco, ele se recompõe tentando deixar sua respiração em um ritmo normal. E só quando vejo que ele está se recuperando que o solto lentamente.
- O Tsukishima estava com outra pessoa na noite anterior que ele não veio para a escola... - não sei o que dizer nesse momento e apenas o escuto falar - Eu só não entendo sabe ... Eu dei tudo de mim para que ele não se sentisse só... e não foi suficiente. Eu falhei de alguma forma? - olho para ele e quando dou por mim já passo meu polegar em uma lágrima solitária.
- Você não fez nada errado em amar demais... os erros de uma pessoa pertence apenas a ela, não a você Yamaguchi. O erro nunca vai estar na parte boa da história, entende? - meus lábios se curvam levemente - Abrir mão de um infinito por uma incerteza é um preço que será cobrado no futuro... Mas cada parte desse universo em expansão que é o seu amor, não carrega uma única partícula de culpa, porque você fez mais que o suficiente por ele.
- Doi tanto...
- Doi porque era real... Mas você não vai passar por isso sozinho - ele engole em seco e sou surpreendido por um abraço seu.
- Posso ficar assim um pouco? - ele ri levemente, ainda sinto a tristeza em sua voz mas parece que já não carrega o mesmo peso de antes.
- Eu não vou sair daqui...

Do outro lado da rede *Kagehina*Onde histórias criam vida. Descubra agora