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Tobio Kageyama...

Nunca vou deixar de me surpreender pela energia que o Hinata tem. Mesmo que hoje eu não pude vê-lo treinar na escola pois tinha algumas coisas para fazer a tarde, eu sei que ele deve ter ficado em movimento o tempo todo, e mesmo assim ele ainda tem toda esse vontade de correr de um lado para o outro enquanto está treinando comigo.
    
Ele é o tipo de pessoa admirável, que se dedica inteiramente aquilo que o faz feliz, a suas paixões... e faz o possível para sempre estar se superando. Vejo ele sacar a bola em direção ao lado da quadra que estou, estico meu braço para esquerda e pego a mesma no ar, sentindo meus dedos queimarem pela velocidade em que a bola estava, olho para frente e vejo que ele está com os olhos fixos em mim, seus lábios estão entreabertos e visivelmente dá para notar sua respiração pesada.
- Vamos dar um tempo - ele assente e anda até o lado que está minha mochila e sua garrafa de água. Acompanho sua ação e me sento no chão, ao lado do alaranjado.
- Quer água? - nego. Pouso a bola ao meu lado e abro minha mochila pegando uma toalha que eu trouxe, estico a mesma na direção do Hinata.
- Toma... você está muito suado- seus olhos pousam na toalha antes de irem para meus olhos, um sorriso leve nasce em seus lábios quando ele pega a mesma e passa em seu rosto em seguida, depois a devolve para mim e a coloco na bolsa.
    
Assim que deixamos de dizer essas pequenas frases, somos mergulhados no silêncio, não consigo ouvir nada além do som da nossa própria respiração tão próxima uma da outra.
- Kageyama- me viro o olhando- Você vai ir ver o jogo... certo? - dou de ombros e desvio o olhar.
- Claro que eu vou, quero ver como você vai se sair- falo baixo e escuto sua doce risada no segundo seguinte, meus lábios se curvam para cima quando o olho, e sua expressão contente me atinge como uma flecha, perfurando meu coração sem piedade.
- Fico feliz... gosto de saber que você vai estar entre as pessoas que estarão assistindo.
    
Franzo a testa.
- E faz diferença? - ele sorri.
- Claro que faz, se eu ganhar você vai se dar uma chance não é mesmo? Quero que você veja quando isso acontecer.
- Não vejo o porque você fica tão animado com isso, não é como se fosse mudar algo na sua vida.
- Tem razão, mas vai mudar algo na sua. Quero que você esteja feliz, e sei que isso não vai acontecer se você ficar longe do que você ama. Você sabe onde é o seu lugar...
    
Ele diz cada palavra com um sorriso nos lábios, seus olhos brilhantes curvados levemente, fazendo meu interno se revirar como se um terremoto estivesse passando dentro de mim com força total. Desvio o olhar quando sinto meu rosto esquentar.
     
Quando eu vim para cá eu já havia perdido totalmente as esperanças, eu só queria terminar a escola logo, fazer uma faculdade qualquer e arrumar um trabalho. Larguei todas as ambições que um dia tive, e tentava me conformar cada vez mais com um estilo de vida miserável... Eu já não me importo mais, então por que ...
- Você se importa tanto com isso... por quê?
    
Ele me encara e o sorriso em seus lábios se desfaz, seus ombros descem em uma respiração leve, quando seus olhos ganham o movimento da sombra de seus fios de cabelo, voando com a brisa de um beijo gélido da noite.
- Porque eu gosto de você - cada palavra sai nitidamente apesar da voz terna que sai de sua boca, cada sílaba é  proferida sem que seus olhos desviem do meu olhar por um segundo que seja. E quando por fim seus lábios se fecham, meu corpo paralisa, minha mente tenta absorver suas palavras, entender o significado delas, uma frase simples de ser compreendida mas que desperta muitas coisas em mim, assim como meu coração que parece gritar. Pisco repetidas vezes quando sinto o calor de seus dedos no lado de meu rosto.
- Hinata, eu... - ele sorri.
- Não precisa ficar assim, eu não estou pedindo que me responda... Eu só acho que você tem direito de saber o que se passa na minha cabeça quando é você que está nela... - seus olhos brilham a cada palavra, e me vejo perdido neles, incapaz de encontrar um caminho de volta para a realidade.
     
Eu não sei quanto tempo eu fico o olhando, sem dizer absolutamente nada, apenas encarando seus olhos, vez ou outro passando por suas feições e traços, descendo até seus belos lábios avermelhados. Engulo em seco.
- Hinata... - levanto minha mão e coloco na sua nuca, passando meus dedos lentamente pelos fios de seu cabelo, um formigamento percorre meu corpo. Suspiro.
    
Eu nunca sei o que dizer em uma hora dessas, nunca me vi nesse tipo de situação, tão perdido e sem saber o que fazer. Eu só sei que nesse momento eu o quero perto... minha mente é preenchida pelo incidente de seus lábios nos meus rapidamente naquela manhã, ou do meio beijo de despedida que ganhei... Eu quero sentir isso de novo.
     
Passo minha mão até seu pescoço, meus dedos subindo até seu queixo, passo o polegar no mesmo com delicadeza, subindo meu dedo até que passe em seu lábio inferior, meu olhar para no seu, tentando encontrar uma resposta para minha ação, não vejo medo, receio ou repulsa, no lugar disso o brilho tão característico arde intensamente. Me aproximo dele enquanto meu dedos descansam no lado de seu rosto, com a outra mão eu tiro sua própria mão que ainda estava em minha pele... a cada milímetro percorrido sinto sua respiração quente, fecho os olhos lentamente e no momento que meu nariz toca o seu, um sorriso leve estampa meu rosto, até que por fim acabo com a distância entre nós, selando nossos lábios.
     
Mesmo que eu não saiba as palavras certas para dizer, mesmo que eu não saiba explicar o que se passa em meu coração ou até mesmo o que sinto... espero que ele entenda o que minha ação tem a dizer.
    
Seus lábios são macios e quentes, parecem queimar sobre os meus. É um toque inocente, onde apenas nossos lábios ficam juntos por alguns segundos antes que se afastem. Não abro os olhos, mas mantenho meu nariz no seu, não acabando com o toque.
- Preciso de mais tempo... para saber o que fazer - sussurro baixo para que apenas ele possa ouvir, ocultando minhas palavras do mundo ao meu redor.
- Eu não vou sair daqui Kageyama- abro um olhos e sou recebido pela intensa tempestade castanha que banha seus olhos. Abro um sorriso.
- Ok... - ele não diz nada, apenas me envolve em seus braços em um abraço caloroso. Fecho os olhos sentindo meu corpo queimar, me sentindo em paz e a mil pés do chão, como se eu estivesse flutuando...

Do outro lado da rede *Kagehina*Onde histórias criam vida. Descubra agora