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Shoyo Hinata...

Hoje não estou tendo tempo para respirar direito, a bola acaba de atravessar a rede e já é mandada de volta em uma velocidade de tirar o fôlego, meu corpo está pingando de suor, mas... vejo a bola vindo, olho para o lado rapidamente, mesmo se o Nishinoya correr  ele não vai chegar a tempo, rapidamente corro até ela e recebo a bola com o antebraço, ela vai para cima em uma curva perfeita para um toque do Daichi que rapidamente joga para o Asahi, sem que a bola pare um segundo que seja no ar, ela corta até o outro lado em uma dança de movimentos única... mas, nenhum de nós fraqueja em nenhum momento, e meu corpo parece corresponder a vontade da minha mente, sem se importar de pisar entre o limite dos próprios ossos.
    
Um grito de comemoração sai de todos com esse ponto, abro um largo sorriso no momento que meu olhar se cruza com o do Asahi.
- Boa recepção Hinata.
- Valeu Capitão - o Daichi sorri e olha para o Sugawara na outra ponta que está olhando para ele desde antes, com um sorriso doce nos lábios. Lembro do que o Nishinoya havia me dito mais cedo e olho para o mesmo que pisca para mim. 
- Vamos retomar - o Yamaguchi vai para a linha de fundo e se posiciona para um saque, ele joga a bola para o alto e com uma destreza surreal, salta com os braços jogados para trás, e com a mão direita em um giro de 180, ele bate na bola que vem na nossa direção em uma velocidade incrível, rapidamente corro para frente e salto sabendo que o Daichi e o Tanaka fariam o bloqueio comigo, a bola bate nos dedos do Tanaka e um rebote faz um contra ataque desajeitado.
    
Assim que meus pés pousam no chão, corro para trás pronto para receber caso seja necessário. Respiro fundo tentando retomar ao ritmo normal do meu coração, e nessa fração breve de tempo, um ataque vem, o Nishinoya com um reflexo felino se curva e manda a bola perfeitamente para o Sugawara, antes da bola chegar em seus dedos seus olhos se encontram com os meus e não preciso de palavras para entender, corro até a rede e salto, sabendo que assim que eu jogasse minha mão para frente, olho para bola em minhas mãos e sinto a ardência percorrer meu braço... ela estaria aqui.
    
Tudo isso não durou mais que poucos segundos, o ataque rápido surtiu efeito e assim que desço ao chão a bola também faz isso do outro lado. Sorrio e olho para a palma da minha mão extremamente vermelha.
- Mandou bem Hinata- a voz calma soa de trás de mim, apesar de não ser exatamente alta, cobre todas as outras e assim que me viro sou recebido por um meio sorriso, e o leve curvar de seus olhos azuis. O Kageyama está encostado na parede junto com o Keishin e o Takeda, que estão anotando algo nas planilhas.
- Kageyama- faço menção de correr até ele mas ele faz um sinal para eu parar.
- Não se desconcentre- abro um leve sorriso.
- Pode deixar- corro até minha posição e não posso evitar de dar mais uma olhada para o moreno, que assim como o esperado ainda mantinha seus olhos em mim...

Tobio Kageyama...

Não sei o que me levou a vir vê-lo hoje, só sei que quando dei por mim já estava observando a partida sorrateiramente na entrada, se não fosse pelo treinador Keishin ter me arrastado para dentro, eu teria permanecido lá sem ser notado até o fim do treino.
    
Eu sinceramente não senti as horas passarem, pois desde o momento que coloquei meus pés aqui dentro, meus olhos sempre estavam no Hinata, e observar ele jogar é como ver a obra de arte mais bela ou o concerto mais esplêndido, você nunca sabe a hora que pode respirar ou o momento que prendeu a respiração. No decorrer da partida, esse sentimento se ampliou até mesmo aos outros jogadores, todos são dotados de uma chama ardente, e cada um tem sua peculiaridade, aquele traço que transforma algo simples em uma unidade rara.
    
Mexo um pouco meu corpo, pois a estrutura da entrada faz minhas costas doerem. Cada um dos jogadores que passam por mim me cumprimentam cordialmente antes de sair, os que não me lembro de ter visto apenas aceno e outros arrisco um sorriso leve. Quando olho para trás dou de cara com o Hinata que sorri.
- Vamos?

    
Estamos andando lado a lado pela rua coberta pela luz do fim da tarde, olho para o Hinata ao meu lado que está com traços de um sorriso em seu rosto, apesar de não estar sorrindo realmente.
- Kageyama?
- Hm?
- Por que não me disse que viria ver o treino? - dou de ombros.
- Foi uma decisão de última hora, não é como se eu tivesse programado isso.
- Ah entendo- ele olha para mim com os olhos brilhando- O que vamos treinar hoje? - franzo a testa.
- Nada.
- Mas, eu não posso ficar sem treinar...
- Por que o jogo foi adiantado? - ele me encara com uma expressão confusa- O Keishin me contou - explico antes que ele pergunte algo.
- Mas, por que não vamos treinar hoje?
- Você foi muito bem hoje, merece descanso. Além disso, ser bom não significa treinar o dia todo, você precisa dar um tempo para seu corpo descansar também.
    
Ele fica em silêncio enquanto atravessamos a rua.
- Isso quer dizer que hoje não vamos nos ver mais? - paro meus passos com a sua frase e um sorriso aparece no meu rosto no momento que bagunço seus cabelos com a mão.
- Que tipo de expressão triste é essa? - passo meus dedos pelo seu rosto e vejo o mesmo ficar vermelho, o que faz meu coração palpitar, paro meus dedos em seu queixo- Eu... - engulo em seco ao olhar para seus lábios tão atraentes- Estou com fome. Por que não comermos alguma coisa na rua mesmo?
    
Ele abre um largo sorriso e assente.
- Hambúrguer? - assinto.
- Por mim tudo bem.
- Conheço um bom lugar.
    
No segundo seguinte eu já estava sendo arrastado pelas ruas, até chegar em um conjunto de tendas das pessoas que vendem alguma coisa na rua. E lá no fundo havia uma de hambúrguer, acabamos parando lá. O alaranjado me faz sentar e diz para eu esperar que ele pediria o melhor de todos daquele lugar para mim, confio em seu gosto estão não faço nenhum tipo de objeção.
    
Não muito tempo depois ele se senta na mesa, trazendo consigo dois lanches de tamanho médio e dois sucos de garrafa, após arrumar tudo na mesa ele abre um sorriso.
- Podemos comer agora - pego meu lanche e dou uma mordida, noto que não tem o gosto artificial que geralmente sinto nesse tipo de alimento, até mesmo o pão é mais leve.
- É caseiro - olho para ele que parecia ter lido meus pensamentos.
- É muito bom - falo e ele assente antes de dar uma boa mordida, sujando um pouco o canto dos seus lábios. Rio - Você se sujou, pode comer mais devagar, garanto que o lanche não vai sair andando - ele ri com meu comentário e ao invés de pegar um guardanapo, casualmente passa a língua pelos seus lábios, limpando os mesmos. Engulo em seco e desvio o olhar.
     
Sério que eu achei isso uma coisa quente?
- Kageyama?
    
Abro um sorriso para disfarçar e abro o suco tomando quase tudo em um único gole.

Do outro lado da rede *Kagehina*Onde histórias criam vida. Descubra agora