Do outro lado da rede *Kagehina*

~59~

Ryunosuke Tanaka...

Coloco a camiseta na bolsa e puxo o zíper, nesse momento sou a única pessoa no vestiário... a maioria já foi embora com exceção do Hinata e do Kageyama que vão treinar até mais tarde. Sinceramente eu não faço ideia de como alguém pode ter tanta energia assim... suspiro fundo e sem perceber dou um sorriso leve.
- Ei Tanaka- olho em direção a porta pousando no Yamaguchi - A Shimizu está te esperando lá fora - meu coração palpita com as palavras do moreno, ao ver minha reação que eu acho que deve ter transparecido em minha expressão o mesmo ri.
- Não ria de um homem apaixonado- coloco a bolsa nas costas e saio rapidamente do vestiário, fechando a porta atrás de mim. Paro ao lado do Yamaguchi e noto seu olhar perdido, hesito um pouco antes de pousar minha mão em seu ombro esquerdo, assim que o toque o atinge seu olhar se volta para mim - Está tudo bem...?
- Ah... sim. Só estou preocupado com o Tsuki - abro um sorriso para o confortar.
- Ele só deve ter perdido a hora, não fique tão preocupado- o mesmo assente.
- Tem razão... de qualquer forma vou ir vê-lo mais tarde - sorrio e dou um leve tapinha em seu ombro antes de retirar a mão.
- Qualquer  coisa me manda uma mensagem ok?
- Ok, agora melhor você ir... antes que a Shimizu canse de te esperar- rio brevemente antes de concordar.
      
Dou alguns passos me afastando, antes de me virar e acenar para o moreno que retribui meu ato. Suspiro pesadamente... gostaria de dizer que realmente acho que está tudo bem, mas eu entendo a preocupação do Yamaguchi, o Tsukishima nunca foi de cometer esses pequenos deslizes, como esquecer de ligar o despertador... Só espero que não seja nada grave.
     
Sigo andando olhando para meus proprios pés, quando um par de sapatos pretos lisos e perfeitamente limpos entram no meu campo de visão.
- Demorou - abro um sorriso antes de olhar diretamente nos olhos brilhantes da Shimizu.
- Desculpas. Falei um pouco com o Yamaguchi- a mesma dá de ombros.
- Tudo bem... está com fome?
- Não... - ela me encara com uma expressão sombria. Pera... isso antes foi um pedido implícito para comermos juntos?
    
Droga Tanaka...
- Pensando bem...
- Vamos tomar algo então- ela diz rapidamente e me encara com um leve curvar no canto dos lábios. Sorrio de volta, apesar que creio que nem por um segundo deixei de sorrir para ela.
- Vamos.

Ando devagar até a barraca que as  vezes tomamos suco ou algo do tipo, sempre  costumo diminuir o ritmo com ela, em uma esperança desse precioso tempo que passo ao seu lado, ser um pouco mais longo.
- Achei você muito pensativo hoje - sua voz me traz de volta a realidade.
- Só estou ansioso para amanhã... nada demais.
     
Um suspiro sai de seus lábios e seus ombros se abaixam graciosamente com essa ação.
- Não fica tão preocupado com isso, sabe que vai ir bem.
- Não tenho tanta certeza... - sussurro - Tenho medo de entrar em pânico na hora e errar coisas simples - desvio o olhar de seu rosto para atravessarmos a rua, e quando chegamos no outro lado, um calor terno se envolve em meu braço, olho para o mesmo e me surpreendo com o toque, por mais que superficial... dos dedos esguios da pessoa ao meu lado.
- As vezes parece que estamos falando de pessoas diferentes... - ela ri e com isso seus olhos se cerram e o óculos parece soltar levemente do entorno de seu rosto. Não sei ... mas tenho a sensação que nada no mundo pode se comparar a beleza desse momento, é uma coisa um tanto quando brega e superficial como uma frase de parachoque de caminhão, mas não tem como ter algo que defina mais meus sentimentos agora do que isto.
    
Suspiro fundo e tento desfazer o sorriso bobo em meus lábios.
- O que quer dizer com isso? - ela dá de ombros a medida que desacelera os passos quando chegamos na barraca, que tem apenas três pessoas na nossa frente.
- As vezes você não vê a própria força que tem, isso é engraçado sabe... - ela me olha com um leve sorriso e não posso deixar de fazer o mesmo.
    
Nesse momento um brisa beija seu rosto, fazendo alguns fios desavisados de seu cabelo tremeluzirem como se estivessem dançando...
- Tem razão. Tenho que pensar mais positivamente- falo ao desviar o olhar, em uma tentativa quase que desesperadora de voltar ao controle do meu peito.
    
Antes que o previsto já fizemos o pedido, de dois copos médios de suco natural de laranja. E logo já caminhávamos em direção a rua da Shimizu, a minha não fica tão distante por isso não é um desvio levá-la.
    
A noite que se aproxima, traz uma sensação de leveza, e tudo parece estar perfeitamente alinhado nesse momento, seja o mundo ao meu redor, ou minhas emoções, que parecem cantar em alegria sempre que estou com ela.
    
Confesso que nem mesmo eu seria capaz de saber, como uma paixão platônica tão infantil se tornaria esse amor que me inunda, um amor acima de tudo paciente... que a espera com todo o carinho do mundo, sem ondular para outros caminhos nem um mísero segundo sequer. Sou fiel ao que sinto a ela, e se não fosse, não seria capaz de olhar para meus olhos novamente em um reflexo qualquer.
     
As casas pelo qual passamos se torna cada vez mais familiares, até que paramos em frente ao destino. Seus pés param de se mexer como os meus.
- Obrigado por me trazer até em casa - sorrio.
- Que isso... sabe que não é nenhum sacrifício - ela sorri e me encara por um tempo.
     
O pouco mais de meio metro de distância se desfaz quando sou tomado em seus braços, o inebriante perfume doce me faz sorrir sem perceber.
- Não se preocupe com amanhã... vai dar tudo certo- também a abraço por um tempo. E rezo para que esses segundos se repitam todos os dias da minha vida.
- Pode deixar que vou pensar positivo- ela ri quando me solta.
- Me avisa quando chegar em casa.
- Claro.
    
Fico parado a vendo se afastar e após um último aceno por fim entrar em casa, me deixando lá parado, ainda entorpecido por seu toque que me aqueceu até o mais fundo de minha alma...