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O capítulo a seguir, vai ser narrado pelo Asahi, para que tenhamos uma melhor visão sobre os sentimentos do mesmo e a história dele com o Nishinoya, no decorrer da história outros capítulos do gênero vão aparecer.
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Asahi Azumane...

Se eu fechar meus olhos agora, sinto que posso voltar no tempo, para aquela sexta feira que iria encerrar meu primeiro ano letivo na Karasuno. Era fim de tarde quando saímos da quadra, eu estava acompanhado do Sugawara e do Daichi enquanto andávamos até a saída da escola.
    
A mente humana tem uma capacidade de absorver as memórias reduzida, principalmente quando estas já são amareladas, mas se algo fora do comum ou marcante acontece, somos capazes de lembrar até mesmo de detalhes fúteis, como a cor da camiseta de uma criança que passou ao nosso lado ou o sabor do sorvete que comemos naquele dia. Eu não lembraria desse dia em particular, se não fosse por ele... foi nesse dia que vi o Nishinoya pela primeira vez.

Quase dois anos atrás...

Escuto a porta da quadra se fechar atrás de mim, e o barulho da chave nas mãos do Daichi fazem um leve tilintar quando são jogadas no bolso.
- Amanhã cedo venho entregar para o capitão.
- Eh? Você vai vir cedo só para isso? - o Sugawara diz surpreso, a pessoa conosco apenas ri enquanto assente.
- É minha responsabilidade, foi a gente que quis ficar até mais tarde hoje.
- Nosso Daichi é tão perfeitamente exemplar- passo meu braço ao redor do mesmo que ri assim como o Sugawara.
- Não é para menos, é nosso futuro capitão.
    
Assim que as palavras do acinzentado saem noto um leve rubor nas orelhas do Daichi, rio enquanto o solto de meu aperto, começamos a andar em direção a saída da escola.
    
Hoje, o nosso treinador e o capitão chamou o Daichi para uma conversa, o posto de líder do time será passado para ele no próximo ano. Claro que era para ser uma notícia sigilosa, mas nós três nos conhecemos desde pequenos, esconder algo é quase impossível.
- Acho que temos que comemorar - falo quando chegamos perto do portão.
- Também acho, o que acha de irmos no restaurante aqui perto? - sorrio e olho para o Daichi.
- Desde que não voltemos para casa muito tarde.
    
Troco olhares com o Sugawara e desatamos a rir.
- Você é muito sério.
- Perfeitamente correto como um velho monge puro e recluso - a pessoa ao meu lado completa e logo nossa risada se torna mais forte, e paramos perto da entrada da escola.
- Monge é? - derrepente o Sugawara cai no chão e o Daichi em cima dele, as mãos do moreno se movem até a barriga da pessoa que estava encurralada, e começa a fazer cócegas. O som do riso misturado com uma respiração ofegante se faz presente.
    
Observo a cena aos meus pés com um sorriso nos lábios. Esses dois as vezes ainda agem como quando estávamos no primário, o Daichi costumava fazer a mesma coisa diante das provocações do Sugawara.
- Você viu como eu consegui pegar aquela? - uma voz alta chama minha atenção, olho para duas figuras incrivelmente pequenas que estavam a poucos passos de distância. 
- Sim, você foi muito rápido- um menino adornado por cabelos de um laranja vibrante diz com um sorriso largo- Você é muito bom Yu.
    
Por algum motivo não consigo desviar meu olhar dos dois, o dono da voz que me chamou atenção abre um largo sorriso quando passa por mim. Nesse momento um brisa leve do vento beija meu rosto, fazendo os fios de cabelo que vão até meu queixo tremeluzirem no ar... por uma fração de segundos o olhar do menino de cabelos para cima se conecta ao meu, e o mundo parece parar de girar ao meu redor. Meu coração se acelera e meus lábios tremem levemente... quando ele passa por mim, meu olhar ainda está em sua silhueta, incapaz de olhar em qualquer outra direção...

Tempos atuais ...

E naquele dia todos os outros sorrisos do mundo de reduziram a nada, pois todos os dias era aquele sorriso que me iluminou de passagem que dominava meus pensamentos.
    
Durante as férias, eu saia para caminhar todos os dias, acabava andando para todos os cantos da pequena cidade, sempre na esperança de vê-lo novamente... com o passar dos dias que viraram semanas, a esperança foi morrendo na mesma proporção que a vontade e um sentimento novo crescia em mim, era inegável que eu estava encantado pelo pequeno que passou por mim em um fim de tarde. Não poderia deixar de desejar secretamente antes de dormir, para que eu pudesse ver aquele sorriso outra vez em um lugar além de meus sonhos.
    
Em algum local do universo, minhas preces foram atendidas, quando voltei para a escola no ano seguinte eu o vi... aquele mesmo sorriso, aquele mesmo olhar, aquela mesma voz que me perseguiu no último mês, estava no outro canto do pátio longo. Seu rosto iluminado pela luz do sol, e meu coração queimava em êxtase.
    
No mesmo dia que o vi, tive o impulso de falar com ele, mas simplesmente não conseguia. Eu perdia a capacidade de fala só de pensar nele, me sentia patético por não conseguir dizer ao menos um oi... até que soube que ele havia se inscrito para entrar no time de vôlei.
    
Com o passar dos dias que passávamos treinando, ele acabou trocando algumas palavras comigo, coisas causais sobre o time, mas mesmo assim eu ia para a casa com um largo sorriso em meu rosto que durava até o cair da noite.
     
Passo a passo, fui bloqueando meu medo. Pois a cada segundo que se passava eu sabia que o encanto estava se tornando algo mais... Eu não sabia se era paixão, se era desejo, se era amor, se era tudo isso junto... Mas eu sabia que era algo, e ser algo, já era extraordinário.
    
Viramos amigos cada vez mais próximos, no início eu pensei que para mim seria suficiente apenas estar ao seu lado, poder jogar com ele, ver seu sorriso, sair por aí, ser a causa de sua risada e o destino de seu olhar, mas...
    
Olho para o Nishinoya que está sorrindo animadamente enquanto fala com o Hinata e o Sugawara...
    
Isso doi, esse amor reprimido em meu peito está entrando em erupção a cada dia, sinto que a qualquer momento vai escorrer pelo meu corpo. Eu quero abraçar seu corpo e nunca mais soltar meus dedos de sua pele, quero sentir seus lábios queimando nos meus, quero ser a razão de seus sorrisos e a única pessoa que pode estar unida a ele... engulo em seco.
    
Eu queria andar por estas ruas tendo seus dedos entrelaçados ao meu, mas andamos lado a lado. Tento me convencer que isso é o bastante, que tudo está bom do jeito que está... Mas no fundo eu sei que estou apenas mentindo para mim mesmo, buscando algo para acalentar essa melancolia, para proteger meu medo, para ocultar meu receio de perder ele assim que der um passo a mais...

Do outro lado da rede *Kagehina*Onde histórias criam vida. Descubra agora