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Tobio Kageyama...

O silêncio permeia o ar, a única coisa que posso sentir é o bater de meu próprio coração, ecoando por todos os lados de meu corpo, como uma sinfonia única e frenética em meu ouvido, cada batida é uma onda que me arrasta a metros do chão.
    
Cada tentativa de fazer o outro não notar minha inquietação se prova falha, pois sou incapaz de manter a postura o tendo tão perto assim, quase como se nossos corpos estivessem totalmente conectados, separados apenas pelas camadas de tecido que estão em nossos corpos... Seus braços me envolvem, a cabeça em meu peito, assim que abaixo sou capaz de sentir o doce aroma de hortelã que sai de seus cabelos, fecho os olhos com essa sensação, e acabo abrindo um leve sorriso no canto de meus lábios.
- Hinata... - o chamo baixo, e a mão que antes estava envolta em sua cintura vai para seu queixo, fazendo com que ele levante o rosto e seus olhos se conectem aos meus.
    
Posso ver a pálida luz da lua refletida em seus límpidos olhos, meu corpo se arrepia e me torno um escravo de sua luz... escravo da sensação de ter sua pele em meus dedos quando passo o polegar pelo lado de seu rosto bem esculpido. Estou a mercê de cada detalhe, alheio ao mundo e sendo  a cada segundo absorvido por meus impulsos mais secretos e ocultos.
    
Fecho os olhos lentamente, minha mão esquerda aperta sua cintura que se encaixa perfeitamente em meus dedos, enquanto a direita trás seu rosto para perto de mim, até que nossos narizes se tocam, e posso sentir sua respiração se fundir a minha, separados por um milímetro de distancia, posso sentir seus lábios tocarem superficialmente nos meus, enquanto nos aproximamos cada vez mais...
  
    
Abro os olhos rapidamente e encaro o teto acima de mim, minha respiração está ofegante, meu peito subindo e descendo rapidamente, meu corpo parece estar quente enquanto minha mente em um estado de confusão completa.
- Que merda eu estou sonhando? - sussurro para mim mesmo, e passo a mão pelo meu rosto.
    
O que diabos está acontecendo comigo?
    
Jogo a coberta para o lado e levanto rapidamente, quando dou um passo, cambaleio para frente, antes que eu chegue ao chão, coloco minhas mãos na frente para impedir o impacto.
- Mas que... - olho para trás e noto que na pressa de sair da cama, acabei enrolando meu pé na coberta. Chuto a coberta várias vezes até se soltar de mim. Suspiro fundo e me levanto.
- Preciso de café, me recuso a dormir se novo- praguejo enquanto ando rapidamente até a cozinha.

Shoyo Hinata...

Admito que acordei mais cedo que o despertador, é como se meu relógio biológico me lembrasse que em pouco tempo eu iria encontrar o Kageyama para irmos na cafeteria. Ontem a noite quando cheguei, eu avisei o Nishinoya e o convidei para ir conosco, mas o mesmo negou e disse que iria encontrar o Asahi, eu não insisti, pois a muito que espero para esses dois se concretizarem, então considero um ótimo avanço que cada vez mais eles estejam fazendo programas um com o outro.
    
Não posso deixar de sorrir ao imaginar os dois, pego meu celular do bolso e noto que entre as mensagens da barra de notificação tem uma do Kageyama.

Kageyama:
   estou saindo de casa, não vou demorar muito para chegar.

Ele mandou a quase oito minutos, arrumo o celular na minha mão para digitar uma resposta quando o som de passos me faz desviar o olhar.
- Bom dia- o moreno diz sem olhar em meus olhos como o habitual, mas mesmo assim abro um sorriso enquanto devolvo o celular para meu bolso.
- Bom dia.
    
Ele olha para mim por um tempo curto antes de desviar o olhar.
- Vamos?
- Hm - ele dá alguns passos até ficar ao meu lado e juntos seguimos andando em direção a cafeteria - Não teve nenhum problema com a perna por conta de ontem?
     
Ele olha para mim e balança a cabeça em negação em um movimento curto.
- Não, nem mesmo uma inquietação - respiro aliviado.
- Que bom, fiquei preocupado.
    
Ele não me responde mas apenas continua andando em silêncio, mesmo para ele isso é estranho. Sei que ele não fala muito, mas nas poucas palavras que trocamos ele nem olhou para meu rosto por mais de dois segundos. Olho desconfiado para a pessoa ao meu lado.
- Kageyama- levo minha mão até seu braço e o seguro por alguns momentos- aconteceu alguma coisa?
- Por que pergunta? - seu olhar ainda permanece no caminho, sem se importar com meus dedos em seu braço.
- Você não está olhando para mim - falo baixo.
- Não aconteceu nada.
- Mesmo?- o moreno assente.
- Não acredito- paro de andar e como ainda estou segurando seu braço o puxo até que ele olhe para mim. Vejo seus lábios se abrirem para falar algo, mas se fecha em seguida- Você está estranho - cerro os olhos.
- Você... está vendo coisa onde não tem - bruscamente seu corpo se afasta da minha mão.
    
Só me resta acreditar em suas palavras, então simplesmente dou de ombros.
- Se você diz... - voltamos a andar, me aproximo e o empurro levemente com meu ombro - Você sempre foi quieto assim?
- Sim- ele parece pensar por um momento no que dizer- Nunca fui muito de falar de trivialidades - rio.
- A melhor coisa é gastar tempo sem falar nada produtivo. É a cereja do bolo da vida.
    
Ele me olha pelo canto dos olhos e abre um meio sorriso.
- Eu não gosto de cereja.
- E do que você gosta? - o vejo dar de ombros em um movimento sutil.
- De bolo... - rio.
- Que tipo de bolo? - paramos em frente à entrada da cafeteria, ele empurra a mesma e dá espaço para que eu entre primeiro, sorrio em agradecimento.
- Massa branca com pedaços de morango - suas palavras saem baixa e logo ele entra, e começa a andar em direção a mesa que sentamos da última vez, apenas o acompanho. Ficamos exatamente no mesmo lugar.
    
Coloco minha bolsa no chão, no momento que um atendente vem até nossa mesa. 
- Já querem fazer o pedido? - olho para o Kageyama em busca de uma resposta, ele assente com a cabeça.
- Eu vou querer um Cappuccino médio e ... biscoitos amanteigado simples. Por favor.
    
Olho para ele que me encara, sinto as palavras sumirem da minha boca ao ouvir seu pedido.
- E o senhor?
- ah... eu quero - penso por um segundo antes de abrir um sorriso - um café médio com uma fatia de bolo napolitano - o atendente assente.
- Já trarei os pedidos.- assentimos. O vejo se afastar e olho para a pessoa na minha frente.
- Não sabia que tomava café- ele diz baixo, abro um sorriso.
- Estou mudando meus hábitos... acho que você também - suas orelhas ficam levemente vermelhas, e esse pequeno detalhe não passa despercebido pelo meu olhar e acabo abrindo um leve sorriso.
- Na última vez você disse que conhecia o cardápio daqui, imaginei que se você faz esse pedido habitualmente deve ser bom - ele diz baixo.
- Me surpreende você lembrar do que pedi.
      
Ele sorri, seus dentes alinhados e brancos parece brilhar. Sinto meu peito parar e minha respiração ficar entrecortada. Ele é lindo sorrindo...
- Você lembra do que pedi também - sorrio.
- Isso é porque presto atenção no que você diz.
- Podemos dizer que eu faço o mesmo então- ele desvia o olhar me fazendo rir- O que?
- Nada...

Do outro lado da rede *Kagehina*Onde histórias criam vida. Descubra agora